segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Recém-nascido é abandonado em frente a casa no bairro Paraviana

Recém-nascido é abandonado em frente a casa no bairro Paraviana
15/02/2012 02h56

YANA LIMA

Uma criança, aparentemente recém-nascida, foi abandonada por volta das 7h30 de ontem em frente a uma residência no bairro Paraviana. O bebê, do sexo masculino, foi encontrado ainda com o cordão umbilical por uma moradora do bairro que passava pelo local. O menino foi encaminhado para atendimento médico no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré (HMINSN).

A promotoria da Infância e Juventude do Ministério Público de Roraima (MPRR) acompanha o caso e informou que a prioridade será encontrar a mãe ou familiares da criança, e caso não haja êxito, o bebê será encaminhado para adoção.

A criança foi encontrada pela empregada doméstica V.A.L., 36, que preferiu manter sua identidade em sigilo. Enrolada em um lençol e ainda coberta de sangue, a criança mal se mexia. A doméstica contou que estava pedalando de casa para o trabalho, no bairro Caçari, quando percebeu um volume estranho em frente a uma casa.

Mesmo estranhando, a trabalhadora continuou seu percurso. Logo à frente viu o braço e o rosto da criança e voltou para socorrê-la. “Neste momento um vizinho da frente da casa em que o bebê estava abriu o portão e eu pedi apoio a ele”, explicou. O morador acolheu a criança em sua casa e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para socorrê-la.

Segundo a equipe que prestou os primeiros socorros, o menino estava cheio de formigas, devido ao sangue que ainda cobria o corpo dele. A criança também apresentava uma vermelhidão, provavelmente devido ao sol da manhã ao qual ficou exposta.

Sobre a reação ao ver a criança naquela situação, a mulher contou que ficou emocionada e que se tivesse a oportunidade, gostaria de ficar com o bebê. “Quem sabe isso não foi um sinal de Deus, não é?! Mas sei que tem uma fila de adoção que deve ser respeitada, mas tanto eu quanto os donos da casa que ajudaram, todo mundo queria o bebê”, disse, ao informar que a criança foi batizada informalmente pelo nome de Gabriel. Ela acrescentou que está acompanhando o bebê e já esteve na maternidade para visitá-lo. “Ele estava bem”, concluiu.

A direção do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) informou, por meio de nota, que a criança passou por exames, incluindo laboratoriais detalhados. “O bebê respira sem ajuda de aparelhos e está clinicamente bem. No momento, ele é acompanhado por uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, técnico, fonoaudiólogo e fisioterapeuta” concluiu a nota.


MP-RR vai investigar paradeiro da mãe

Conforme informações do Ministério Público de Roraima (MP-RR), após alta hospitalar do bebê, o caso será notificado ao Juizado da Infância e Juventude para busca da mãe, para que ela, caso localizada, seja submetida a estudo de caso para avaliar as razões do abandono e seu estado psicológico. Posteriormente, a criança será encaminhada à Instituição de Acolhimento, onde receberá os cuidados necessários à sua integridade física e psicológica. A determinação é pela total preservação da sua identidade.

O titular da promotoria da Infância e Juventude, Márcio Rosa, informou que haverá a tentativa de localizar a mãe da criança, a qual, uma vez encontrada, deverá passar por avaliação psicológica para identificar se o ato de abandono cometido por ela decorre de quadro depressivo do período pós-parto, popularmente conhecido como depressão pós-parto.

Se a hipótese for comprovada clinicamente, a mãe receberá tratamento médico especializado, podendo até, caso uma equipe multiprofissional conclua favoravelmente, receber a criança de volta. Caso isso não seja possível, serão procurados os familiares, a família extensa da criança (avós, tios e outros) que também poderão recebê-la criança. Somente em último caso é que a criança será colocada para adoção e as pessoas já inscritas no Cadastro Nacional de Adoção serão contatadas.


Roraima tem sete crianças na lista de espera para adoção

Atualmente há sete crianças aptas à adoção em Roraima. Segundo o Juizado da Infância e Juventude, a procura no Estado é intensa, no entanto muitos buscam apenas filhos com características específicas. Portadores de deficiência ou crianças acima dos dois anos geralmente são preteridas pelos candidatos a pais adotivos.

O Estado dispõe de quatro entidades de Acolhimento Institucional, antigos Abrigos Infantis, com crianças e adolescentes para adoção. A procura maior é por menores de 0 a 2 anos de idade, do sexo feminino. Mas, no momento, estão aptas três crianças com deficiência, sendo dois meninos e uma menina, e quatro adolescentes.

O primeiro passo para dar início ao processo de adoção é procurar o Cartório da Vara da Infância e da Juventude para a realização dos procedimentos de habilitação para adoção, processo que pode demorar meses ou até anos. O processo inclui visitas, cursos e demais atividades para verificar se a família ou pessoa está pronta a receber mais um membro.

Conforme o artigo 50 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os interessados em adotar um filho devem passar por um curso de preparação. Diante disto, o setor interprofissional do Juizado realiza junto às famílias o Curso Preparatório aos Postulantes à Habilitação para Adoção.

Quem estiver interessado em adotar uma criança pode consultar mais informações no site do Tribunal de Justiça, onde estão especificados os documentos necessários e outros dados: www.tj.rr.gov.br/site/index.php/cartorios/juizado-civel/adocao.

Nenhum comentário: