sábado, 8 de outubro de 2011

A Guarda

Texto de autoria de Fernandoda " Casa Lar Ebenezer " em Santo André-SP.

É primeiramente uma missão, porque é por em pratica o principal ensinamento do CRIADOR, o amor ao próximo.
Se propor a trabalhar no abrigo é muito mais do que dar casa, comida e roupa lavada.
É passar noites sem dormir zelando pelo bem estar de recém nascidos pré maturos com apenas 32 semanas de vida, sabendo identificar o tipo de choro quando é de
incomodo, quando é de fome e quando é por abstinência a drogas.
É ter o a necessidade de fazer um convenio médico e se ver impossibilitado porque a criança passa meses para que seja providenciado a certidão de nascimento.
É acima de tudo se doar de corpo e alma, garantindo tudo o que deveria ter recebido da família, da sociedade e do estado.
É cumprir tudo que prevê o Art. 92 ECA, em especial preservação dos vínculos familiares e promoção da reiteração familiar .
É oferecer proteção integral em ambiente com Cara, Tamanho e Jeito de Casa, cujo primeiro objetivo é resgatar e fortalecer vínculos fragilizados.
É conviver com todos os tipos de diferenças e indiferenças no momento do acolhimento
É enfrentar preconceitos, pré julgamentos, e o descaso.
É abraçar sem criar vínculos, é sorrir sempre sem se deixar abater com os obstáculos .
É invadir hospital requerendo socorro para salvar uma pequena vida que agoniza, e sair vitorioso com a recompensa do pequeno ser que venceu a morte após ser socorrido.
È recolher as pétalas, e com muita paciência refazer a flor
É lidar com inveja, dos que não tem coragem de abraçar a causa, e criticam os que tem coragem.
É lidar com os que se consideram atropelados porque vivem na inércia, se beneficiando do resultado do trabalho dos outros.
É acreditar que um dia as crianças realmente serão prioridade absoluta conforme a lei prevê.
É acreditar na reconstrução de uma sociedade mais fraterna e participativa na solução dos problemas que envolvem crianças e adolescentes
É ter atitude e coragem de cobrar mudanças na “REDE”


A tão falada “REDE” de apoio familiar, que continua a nosso olhar e entendimento sendo a maior deficiência que contribui com a longa permanência de crianças nas casas lares, isto porque a medida de proteção na maioria das vezes é usada de forma isolada e não cumulativa. O retorno da criança ao ambiente familiar exige mudanças de postura da “REDE” antes do uso da medida de proteção, durante o acolhimento e também posteriormente evitando desta forma o re-acolhimento. Para que se torne de fato uma REDE de serviço, se faz necessário ações mais concretas de todas as secretarias e de cobrança continua do legislativo e judiciário.
É na condição de guardiã se interpor a terceiros, solicitar oitiva da criança ou adolescente na tentativa de um sim, mesmo sabendo da certeza do não.

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