quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O processo adotivo no Brasil (Reprodução)

A adoção é praticada desde os tempos mais remotos, há vários milênios atrás, e foi, possivelmente, o método mais antigo de garantir a continuidade da família e dar uma nova chance para aqueles que, por um fado do destino, tornaram-se órfãos.


Contudo, naquela época, não havia qualquer preocupação com os laços afetivos e as futuras relações entre adotante e adotado. Algo que, com o passar do tempo, sofreu intensa mudança, até os dias atuais, onde os processos de adoção se tornaram cada vez mais burocráticos.
 

Neste contexto, adotar remete ao ato de aceitar, acolher, assumir e tomar por filho, mediante decisão legal, uma criança que não foi gerada biologicamente. E durante vários anos, essa têm sido uma possibilidade para diferentes casais incapazes de conceber uma criança. Ainda assim, esse tema continua gerando preconceitos e desconhecimento em relação ao sistema...


Estima-se que, no Brasil, cerca de 5,6 mil crianças e adolescentes estão à espera de um novo lar. Por outro lado, cerca de 33 mil famílias estão cadastradas na fila de adoção. Ou seja, para cada criança apta para se adotar, existe cerca de 6 adotantes que poderiam ser seus pais. Sendo assim, por que o elevado número de crianças e adolescentes nos abrigos não para de crescer?


O ESTIGMA DOS CANDIDATOS A PAIS

O fato é que a grande maioria das famílias deseja adotar somente mediante algumas características seletas: 
  • A idade seria o fator principal, geralmente procura-se crianças com no máximo três anos de idade. 
  • A etnia também é algo influenciável, dado que, a cor de pele clara é a mais desejada entre as famílias.
POR QUE A IDADE É DETERMINANTE?

A seleta escolha pela idade envolve uma série de fatores. Grande parte das crianças acima dos seis anos que chegam aos abrigos tiveram um histórico marcado por maus tratos, abusos, violência, entre outros, e isso gera uma série de consequências físicas e emocionais, a curto e longo prazo. Sendo assim, tais crianças precisarão de acompanhamento psicológico, e podem apresentar lesões físicas e comportamento violento ou depressivo, além de outros problemas.

Com uma idade já elevada, as lembranças ainda estarão nítidas, o que faz com que muitos pais rejeitem crianças consideradas “problemáticas”. 

A preferência pelos menores também se explica, em parte, pelo desejo de ter uma experiência completa com o filho: observar os primeiros passos, ensinar as primeiras palavras, trocar fraldas, ou seja, ter a oportunidade de passar por todas as experiências de pais biológicos.

POR QUE A ETNIA É DETERMINANTE?

Isso ocorre porque os adotantes, que na maioria pertencem à elite, buscam as crianças que sejam o mais semelhante a eles possível. De fato, esse fator não deveria ser decisivo, pois não é válido julgar uma criança pela cor de sua pele, pois, com o passar do tempo, os laços afetivos tornariam pais e filhos inteiramente próximos, sem importar a feição, mas sim o amor.

Infelizmente, enquanto muitos pais aguardam anos para adotar uma criança com determinadas características, existem milhares de meninas e meninos esperando por um lar e necessitando de amor

As razões para se adotar devem focar no desejo de transformar uma criança – que não possui qualquer filiação genética - em filha. Outro ponto essencial é a existência da solidariedade, visto que, a adoção remete ao abandono e em diversos momentos da vida podem surgir questões importunas, inseguranças e angústias em relação á sua origem.

Uma possível solução para extinguir critérios exigidos pelos adotantes seria campanhas de conscientização, ensinando que julgar uma criança pelas suas características físicas ou idade, é absolutamente errôneo e uma postura inadequada. Além disso, o governo deveria investir no tratamento de crianças emocionalmente abaladas. No entanto, deverá haver, acima de tudo, a percepção pessoal para evitar esse tipo de comportamento, que pode prejudicar tanto os pais quanto às crianças, já que ambos esperam durante anos por um pouco de amor.


A BUROCRACIA 

A Burocracia também é outra inimiga deste processo. A criança entra no sistema apta para adoção e, devido à exagerada demora em todas as etapas, atinge uma idade mais elevada, na qual os estigmas impostos pelas famílias impedem a continuidade da ação judicial.
Adoção (Foto: Arte/G1)

Um dos maiores problemas se encontram no processo de destituição, em que a criança só pode ser adotada se o vínculo com os pais biológicos for desfeito. Com isso, enfrenta-se uma série de obstáculos, entre elas, a árdua busca deste familiar.


Nesse cenário, encontramo-nos em dois lados: é essencial que haja uma análise precisa dos casos, levando certo quantidade de tempo para tal tarefa. Isso se dá, principalmente, ao histórico familiar dessas crianças, que devem ser preservadas de situações minimamente parecidas com as anteriores. Além do preparo emocional que devem ser submetidos os futuros pais, chamado de "gestação psíquica".
Porém, essa demora é incrivelmente exagerada e ultrapassa o bom senso, comprovados nos dados acima.

Abaixo, encontramos todos as etapas encontradas pelos interessados pela adoção.


Em síntese, deve-se admitir que a adoção vai muito além da caridade e afeto, e deve ser considerada, primeiramente, um ato racional. Devemos nos conscientizar que não é ter o mesmo sangue nem os mesmos genes que vão garantir amor e felicidade na relação. Todo amor é conquistado e todos os pais, tanto adotivo quanto biológicos, devem adotar seus filhos.


Reproduzido por: Lucas H.

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