segunda-feira, 15 de maio de 2017

“É um amor que não cabe dentro de você”, diz mãe adotiva (Reprodução)

11/05/2017

“O telefone tocou para nos informar sobre a chegada do bebê às 16h30, numa quinta-feira, em 2 de junho de 2011. A boca secou, o coração disparou e eu disse: ‘É meu filho’, antes mesmo disso ser dito a mim. Comecei a pular. Meu marido deu um salto do sofá. Peguei a bolsa e fomos correndo buscá-lo. Quando o vi pela primeira vez, tudo que queria era trazê-lo logo para casa”. O relato é da dona de casa Priscilla Meira, de 44 anos. Ela é mãe do Emanuel, de 5 anos, que chegou ao seu lar quando tinha dois dias de vida.

Ao contrário do que alguns possam pensar, Priscilla é prova de que a maternidade pode, sim, ser realizada por meio da adoção. Por isso, no “Especial das Mães”, a homenagem também vai para as mulheres que não deram brecha para o preconceito e têm vivenciado o amor maternal junto aos filhos adotivos.


Priscilla e o marido, o pastor Hudson Meira, de 41 anos, tinham sete anos de casados quando o desejo de aumentar a família ficou mais aguçado. Por mais de três anos, o casal tentou ter filhos pelo meio natural. “Deus já havia nos dado a promessa de que seríamos pais, mas passou um tempo e o nosso filho não veio. Tentamos a fertilização in vitro, porém não fomos até o final. Entendemos que a adoção seria o meio”, afirma ela.

A decisão ocorreu no ano de 2010. No mês de julho, o casal entrou para o Cadastro Nacional de Adoção e, a partir daí, começava uma espera sem data prevista para acabar. Apesar de nutrir uma vontade de ter um menino recém-nascido, Priscilla abriu mão de optar pelo sexo do filho e marcou na documentação que poderia ser uma criança de até 2 anos de idade. “Foi um verdadeiro milagre. O Emanuel chegou rápido, 11 meses depois de termos entrado na fila de adoção e com apenas dois dias de nascido. Eu pude curar o umbigo dele! Deus quis satisfazer o desejo do nosso coração”, conta.
Priscilla confessa, contudo, que, antes de identificar o empecilho de engravidar, nunca havia considerado adotar – pensamento comum à maioria dos brasileiros. “Na realidade, a gente não está preparado para pensar sobre adoção. No Brasil, não existe uma cultura de encarar isso como algo positivo. Ainda existe muito tabu aqui”, critica.

Mesmo amor


Diferentemente de Priscilla, a extensionista de cílios Débora de Deus, de 39 anos, já tinha uma filha, a Nicole, quando se tornou mãe adotiva, há 4 anos. Foi o marido, Daniel Ferreira, quem quis primeiro fazer a adoção. “Quando ele falou, eu pensava que não iria amar da mesma forma e falava ‘não’ para essa ideia”, recorda.

Mesmo resistente no início, Débora começou a orar sobre o assunto. “Deus foi desmistificando isso em mim. Ele mesmo colocou no meu coração o perfil de uma criança mais velha e me deu uma Palavra como confirmação: ‘Quem recebe uma destas crianças em meu nome está me recebendo’ (Mateus 18.5). Aí, entramos com a papelada. Foi um ano para a habilitação e 7 meses na fila [do Cadastro Nacional de Adoção]”, lembra.

A resposta veio de Santarém (PA) e atende pelo nome de Vitória, hoje com 9 anos. A pequena possui a mesma faixa de idade da Nicole, exatamente como Débora queria. “Ela tem traços indígenas muito fortes e eu sempre achei os índios lindos. Nunca por meio de mim e meu marido poderia vir um índio. Por isso, costumo dizer aquele versículo: ‘Deleite-se no Senhor, e Ele atenderá aos desejos do seu coração’ [Salmos 37.4]”, afirma.

Como mãe biológica e adotiva, Débora garante: “Não existe diferença de amor. Nós também fomos adotados por Deus e somos filhos do mesmo jeito para Ele. Para mim, é como se a Vitória sempre estivesse estado aqui conosco”. Priscilla tem a mesma sensação. “É um amor que não cabe dentro de você; é muito forte. Quando o vi, meu coração explodiu de amor”, diz.

Aba Pai

Tanto Priscilla quanto Débora passaram pelo projeto Aba Pai, da Lagoinha, cujo intuito é acompanhar famílias que desejam adotar filhos. “Vale lembrar que não temos as crianças para a adoção. Isso só é possível por meio do processo legal, que é igual para todos”, pontua a assistente social do projeto Rosania Alves.

Rosania explica que o processo de adoção é burocrático e não há como minimizar isso. O propósito do Aba Pai é, então, dar orientação técnica e à luz da Palavra, além de propiciar a troca de experiências entre as famílias. O projeto foi criado em 2009 e conta hoje com uma agenda de eventos que engloba palestras e cursos preparatórios. Há ainda um grupo de WhatsApp e atendimentos individuais às famílias.

Para quem quer ou já está no processo de adoção e deseja conhecer o projeto, basta ligar para a Rosania: (31) 3429-9400, (31) 3429-9401, (31) 98793-7217 ou (31) 99595-8803.
:: Thais Oliveira


Reproduzido por: Lucas H.

Nenhum comentário: