05/12/2013
Por Patrícia Mello
patricia@diarinho.com.br
Mãe adotiva deixou a grávida usar seus documentos no dia do nascimento do bebê. Acabou presa por falsidade ideológica; marido foi flagrado com dinheiro falso. Eles teriam ligação com grupo de taxistas-traficas
Quem via a pequena “Maria” (nome fictício), de apenas oito meses, protegida no colo de uma conselheira tutelar de Camboriú, nem imaginava que o bebê é personagem de uma trama policial. Pros tiras da divisão de Investigação Criminal (DIC) da vizinha Balneário Camboriú, tem tudo pra criança ter sido negociada pela mãe, uma gaúcha usuária de crack, que a teria vendido pro casal de catarinenses Onei Francisco Borge, 47 anos, e Lizane Garcia de Souza de Oliveira, 32. Pra piorar a história, Lizane emprestou seus documentos pra mãe da criança se passar por ela na maternidade.
Era perto do meio-dia de ontem quando a equipe comandada pelo delegado Osnei Valdir de Oliveira chegou até um apartamento da rua José Francisco Bernardes, no centro de Camboriú. O alvo era retirar do casal de moradores do apê o bebê de oito meses, que até então Liziane dizia ser seu.
Lizane e Onei chegaram a apresentar pra polícia os documentos da criança, que tava registrada como se fosse filha deles. Pra tentar enganar a polícia, a mulher ainda mostrou uma ultrassonografia em seu nome e até uma foto em que aparecia barriguda, simulando a gravidez. “Apresentamos provas de que a criança não era deles, e ela acabou admitindo que a mãe do bebê era de uma usuária de drogas”, contou o delegado.
Ontem mesmo, o casal prestou depoimento na sede da DIC. Foi aí que os tiras descobriram que eles trouxeram a mãe biológica da pequena Maria lá de Bento Gonçalves, na serra gaúcha. A mulher, que foi apontada por eles como uma usuária de crack e que possivelmente se chama Rafaela da Silva, 24, ficou na casa do casal de novembro do ano passado até maio.
O delegado Osnei diz que durante buscas na casa, encontrou alguns comprovantes de depósito bancário com valores entre R$ 50 e R$ 100 na conta de uma cunhada da mãe biológica, que ainda não foi encontrada pela polícia. A anjinha foi entregue ao conselho Tutelar de Camboriú e Lizane foi presa, autuada em flagrante por uso de documento falso. Ontem mesmo foi levada pro presídio do Matadouro, em Itajaí.
Pra conselheira tutelar Tanalu Garcia Simões, que participou do resgate de Maria, em geral o povão acaba ficando com pena de quem pratica a adoção irregular. Mas, pra ela, o crime não se justifica. “Dá pena por querer ter filho e não poder, mas ao mesmo tempo, não dá pra entender o motivo pelo qual não ela não procurou os meios legais”, observou.
ESTÃO ENVOLVIDOS COM BANDO DOS TAXISTAS TRAFICANTES
A polícia só descobriu a adoção irregular quando realizava a investigação da operação Bandeira dois, que na semana passada desmantelou uma quadrilha de traficantes taxistas. O bando vendia cocaína, maconha e ecstasy.
Quando os tiras faziam escutas, pescaram a adoção sacana. Onei, que já teria sido taxista, era suspeito de ser integrante do bando. “Chegamos a pedir a prisão temporária dele, mas o judiciário entendeu que não era necessário naquela situação”, disse o delegado Osnei Valdir.
Ontem, quando os agentes da DIC estiveram na baia do casal, o ex-taxista Onei por pouco não saiu diboa. Mas, pra azar dele, os tiras encontraram R$ 190 em notas falsas. Uma cédula de R$ 100 e o restante de cinco pilinhas. Onei acabou levando o teje preso também.“Já sabíamos que a quadrilha dos taxistas também era responsável por derramar dinheiro falso. Ele vai ser encaminhado pra polícia Federal”, informou o Osnei.
BANDO DESMANTELADO SEMANA PASSADA
A prisão da quadrilha dos traficantes taxistas rolou na quinta e na sexta-feira da semana passada, quando 11 homens foram presos pelos agentes da DIC. Conforme apurado pela polícia, cinco deles atuavam como fornecedores pros seis taxistas que tinham um disque-drogas e atuavam principalmente em Balneário Camboriú.
Onei aparecia entre os investigados, mas deixou a praça antes da prisão do grupo. Foram as escutas telefônicas autorizadas pela dona justa que ajudaram a polícia a chegar até o caso do bebê negociado com a viciada gaúcha.
NENÉM FOI LEVADO PRUM ABRIGO
Quando foram até o apê pra prender o casal, os tiras da DIC tomaram o cuidado de levar junto o conselho Tutelar, por se tratar de um caso envolvendo criança. Foi Tanalu Simões que saiu da baia com a bebezinha no colo. A conselheira ficou cuidando da menina, até que no final da tarde ela foi encaminhada ao Lar Bom Pastor, por determinação da donajusta.
É também a justiça que vai decidir o futuro da pequena Maria. Uma das possibilidades é tentar localizar o pai biológico pra ver se ele tem interesse em ficar com a filha. “Pelo histórico dos fatos que nos foi repassado pela polícia, tudo indica que ela vá mesmo pra adoção. Mas existe a possibilidade de o pai tentar ficar com ela”, comentou Tanalu.
A conselheira tutelar diz que o neném estava bem cuidado. Mesmo assim, reforça que tá errada a forma como o casal resolveu adotar a menina. Tanalu recomenda a todas as pessoas que querem adotar uma criança que sigam a lei. “Entrem nas fila da adoção. É demorado, mas é o caminho certo pra quem quer adotar”, ponderou Tanalu.
http://www.guiadetijucas.com.br/casal-e-investigado-por...
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