É muito importante para as mulheres que pretendem adotar crianças, oferecer a possibilidade de que elas possam amamentar. Acho que tem benefício pro bebê, de ele poder lidar melhor com a rejeição da mãe e encontrar, através do contato físico com a mãe adotiva um canal de expressão, de afetividade e de qualidade entre essa mulher e esse bebê. Também acho que como não aconteceu a gravidez, não aconteceu o parto, a situação de aleitamento pode ser uma nova possibilidade de estabelecimento desse vínculo.
Acho bastante interessante que a gente possa ajudar a mulheres que adotam crianças pequenas a estabelecer esse vínculo, através da amamentação. Já atendi mulheres que foram bastante disponíveis, e foi maravilhoso. Quando se tem a previsão de quando vai acontecer a adoção, a gente pode trabalhar com preparo de mama, usando calor , massagens na mama, e uma medicação que ajude a induzir produção. Também pode ser utilizado um sistema de alimentação, com uso de reservatório de leite e sonda que, conectada ao peito e ao mamilo, o bebê possa chupar o peito da mãe adotiva e receber leite a través da sonda. Esse estímulo do bebê sugando, pode ser suficiente para haver produção de leite. Chamamos isto de Lactogenese.
No começo, propus uma equipe, pois acredito que esse trabalho não deva ser feito por uma pessoa só. Acredito nesse suporte de mais profissionais. Uma psicóloga para dar um suporte emocional, porque estamos falando de uma mulher que não teve o preparo que a gravidez traz, o preparo que o parto traz, para a maternidade. Que tenha um acompanhamento da enfermagem, pela questão de técnica de usar esse sistema de alimentação complementar de translactação, uma “fono” que poderia ajudar no posicionamento e na pega, e o pediatra para ajudar nesse processo todo, avaliando o crescimento e desenvolvimento desse bebê e outros profissionais da área da saúde, como doulas, grupos de mães que ajudam mães em amamentação para dar companhia com as suas experiências.
Não temos como proposta que a criança fique no aleitamento materno exclusivo, estamos propondo uma estratégia de formação de vínculo de mãe-filho, se o aleitamento acontecer, é um plus maravilhoso, mas não é o objetivo. O objetivo é que esse contato físico entre mãe e bebê aconteça. Então, vamos estimular também o uso do sling, para o bebê ficar próximo da mãe, amamentação sem roupa entre mãe-bebê, massagem de bebê, Já tive experiências muito positivas com mulheres que conseguiram uma produção de leite suficiente para aleitamento exclusivo e prazeroso. Tudo é possível, que seja um aleitamento parcial, complementando, pois na verdade a questão é formação de vínculo.
Existem instituições, ONG’s, que são de pais que adotaram crianças que ajudam pais na situação de espera para adoção, e quando a adoção acontece, formar/deixar nascer/ criar vínculo. São pessoas que vivenciaram essa historia, que ajudam outras pessoas, através de orientações e apóio, como é o caso do Projeto Acolher.
Postado por Carlos Eduardo Corrêa, às 23:57
Marcadores: Adoção, Amamentação, Translactação
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