09/07/2012
Influência da genética em discussão
Evento 'Adoção em Debate', do Instituto Filhos, vai discutir aspectos relacionados com o tratamento dado a crianças adotivas
Camila Ruzzarin
Especial para a Folha de Caxias
camila.ruzzarin@folhadecaxias.com.br
Gerar um filho significa, além de uma perpetuação biológica, deixar uma herança genética no novo ser. Mas quando se trata de adoção, a hereditariedade nem sempre é a que se sobrepõe. As marcas da criação e o ambiente em que se vive são determinantes para o desenvolvimento comportamental da criança.
Não só algumas famílias adotivas, mas a sociedade como um todo tenta, em muitas ocasiões, justificar alguns problemas de conduta, distúrbios e doenças do filho adotivo à herança biológica, esquecendo-se da existência de outros fatores que podem influenciar essas condições e também da sua própria responsabilidade.
Para preparar pais adotivos, pretendentes à adoção e pessoas interessadas no assunto a entenderem essas diferenças, o Grupo de Falas, do Instituto Filhos, realiza o primeiro encontro "Adoção em Debate". As reuniões mensais, que iniciam nesta segunda-feira, abordarão diferentes temas em cada seminário, que busca esclarecer todos os tipos de dúvidas sobre a adoção.
“Vamos levar assuntos que observamos que as pessoas têm curiosidade e que nós não conseguimos fazer uma abordagem aprofundada em nossas capacitações”, explica a advogada e presidente da instituição, Marta Polesso Mazzuchini, referindo-se aos encontros que preparam pais para adotar crianças.
Nesta primeira edição, o "Adoção em Debate", que ocorre na própria entidade (Rua Coronel Flores, 391, São Pelegrino), às 19h30, irá abordar o tema "Aspectos orgânicos, psíquicos e sociais na adoção". No centro do encontro estará a oncologista pediátrica Ângela Rech Cagol, que explicará as questões genéticas na vida das pessoas. Já as psicanalistas Maria de Lourdes Matesso Peres, Monica Soldatelli Paviani e Isabel Massena Pimentel Bissi debaterão o assunto, juntamente com os outros presentes.
“Muitas vezes viemos com a nossa genética dos pais biológicos, mas com a convivência com os pais adotivos, ela nem sempre prepondera. Não se pode dizer, por exemplo, que uma mãe drogada vai gerar uma criança dependente, e que isso afetará a criança futuramente. Porém, isso não quer dizer que não é necessário que os pais adotivos tenham atenção”, afirma Marta Polesso.
Para a palestrante e médica Ângela Rech Cagol o ambiente em que a criança vive é fundamental para o desenvolvimento comportamental dela, independentemente da herança biológica.
“Os cânceres na infância, por exemplo, não tem nada a ver com a biologia da família. Nenhum câncer infantil tem a ver com a hereditariedade, e sim com os fatores genéticos. É como se fosse uma má formação, um defeito celular que ocorre lá na barriga da mãe, que praticamente independe do estilo de vida dela. Outro exemplo é a mãe que tem AIDS. A criança não vai ter AIDS necessariamente. No primeiro ano de vida, ela pode zerar a carga viral que foi transmitida pela mãe”, detalha Ângela Rech Cagol.
Leia a matéria completa na edição impressa desta segunda-feira.
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