segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Adotar é sinônimo de amar (Reprodução)

11 de fevereiro de 2017

O amor é a base da adoção. A essência deste ato de acolhimento é estar disponível para oferecer cuidados, proteção e afeto a uma criança ou adolescente, que não terão uma carga biológica, mas que certamente assumirão uma carga emocional. Assim, esses indivíduos vão fazer a leitura do mundo baseada na realidade apresentada pelos pais adotivos. A adoção é uma realidade vivida por muitos brasileiros, como o Uanderson Barreto de Souza.

O funcionário público, Uanderson Barreto, tem um grande exemplo na família, daquilo que ele considera como “amor que vem do coração”. A avó dele teve nove filhos e acolheu mais um. Isso, segundo ele, despertou a vontade de adotar, passando a ir até os lares de acolhimentos na cidade. Depois de muitas visitas, veio o primeiro passo.

Homem independente, bem resolvido, trabalhador, e há quatro anos, pai solteiro. Uanderson desempenha as duas funções e diz que descobriu o amor verdadeiro e a felicidade infinita. Quando adotou o primeiro filho, segundo ele, a vontade de fazer o bem, dar carinho e afeto aumentou.
Hoje, ele é pai de quatro adolescentes. Dois deles tem necessidades especiais e isso não o impediu de seguir em frente. No processo de adoção, o funcionário público tinha pensado que se conhecesse alguma criança que tivesse irmãos, dentro de um abrigo, ele não os separaria.

E foi o que aconteceu com os seus três primeiros filhos, que são irmãos biológicos e, o menor, que é irmão de coração. “Eu me sinto um grande incentivador, no meu núcleo de trabalho tenho vários casos de colegas que adotaram e fico muito feliz por isso. Se eu pudesse teria dez filhos, mas preciso ser racional”, comenta.

Para o funcionário público, o processo de adoção foi tranquilo e bem rápido, pois em seu caso, foram acolhidas crianças que no Brasil são consideradas fora do padrão de adoção, que são aquelas com idade acima de seis meses e negras. “Juiz, equipe técnica foram super atenciosos, maravilhosos.

Em Campos a meu ver, o corpo que envolve a adoção aqui na cidade é pioneiro, eles são incríveis, competentes e profissionais. Até hoje quando vou aos acolhimentos fazer visita, doar algo, sou muito bem atendido”. Genitores X Pais Atualmente, a cidade de Campos dos Goytacazes tem oito locais de acolhimento: Lara, Aconchego, Despertar, Ampav, Casa do Pequeno Jornaleiro, Cativar, Conviver, e Portal da Infância.

Para a psicóloga de um dos abrigos, Terly Pereira Ribeiro, toda criança tem genitores, mas nem todas têm pai e mãe. “Genitores são doadores de genes. Pais são doadores de amor e de cuidados. São doadores de seu tempo e espaço. Na verdade, todo pai e toda mãe deveriam adotar seus filhos, adotar no amor, na responsabilidade de cuidar e proteger. Diante dessa ótica é perceptível que a adoção seja algo bastante natural”.

A psicóloga ainda explica, que segundo o autor e escritor de vários livros sobre o tema adoção, Dr. Sávio Bittencourt, a adoção já estava nos planos de Deus, pois São José foi o pai adotivo de Jesus. “O perfil de criança mais desejado ainda é de menina branca, saudável e de até três anos de idade.

Entretanto, o adotante ao participar de encontros promovidos pela Vara da Infância e Juventude e por grupos de apoio à adoção e visitas às instituições de acolhimentos, tem a possibilidade de refletir e desmistificar algumas questões que envolvem a adoção tardia (a partir dos 5 anos de idade) e de crianças especiais. A convivência da criança com a família adotiva faz com que o menor passe a adotar posturas de alguns de seus membros: forma de se locomover, descansar, dormir ou relaxar. Essa identificação pela criança desenvolve o sentimento depertencer ao mesmo grupo familiar, exatamente igual aos filhos biológicos”, diz.

Preconceito Quem adota uma criança também passa por situações que podem levar ao constrangimento. Segundo Uanderson, o preconceito ainda é grande. “O preconceito vem e encontra com minha felicidade e ele não prevalece, passamos por isso toda hora, mas não nos atinge porque dentro da nossa casa só temos amor para dar. Converso sempre com meus filhos e eles sabem que isso existe, menos aqui dentro. Eles tiram de letra, mas existem pessoas que perdem a noção, que falam coisas desnecessárias”, diz Uanderson.

Fortalecimento de vínculos “Para mim depende mais de quem está adotando, do pai ou mãe do que da criança. Exigir vínculo de uma criança que sofreu maus tratos na infância é cruel. Precisei ensinar a eles. Quem adota deve entender a dificuldade de cada uma dessas crianças, e assim aprender a lidar com o afeto humano. Lá em casa fortalecemos este vínculo com nosso cachorro, uma psicóloga nos deu essa ideia.

No começo, eram resistentes, mas adoravam brincar com o animal, hoje conseguimos vencer essa barreira”. Hoje, o funcionário público não consegue imaginar a sua vida sem as crianças. Fala com brilho nos olhos e maior orgulho dos filhos. “O filho biológico perpetua sua existência física, o adotivo perpetua a sua alma. Quando meus filhos levantam do banco para dar lugar a um idoso eu sei que minha alma está perpetuada ali. Eu cuido, dou amor. É muito forte. Eu nunca mais vou estar sozinho, tem uma força do bem comigo, sou privilegiado de ser pai adotivo”.

“Um lar para mim”
Em Campos existe um programa municipal chamado “Um lar para mim”, que incentiva os servidores públicos municipais a adotarem. O processo ocorre através de benefícios de acordo com a faixa etária da criança ou até mesmo pelas necessidades especiais para adotar crianças e adolescentes que estejam em instituições de acolhimento. “A partir do desejo de adoção há todo um incentivo dado a esse servidor para que, de fato, faça a adoção e ganhe um incentivo financeiro do município para que este ato se dê de forma exitosa.

Temos um programa que está sendo ampliado de estímulo a essa adoção para que outros profissionais da nossa rede pública municipal possa se interessar e adotar, porém, ainda é uma lei que precisa de maior visibilidade pelos nossos servidores. Temos que reforçar esse benefício financeiro trazido pela lei. É um incentivo, mas não deve ser o principal instrumento para decisão da adoção. O dinheiro de certa forma ajuda a dar um grande apoio para que a família se estruture para receber a criança”, diz a presidente da Fundação Municipal da Infância e da Juventude, Suellen André de Souza.

Original disponível em: http://jmonline.com.br/novo/?noticias%2C6%2CPOL%C3+TICA%2C135563

Reproduzido por: Lucas H.

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