No Brasil, 4,8 mil aguardam adoção
Autor(es): Catarina Alencastro
O Globo - 11/09/2011
Crianças mais velhas e negras são rejeitadas por candidatos a pais
BRASÍLIA. O último balanço do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção, mostra que, no Brasil, existem 4.856 pessoas aguardando um lar, embora o número de candidatos a pais seja muito maior: 27.478. A conta não fecha porque 92,4% delas têm mais de 6 anos de idade, mas 76,7% dos futuros pais só aceitam quem tem menos de 3 anos. As exigências não param por aí: 82% evitam irmãos; 33% só adotam meninas e 37% querem apenas crianças brancas.
Rodrigo (nome fictício) chegou ao abrigo Casa de Ismael com 4 anos, após ter sido abandonado pelos pais. Passou a infância aguardando uma família. Enquanto os pais adotivos não vinham, brincava com outras crianças do abrigo, estudava e recebia os cuidados de Amélia, funcionária da instituição, cuja função é carinhosamente chamada de "mãe social". Ao completar 18 anos, Rodrigo teve que sair do abrigo e acabou indo morar com sua "mãe social".
A história de Rodrigo é o caso mais comum nos abrigos do Brasil, onde apenas bebês têm chances de serem adotados. Mas, diferentemente dele, que contou com a solidariedade da funcionária quando seu tempo no abrigo expirou, a maioria acaba tendo que encarar o mundo sozinho, quando chega à maioridade, sem nunca ter sabido o que é fazer parte de uma família.
Dados preliminares do Cadastro Nacional de Adoção dão conta de que o tempo de espera que bebês enfrentam até serem adotados é de pouco mais de três meses. Já crianças e adolescentes de 8 a 18 anos levam, em média, 18 meses. Os cálculos estão sendo refeitos porque crianças acima de 8 anos, na maioria dos casos, não são adotadas nunca, já outras são beneficiadas pela lei que obriga a família a adotar também os irmãos da criança escolhida. Nesse caso, os pais escolhem um bebê e acabam levando junto uma criança maior.
- Em média, as crianças ficam de dez a 12 anos no abrigo. Se ela chega ainda bebê, sai antes de completar 1 ano e meio. Se chega com 6, 7 anos, esquece. Estou aqui há 20 anos e nunca vi um menino de 15 anos ser adotado. Nesse período, só houve cinco casos de crianças de 6 e 7 anos adotadas, um deles por um casal italiano. A questão da idade é o fator primordial de rejeição - confirma Valdemar Martins da Silva, presidente do abrigo Casa de Ismael.
- As famílias querem um filho, mas a realidade é outra: as crianças, que já foram maltratadas, torturadas e perderam suas famílias, é que precisam de uma família. Mas os pais querem que os filhos façam parte de um padrão burguês de sucesso. É por isso que ninguém quer fazer a adoção tardia - emenda Nelson Peixoto, diretor do abrigo Aldeias Infantis SOS, em Brasília.
Os números do Cadastro mostram que a faixa etária em que há mais crianças aguardando a adoção é a dos 15 anos. Há em todo o país 525 adolescentes com essa idade em abrigos, o que corresponde a 11% do total.
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/9/11/no-brasil-4-8-mil-aguardam-adocao
Silvana do Monte Moreira, advogada, sócia da MLG ADVOGADOS ASSOCIADOS, presidente da Comissão Nacional de Adoção do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família, Diretora de Assuntos Jurídicos da ANGAAD - Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Presidente da Comissão de Direitos das Crianças e dos Adolescentes da OAB-RJ, coordenadora de Grupos de Apoio à Adoção. Aqui você encontrará páginas com informações necessárias aos procedimentos de habilitação e de adoção.
domingo, 11 de setembro de 2011
No Brasil, 4,8 mil aguardam adoção
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Silvana do Monte Moreira
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08:06
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