domingo, 24 de dezembro de 2017

Diagnóstico precoce e pré-natal reduzem transmissão de HIV para bebês (Reprodução)

21 de dezembro de 2017

“Lu, corre ali que a bebê está chorando de fome sozinha na rede”. Foi assim, num susto, que a chefe de cozinha Luciana Ferreira (nome fictício) recebeu a notícia do abandono da pequena Laura (nome fictício). Na época, com três meses de vida, Laura ainda morava com a mãe biológica, próximo à casa de Luciana. “A mãe era viciada em drogas, tinha HIV e não fez pré-natal. Sumiu e deixou a pequena chorando. Doentinha, magra e cheia de ferimentos na pele. Não tive dúvidas que ali começava a minha mais preciosa missão nessa terra”, diz, entre lágrimas, Luciana.

Um ano depois, com o processo de adoção formalizado, Luciana traz a pequena que foi encaminhada da unidade básica de saúde para o acompanhamento no ambulatório de pediatria do Hospital São José, da rede de saúde do Governo do Ceará. “Ela nasceu com HIV porque a mãe também tinha, recebeu encaminhamento para ser tratada aqui e está bem demais. Recuperou peso, não tem mais as infecções na pele. Está bem cuidada, graças a Deus e à médica daqui”, comemora.

Laura (nome fictício) tem HIV por conta da transmissão vertical, infecção pelo vírus passada da mãe para o filho, que pode ocorrer durante o período da gestação (intrauterino), no parto (trabalho de parto ou no parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno. “Mesmo as mulheres que vivem com HIV podem sim realizar o sonho de ser mãe. Com os cuidados no pré-natal, os bebês de mães soropositivas têm chances enormes de nascerem sem o vírus”, esclarece a pediatra do HSJ, Gláucia Ferreira.                                   

Dentre os cuidados que devem ser tomados pela gestante que vive com HIV estão a total adesão à Terapia Antirretroviral (TARV) e os testes durante a gravidez para detecção do vírus e de outras infecções, como sífilis e hepatite. O diagnóstico precoce (com o uso de testes rápidos) e a atenção adequada no pré-natal reduzem a transmissão vertical e outras complicações relacionadas às infecções sexualmente transmissíveis (IST) como aborto, parto prematuro, doenças congênitas ou morte do recém-nascido. “Iniciar o pré-natal o mais cedo possível é fundamental e todas as gestantes devem fazer os testes para HIV e outras IST, mesmo que não exista suspeita de infecção pelo vírus. Isso é muito importante para a saúde da criança e da mãe”, ressalta a infectologista do HSJ, Mariana Moura Fé.

Juliana Barbosa (nome fictício) tem 30 anos e vive com HIV há seis, tempo que faz tratamento no ambulatório de HIV do Hospital São José. A estudante sempre sonhou em ser mãe. Quando engravidou, tomou todos os cuidados com a própria saúde e com a do bebê que nasceu há oito meses sem o vírus. “Tomei meus remédios certinhos e fiz testes durante a gravidez. Tivemos cautela na hora do parto e meu filhinho toma fórmula láctea porque não posso amamentar. Mesmo sem amamentar, ele fica grudadinho comigo sempre”, fala.

No ambulatório de pediatria do Hospital São José são feitos, em média, 90 atendimentos por mês de crianças e adolescentes. Esses meninos e meninas da capital e do interior recebem medicamentos, fazem exames para tratamento de HIV e outras doenças infectocontagiosas. O acompanhamento humanizado e todas as orientações médicas seguidas de forma correta garantem qualidade de vida para esses pequenos pacientes. Wallace (nome fictício), que mora em Itapipoca, é acompanhado no HSJ desde bebê, quando foi confirmado o vírus HIV por transmissão vertical. “A gente se trata aqui e meu filho tem uma vida normal, estuda, joga bola. Seguimos todas as orientações da médica. Meu filho não é triste porque tem HIV. Seguimos juntos nessa batalha que começou sem nenhum de nós saber, há 15 anos”, diz a mãe, a dona de casa Lucilene Custódio (nome fictício).

Serviço

Ambulatório de Pediatria do Hospital São José
Funciona às quartas-feiras, com hora marcada e encaminhamento.
Agendamento pelo telefone: (85) 3101. 2343


Reproduzido por: Lucas H.

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