quarta-feira, 4 de julho de 2012

Juiz vai à Câmara de Vereadores fala sobre adoção e pede políticas públicas de enfrentamento ao tráfico de drogas em Toledo


CIDADANIA 02/07/2012 15:24 Juiz vai à Câmara de Vereadores fala sobre adoção e pede políticas públicas de enfrentamento ao tráfico de drogas em Toledo Debater a necessidade do fim do preconceito das famílias interessadas em adotar. Esse é o objetivo colocado pelo Juiz de Direito da Vara da Infância e da Juventude e Anexos da Comarca de Toledo Rodrigo Rodrigues Dias. Ele esteve na última sessão da câmara e falou aos vereadores e comunidade presente. Rodrigues Dias pediu aos legisladores que convoquem com urgência uma audiência pública para a adoção de providências ao combate do tráfico e uso de drogas nos bairros mais afastados. “A ideia é que a gente não fique mais tapando o sol com a peneira. Tem problema, e no momento, o problema está localizado”, o juiz afirma que, ainda há tempo de resolver o problema. O Juiz trouxe números do cadastro nacional de adoção, que foi divulgado mês passado. De acordo com a estatística 28.041 famílias estão inscritas e aptas para adotar, enquanto 5.240 crianças esperam para receber um lar. Porém o impasse encontrado por estas crianças está na dificuldade de se enquadrarem nos critérios dos candidatos a pais. Somente 18% dos cadastrados adotariam crianças com irmãos, 90% tem preferência por crianças brancas e 76% só adotariam crianças de até três anos. Exigências que vem na contramão dos perfis encontrados nos abrigos, onde a maioria das crianças está na faixa etária de 12 a 14 anos, são negras e possuem irmãos. Para o Juiz, o trabalho do poder público é promover o debate e a consciência das pessoas para visualizar o outro lado, e o que estas crianças discriminadas poderiam oferecer. "Quem é essa criança acima de um ano de idade? Quem é esse adolescente? Será que é tão difícil adotar uma criança mais velha? Quais desafios que essas crianças podem oferecer? E como esses casais poderiam resolver esses conflitos?… O que precisa é que as pessoas abram a cabeça para entender o que é adotar uma criança maior. E esse entendimento demanda é tempo", explica, Rodrigues Dias. O jurista também revelou alguns números de Toledo e região. Na comarca existem cinco casas que abrigam em média 52 crianças esperando para serem adotadas e 112 pessoas interessadas em adotar. Para promover o acordo entre esses interessados e o perfil das crianças disponíveis nos abrigos, que fazem o mesmo perfil nacional, Rodrigues Dias criou junto com funcionários da vara e agentes sociais, o Grupo de Apoio a Adoção em Toledo, o GAAT. Todos os meses, esses candidatos se reúnem para debater as possibilidades de adoção. A ação já está no quarto ano de funcionamento e também reúnem pais que já adotaram e podem contar aos candidatos como é a experiência que estão tendo. Para se adotar é necessário passar pelo grupo. A grande maioria das 52 crianças que estão nos abrigos são oriundas de famílias que as trataram com negligencia e por tanto esses pais perderam a guarda dessas crianças. O Juiz contou para os vereadores que este número vem crescendo nos últimos três anos, mas para o jurista esse crescimento é fruto da conscientização maior de vizinhos e pessoas próximas, que denunciam para o poder público essas negligencias. O Juiz veio a convite do vereador Ademar Dorfschmidt que teve a ideia de pedir a conversa a partir de uma palestra que havia acompanhado anteriormente com o titular da vara da infância e juventude na Unipar. Dorfschmidt, quando teve a palavra, além de agradecer a presença do Juiz, propôs a comemoração do dia nacional da adoção em 25 de maio. Ele além de outros vereadores prometeram incentivar grupos de discussão em espaços públicos semelhantes a GAAT. Pedido de audiência Rodrigues Dias aproveitou a ocasião para pedir que a câmara convoque uma audiência pública, para discutir o aumento de casos envolvendo o consumo e o trafico de drogas, em bairros mais afastados do centro de Toledo. O pedido da audiência havia sido feito dois meses atrás e a demora provocou um pedido de desculpas do Legislativo. "A ideia é que a gente não fique mais tapando o sol com a peneira. Tem problema, e no momento, o problema está localizado. Por que não tem nada que eu possa fazer com qualquer adolescente, se ele voltar para o mesmo lugar, para as mesma estruturas, se não mexer com a família e não dar possibilidade de promover essas famílias destes bairros específicos. Porque, por enquanto senhores, eles estão se matando e traficando onde a gente não vê. Mas quando começar a traficar, roubar, matar onde a gente vê, aí vai ser tarde. Isso não é para puxar a orelha de ninguém. Isso é por que eu acho que em Toledo, e uma das coisas que eu quis ficar aqui, é que com seriedade a gente consegue resolver as coisas ainda…. a gente precisa fazer algo macro, ver o que a comunidade demanda", defendeu Rodrigues Dias, sua proposta de debate. Além de marcarem a audiência pública para 9 de agosto, às 20h, os vereadores prometeram criar uma comissão própria para lidar com o assunto. "O Senhor prefeito sabe do problema. Senhores vereadores, os senhores sabem do problema. Então vamos fazer alguma coisa", finalizou o Juiz. Por Maurício Dias

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