segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Adoção: em ensaio fotográfico, economista declara amor pelo futuro filho (Reprodução)

22/09/2016

Rosineide Simões de Lima, 51 anos, economista e servidora pública, sempre teve o sonho de ser mãe. Em sua cabeça, brincava que, se não tivesse um relacionamento fixo até os 25, faria uma “produção independente”. Namorou algumas vezes, mas nunca encontrou alguém com quem quisesse dividir tamanha responsabilidade. A vida passou. Rosineide focou nos estudos, definiu a meta de passar em um concurso público e o desejo materno ficou guardado.

Anos depois, Rosineide deparou-se com um problema de saúde. Aos 46, descobriu um mioma no útero e, de acordo com o médico, teria que tirar o órgão e os ovários. “Naquela hora, veio o baque, e isso me fez acordar. Foi quando percebi que eu ainda queria ser mãe. Fiquei assustada com a possibilidade de não poder mais ter filhos e vi que essa vontade só tinha adormecido.” Ela não precisou fazer a cirurgia, mas decidiu correr atrás do sonho.
A servidora pública conta que foi ao médico, fez a contagem de óvulos e, apesar de ainda poder engravidar, resolveu adotar uma criança. “Eu quero o filho, não necessariamente a gravidez.” Rosineide estava tão animada que em uma semana tinha todos os documentos necessários. Em maio de 2013, entrou com o processo. Ao chegar à Vara da Infância e Juventude e entregar os documentos, recebeu a notícia de que a adoção demorava, em média, três anos. Ainda assim, deu o primeiro passo: pegou a autorização do Ministério Público para realizar um curso obrigatório sobre o assunto.
As aulas ocorriam uma vez por mês e, na época, havia uma fila grande para fazê-las. Um ano depois, Rosineide foi chamada, mas já tinha marcado uma viagem para fora do país e não pode ir. Ela afirma que essa foi a parte mais estressante do processo. Em julho de 2014, a economista, finalmente, concluiu o curso oferecido pela própria Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal (VIJ-DF). Realizou uma entrevista com uma assistente social, recebeu uma visita e, em dois meses, saiu o deferimento do pedido. Em outubro de 2014, Rosineide entrou na lista de espera por uma criança.“Acho que, na época, a minha posição estava próxima ao 400º lugar.”
A candidata à mãe não pediu muitas coisas, apenas que o filho tivesse até 5 anos de idade. À espera da criança, um quarto vazio e um projeto no papel: um ensaio de fotos feito para mostrar o amor que aguarda o futuro filho. Rosineide já é mãe: ela assumiu a postura desde que decidiu adotar.

Exigências
Como Rosineide, 545 pessoas querem adotar no DF, mas apenas 134 crianças e adolescentes aguardam uma família. Mesmo assim, o processo de encontro é lento. Existem dois motivos para ser assim. O primeiro é o perfil dos filhos escolhidos. De acordo com Walter Gomes, da Seção de Colocação em Família Substituta da Vara da Infância e da Juventude, os mais novos estão no topo da lista. Já os maiores de 8 anos e os adolescentes, não. “Se cada família habilitada decidisse acolher uma criança ou um adolescente, sem preferências, as instituições de acolhimento estariam vazias”, analisa o supervisor.
Outra questão que também dificulta a rapidez da adoção é a falta de pessoal na equipe que cuida do processo. Walter Gomes, por exemplo, conta com 14 pessoas no seu time. Elas lidam com o processo de adoção do começo ao fim: desde a inscrição de quem quer adotar e das crianças e adolescentes no sistema até o acompanhamento nas aproximações entre as duas partes. Mesmo com muito trabalho, segundo Gomes, eles conseguem atender uma grande demanda.
Depois de muita espera, quando há uma criança ou adolescente dentro do perfil definido, a história dessas crianças são apresentadas à possível família. Caso haja a aceitação, começa o estágio de convivência, acompanhado por uma equipe da VIJ-DF. Se a aproximação der certo, um pedido de adoção é protocolado pela família, e o juiz concede a guarda provisória até que saia a sentença de adoção.

Os passos 
Antes de mais nada, pessoas aptas a adotar precisam ter mais de 18 anos e ser pelo menos 16 anos mais velhas que o adotando. Também é necessário oferecer um ambiente adequado para a criança ou o adolescente e não ser avó ou irmão — esses podem abrir um pedido de tutela. O processo de adoção em si é dividido em seis partes. Primeiro, a assistência social faz o acompanhamento psicológico com os possíveis pais, o que inclui um curso de adoção dado pela Vara da Infância e Juventude, visitas aos lares e conversas.
Depois, o serviço social apresenta um relatório dos adotantes, que é incluído ao processo de deferimento, com um parecer da Promotoria de Justiça e uma decisão judicial que aceita o pedido. Quando todos os documentos estão prontos e a Justiça dá o parecer a favor da adoção, chegou a hora da espera. “É importante que a família saiba lidar com isso. Recomenda-se que os postulantes que estão aguardando procurem um grupo de apoio à adoção”, afirma Walter Gomes.

Original disponível em: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2016/09/22/interna_cidadesdf,549849/adocao-em-ensaio-fotografico-economista-declara-amor-pelo-futuro-fil.shtml

Reproduzido por: Lucas H.

Nenhum comentário: