segunda-feira, 15 de maio de 2017

Mãe: um amor além do DNA (Reprodução)


12/05/2017

“Ela nasceu de mim. Nasceu do meu coração”, essa foi uma das frases mais marcantes que a nossa reportagem já ouviu. Ela veio durante a entrevista com a comerciária Eliane Maria D. Cidade, que há 13 anos, adotou a filha, Laura e hoje compartilha conosco sua história de amor. Para comemorar o Dia das Mães, celebrado neste domingo, 14, nada melhor do que conhecermos um exemplo do maior amor do mundo.

Eliane, conte para nós como surgiu a vontade de adotar e como foi o processo de espera?

Eu sempre tive a vontade de ser mãe, sabia que tinha nascido com este instinto e sempre tive a certeza de que seria. Os anos foram passando e eu continuei solteira. Quando estava com 40 anos, vi que seria difícil engravidar e foi aí que pensei na adoção. Sempre entendi o amor seria igual. A partir desta decisão, fui atrás dos procedimentos legais. Tive todo o apoio da minha família e fui me informar se era possível adotar uma criança sozinha. Encaminhei toda a papelada, recebi a visita da assistência social, participei de reuniões com psicóloga, fiz tudo o que era preciso. Estava tudo pronto e a partir dali, iniciou uma gestação sem data certa para terminar. Poderia durar meses ou anos, ninguém sabia.

Depois de finalizado o processo burocrático, qual foi o próximo passo?

Como eu havia optado por uma menina de zero a um ano de idade, não tinha como preparar o enxoval, pois não sabia qual seria o seu tamanho. Então, simplesmente esperei. Eu dei entrada no pedido em janeiro de 2003 e durante todo aquele ano, participei das reuniões mensais do grupo Filhos do Coração, o que me ajudou muito, pois recebia o acompanhamento da assistente social e, ao mesmo tempo, compartilhava minhas dúvidas e expectativas com os demais pais. Recordo até hoje que na reunião de encerramento, em novembro de 2003, eu falei para a assistente social que queria a minha filha de presente de Natal. Ela até brincou que seria para o Natal do próximo ano, mas eu disse que não, que seria dali a um mês.

E como você recebeu a notícia mais esperada de sua vida?

Pouco tempo depois daquela reunião, no dia 9 de dezembro, recebi uma ligação da assistente social. Ela me perguntava se eu tinha certeza de que queria adotar uma criança. Eu disse que sim, com toda a certeza, era o que eu mais queria. Então ela disse: ‘sua filha nasceu’. Nossa, quando ouvi aquilo eu não sabia se ria, se chorava, gritava ou saía correndo para contar pra todo mundo. Me acalmei e ela então me disse que ela tinha nascido um dia antes, no dia 8 e que dali a três dias, numa sexta-feira, eu poderia buscá-la. Ela me explicou que a papelada já estava pronta, a mãe já havia assinado e autorizado, estava tudo certo. Mas eu optei por não buscá-la no hospital, porque tinha medo que alguém da família pudesse me identificar. Preferi marcar para buscá-la no Fórum. Então combinamos todos os detalhes e fui, correndo, comprar todo o enxoval para ela, porque eu não tinha absolutamente nada. Contei com a ajuda de muitos amigos e familiares e conseguimos comprar o que era necessário.

Estamos ansiosos para saber: como foi o grande dia, quando finalmente, você pode ter sua filha em seus braços?

Nossa, eu lembro como se fosse hoje. No dia 12 de dezembro de 2003, uma sexta-feira, às 18h eu peguei a minha filha no colo pela primeira vez. Naquele momento, quando os nossos olhares se encontraram, toda a minha expectativa se transformou em amor e, ali, no meio de tantas pessoas, eu me tornei mãe. Foi a maior emoção da minha vida. Eu saí do Fórum chorando de alegria, levando ela nos braços e mostrando para todos que encontrava a minha filha, que acabava de nascer do meu coração. Até hoje quando falo desse dia, não consigo conter as lágrimas, porque lembro daquela emoção que senti, de olhar para aquele ser tão pequenininho e saber que a partir daquele momento, ele dependeria de mim pra sempre. Seríamos nós duas, para toda a vida!

Como foram os primeiros meses de adaptação, houve algum momento de dúvida?
Era um mundo novo para mim, mas fui descobrindo tudo com muito amor. Jamais me questionei ou duvidei se havia feito a coisa certa. A Laura é minha filha, ela não nasceu da minha barriga, mas nasceu do meu coração. Quando criança, ela sofreu com algumas doenças, passei muitas noites em claro, mas superamos tudo isso, juntas!

E como foi sua postura com relação à adoção. Ela sempre soube que era filha adotiva?

Eu optei por falar a verdade desde o início. Então, desde quando ela ainda era bem pequena, eu falei que ela não havia nascido da minha barriga, que havia nascido de uma outra mulher, mas aquela família não tinha condições de cuidar dela, então eu peguei ela para mim. Ela sempre entendeu isso muito bem e sempre me disse que a mãe dela sou eu, tanto que nunca faz questão de ir atrás dos laços sanguíneos. E eu tenho muito orgulho de ser uma mãe adotiva!

Você optou por ser mãe solteira. Em algum momento sentiu falta de uma figura paterna para te auxiliar?

Eu me considero uma super mãe. Diante de todos os desafios e dificuldades que tive, sempre pude contar com a minha família para me apoiar e sempre conseguimos dar conta de todas as adversidades. Algumas vezes, a Laura pediu um pai, perguntava porque ela não tinha um e eu sempre expliquei que eu sou ‘pãe’ pra ela – pai e mãe, tudo o que ela precisar. Em um determinado momento da minha vida, acabei me envolvendo com uma pessoa, mas tanto eu, quanto a Laura vimos que estávamos melhores sozinhas. Nós somos uma dupla e para sempre seremos!

Para as pessoas que estão lendo esta entrevista e, de repente, também tem vontade de adotar uma criança, qual a sua mensagem?

Adote! Eu e a Laura somos a prova viva de que não existe diferença no amor. Mãe é mãe, independente de onde o filho tenha vindo. Desde que chegou, a minha filha é tudo pra mim, é um amor inexplicável que só mãe mesmo é capaz de sentir.

Original disponível em: https://www.revistaw3.com.br/geral/2017/05/12/mae-um-amor-alem-do-dna.html

Reproduzido por: Lucas H.

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