segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Adoção de crianças especiais comprova a maternidade incondicional.mp4

A história de Mateus (Mateus é o garotinho que aparece na filmagem, para assistir basta clicar no título desta postagem).


Mateus nasceu Matheus Eduardo, e como constavas no seu prontuário, de uma bio que não aceitava que ele tivesse Síndrome de Down, nasceu com uma cardiopatia congênita gravíssima, e precisava ser operado. Essa bio tentou entregá-lo várias vezes numa VIJ que não vale a pena citar o nome, sem sucesso, as psicólogas e assistentes sociais faziam de tudo pra que ela não entregasse o menino, e o tempo foi passando, e a cirurgia, que já era grave, se tornou gravíssima.
Enfim, ela foi a outro fórum, o de Santo Amaro, e conseguiu enfim entregar o menino, mas os médicos diziam que já era tarde demais, e Matheus foi abrigado, e um mês depois eu soube dele, sem detalhes, só menino, pardo, com SD, e enviei uma adotante. Á noite, ela me liga chorando, dizendo que o menino estava morrendo, e não sabia me dar detalhes, apenas que ele estava com 40 de febre; O dia seguinte todo, foi passado contatando todos os voluntários. Alguém tinha que saber de alguém que arrumasse uma vaga em algum hospital pra ele. Conseguimos. Liguei no Fórum da minha comarca, e avisei que ia pedir a guarda dele pra cuidados médicos, e pedi apoio. Em seguida liguei no Fórum de Santo Amaro, e falei com a Psicóloga dele, o nome dela é Cristina, e ela foi muito importante nessa história, ela ligou no meu fórum, confiou em mim, e entramos com pedido de guarda. Eu passei no Fórum, das dez da manhã ás 19h30min, os amigos se revezavam me fazendo companhia, Paula Cury principalmente, e essa hora conseguimos a guarda dele, e fomos ao abrigo buscá-lo. Ele tinha um ano e um mês, e pesava 5 quilos e estava muito doente, foi levado pra Santa Casa, e lá internado no gripário, pois era época da gripe suína e ele tinha sintomas, eu tive que deixá-lo lá, porque eu tinha a Má e a Lú em casa, e a Lú era bebê, e ainda tinha lesão pulmonar, sete e meia da manha me liga uma AS da Santa Casa, dizendo que ia chamar o conselho tutelar, porque eu não podia tê-lo deixado sozinho, que era abandono e etc. e tal, eu expliquei a situação e ela ficou impassível, e me deu duas horas pra comparecer ao hospital.
Eu entrei em contato com uma amiga, do grupo de adoção GVAAEA, a Thereza, e pedi pra ela conseguir voluntários pra ficarem lá, ao mesmo tempo liguei pra uma amiga, a Regiane, que não tem filhos, mas trabalha e fazia faculdade, e pedi pra ela ficar com ele, até conseguirmos nos organizar, e ela foi imediatamente. Chegando á santa casa, a AS disse que ela não podia ficar com o Mateus, que só eu, eu expliquei a situação e ela disse que não podíamos fazer rodízio de voluntárias de maneira nenhuma, e eu tive que novamente apelar pra direção da Santa Casa, que permitiu imediatamente.
Eu não si citar o nome das voluntárias, o que é uma pena, porque eu queria homenageá-las também. Uma dessas voluntárias que ficou com o Mateus tinha uma história anterior, ela tinha perdido um filho com SD e com os mesmos problemas cardíacos, e se ela fosse se habilitar, nunca seria habilitada. Mas ela estava lá, e se apaixonou por ele, e não queria sair mais dali, e o marido dela Juan Arturo Sanchez Alvarez, me pediu pra tirá-la dali, porque não era hora, porque ele não estava preparado, porque ele estava desempregado na época. Eu conversei com um médico e expliquei a situação, e o médico foi categórico comigo: Esse menino não tem chance de sobrevida, não faça isso com essa família. Eu voltei e conversei com o Juan, e disse exatamente o que o médico tinha dito, e ele quis subir pra tentar tirar a esposa de lá, e como eu já conhecia a Santa Casa, eu subi pela escada de incêndio. Eu nunca vou esquecer essa cena, e quando eu falo: Adoção Especial, é dessa cena que estou falando: Ela estava com o bebê no colo, e dizia com os lábios: é nosso filho. E ele, Juan, desmontou. Mas ainda tinham os problemas reais, financeiros, e ele pediu pra eu mentir pra ela que o menino tinha uma adotante interessada. Ela disse que tudo bem, mas que até essa adotante chegar, ela ficaria lá. E ficou. Dois dias depois, Mateus teve alta, os problemas cardíacos tinham que ser tratados de forma eletiva, e não tínhamos pra onde.
Nessa época, várias pessoas se prepararam pra serem mães do Mateus, inclusive eu, mas aí ela soube, ela soube que o menino não tinha adotantes, e ela decidiu que ele seria seu filho.A nós, do grupo, coube arrumar, do dia pra noite, enxoval, berço, carrinho,pediasure, fraldas, Thereza fazia aniversário, e foi pras comunidades pedir como presente de aniversário esse complemento, Yara também saiu à luta, arrecadou dinheiro, arrecadou uma cadeirinha pra carro, porque ele era muito serelepe, e não podia fazer movimentos como fazia, e não parava quieto, e a única maneira de mantê-lo quieto era a cadeirinha. Foi o trabalho em equipe mais lindo que esse.Os pais o levaram, mesmo ele estando sob a minha guarda, e o Fórum de Santo Amaro fez o resto, eles fizeram habilitação desse casal, e o Mateus teve os melhores pais que qualquer um podia sonhar, pais apaixonados, que acompanharam ele a todas a cirurgias delicadas, e ele contrariando as expectativas médicas, sobreviveu a todas. Terça feira agora, ele entrou no hospital com vômitos, foi aplicado dramim e ele voltou pra casa, quarta ele piorou, e voltou pro hospital, de onde não saiu mais com vida, ele batalhou, como bom guerreiro que era, mas foram sete paradas cardíacas, até que enfim, na sexta pela manha, ele faleceu. Eu vim contar essa história como homenagem a esses pais, que eu amo tanto, e adeus ao Mateus, que eu vou amar pra sempre, e homenagem a todas as pessoas que dispuseram do seu tempo pra acompanhá-lo no hospital, ajudaram com uma lata de pediasure, com um pacote de fraldas, enfim, de qualquer forma.
Eu não sei como terminar esse relato, porque eu talvez não quisesse que ele terminasse...
Ele estava com três anos.
E eu contei essa história aqui pra homenagear as pessoas que ajudaram, as que eu citei e as que eu nem sei o nome pra citar, e pra reforçar o pedido de doação de sangue, porque antes de morrer ele tomou duas bolsas de plasma, e isso precisa ser reposto senão parece que gera uma taxa pros pais pagarem, e eu não gostaria que eles além de tudo que já passaram, ter que lidar com isso também.
Relato de Carla Penteado – mãe por opção de 3 crianças especiais.

Um comentário:

Silvana do Monte Moreira disse...

Reprodução na integra de uma mensagem da Andréa.
"Meu amado Mateus

Minhas amadas!!!

Venho aqui dizer-lhes quanto amo o Mateus, e apesar dessa dor terrível que eu e minha família estamos passando, faria tudo novamente.O Mateus me fez ser uma pessoa apaixonada,eu vivi intensamente estes dois anos para ele..Ainda não consigo entender o porque dessa provação novamente,estou sem rumo...Sem saber como recomeçar.Porém venho aqui fazer um GRANDE APELO, NÃO DESISTAM DE ADOTAR,NÃO ABANDONEM AS NOSSAS CRIANÇAS, pois o que eles mais precisam é de uma família que os ame incondicionalmente.Agora, não consigo ficar em paz sabendo que as pessoas estão assustadas com o que aconteceu com o nosso Mateus, e deixando de ser e fazer alguém muito feliz.Estou com muita dor pelo fato de ter amado muito e muito mesmo,pois amar verdadeiramente é um sentimento mais maravilhoso que vivi até hoje, e foi exatamente assim com o Mateus, pois nunca houve diferenças.Só tenho a agradecer do fundo da minha alma a Carla por ter me trazido o meu amado Mateus, ao meu marido por ter me acompanhado nesta linda jornada de amor.Gostaria também agradecer a todas as pessoas que se envolveram com a história do nosso amado Mateus através de orações,doações e tudo mais e estiveram sempre ao nosso lado.

ELE NÃO SAIU DE DENTRO DO MEU VENTRE, MAIS TOMOU CONTA DO MEU SER DA MINHA ALMA...FILHO TE AMO ETERNAMENTE.

Beijos de uma mãe extremamente apaixonada.

Andréa- mãe das lindas Gabi e Tati e dos anjinhos Juanzinho e Mateuzinho "

Realmente uma grande mulher. O Matheus teve na terra a melhor família que poderia ter.
4 de outubro de 2011 19:38