segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Anjos de Adoção (Reprodução)

26.08.2017             

Tem voluntários cuja presença, somente, já é um alívio para quem está psicologicamente vulnerável, ou quando o nome disso é um desespero solitário. "Não tenha medo, você não está só". Quem ouve é uma mãe disposta a entregar o filho que ainda vai nascer. Quem fala é um "anjo", que, sem prejulgamentos, e para resguardar a vida da criança que vem, acolhe ambas para o ato de entrega que, apesar de uma escolha, será doloroso.

"É um gesto de amor dessas mulheres, que entendendo a condição vulnerável em que estão preferem que seu bebê esteja em melhores mãos. E quem recebe é a própria Justiça", explica Adriana Meireles, coordenadora do projeto Anjos da Adoção, do Departamento de Agentes de Proteção da Infância e da Juventude da Comarca de Fortaleza. O serviço, um dos pioneiros no Nordeste, existe há três meses e já são pelo menos 11 atendimentos. Os Anjos são profissionais e estudantes das áreas de serviço social, psicologia, enfermagem e medicina, em sua maioria mulheres, ocupadas em resguardar o sigilo das gestantes, bem como a vida dos bebês.

Alexandra Sousa, que não tinha outro tempo além do trabalho como assistente administrativo, a faculdade de serviço social e o cuidar da filha pequena, hoje também dedica horas no acolhimento a outras mulheres. "É como se eu estivesse vendo uma pessoa da minha família. Que precisa de carinho, cuidado, atenção, afeto. Não é porque não tem meu sangue que não posso doar meu tempo. É uma sensação muito boa de poder ajudar outra pessoa".

São 23 anjos trabalhando em equipe de revezamento. Porque acolher a gestante vai muito além de ser ouvidos: acompanhar as consultas de pré-natal, até mesmo no parto, se a mãe preferir, tendo a presença assegurada pela justiça. É um estar disponível com muitas mãos voluntárias. "Há um receio inicial, pelo desconhecimento, de se essas mulheres serão penalizadas, mas a adoção é uma medida legal. Crime seria dar destinação indevida ao bebê, que é nosso objetivo que não ocorra. Nossa missão é proteger a vida sem julgar", diz Adriana. Se a mãe desiste da entrega, o atendimento é suspenso sem problemas.

A busca das mulheres por esse serviço revela que, independentemente da classe social e econômica, o 'não ter com quem contar' atinge diferentes camadas.

Há quem, no desespero, joga o bebê no lixo logo após o parto. Graças ao projeto executado por quem resolveu doar seu tempo, essa realidade começa a mudar.

Anjos da Adoção - (85)3492.8165

Original disponível em: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/mobile/cadernos/doc/anjos-de-adocao-1.1810252

Reproduzido por: Lucas H.

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