quarta-feira, 10 de maio de 2017

Não há diferença, o amor é o mesmo’, diz mãe de filhos biológicos e adotado (Reprodução)

09/05/2017

Um sonho que se tornou realidade e que com o tempo floresceu um dos sentimentos mais profundos do ser humano. Gerar por nove meses um filho no ventre é uma tarefa nada fácil. Mas, e quando a gravidez acontece no coração e dura quase três anos? Esse foi o tempo que a auxiliar de cozinha Elda Sousa, de 28 anos, esperou para ter oficializado a adoção da filha mais velha, em Santarém, no oeste do Pará.

O primeiro encontro entre as duas ocorreu na casa de uma prima de Elda, que era família adotiva da pequena Samara Sousa. Em 2013, houve a troca de governo municipal e como a prima da auxiliar era funcionária pública, foi desligada do cargo que exercia.

Por ter outro filho e estar desempregada, a prima não pôde ficar com a menina e a deu para outra pessoa. Também sem condições de custear a educação de Samara, que estava com 5 anos, a segunda família chamou a mãe biológica, que morava em um garimpo próximo ao município de Itaituba.

Segundo Elda, esse foi o momento decisivo que fez os destinos das duas cruzar mais uma vez. “A mãe dela disse que não tinha condições de ficar com a criança e iria levar para o garimpo para dar a outra família. Foi aí que a minha prima me ligou e perguntou se eu estava disposta a adotar a menina. Não pensei duas vezes”, contou.

Início de uma nova história



A auxiliar estava grávida do primeiro filho, mas desejava ter uma menina. Ela e o marido foram ao encontro da mãe de Samara, que os esperava com as malas prontas. Uma para voltar ao garimpo e a outra com as coisas da filha.
De acordo com Elda, os três conversaram muito antes da decisão de levar a menina para casa. “Ele [marido] chegou e perguntou para mim: ‘é o que você quer?’. Eu disse que sim, que eu queria muito a Samara, então a mãe biológica falou para levarmos ela naquele dia”.
Um dos momentos mais emocionantes para o casal após o posicionamento da mãe foi a fala da garotinha, dizendo que iria para casa com os “novos pais”. Tocada, Elda e marido acertaram sobre o procedimento de adoção.

Medo da perda


Embora o casal tivesse entrado com o pedido de adoção, era necessário serem casados para que fosse finalizado o processo. Segundo Elda, o casamento entrou em crise e o medo de perder a filha a assolou. Com o divórcio, eles perderiam o direito à adoção.
“Eu não desisti em nenhum momento. Falava para o meu ex-marido lutar pela minha filha. Ela não teve uma família que a amasse, e quando ela conseguiu, essa estava desmoronando. Ele decidiu lutar comigo até o fim do processo e a guarda definitiva saiu no dia 20 de setembro de 2016”, contou.
Após a chegada de Samara e o nascimento de Gabriel, que está com quatro anos, Elda teve mais uma filha, a Gabrielle, que tem quase dois anos. Para a mãe, apesar de terem sido gerados de forma diferente, o sentimento que ela sente por eles é o mesmo.
“Não há diferença, o amor é o mesmo. Eu olho para os três e os amo igualmente. O Gabriel e a Gabrielle tiveram amor de pai e mãe desde o ventre, e Samara não. Quando ela chegou para mim foi uma gestação sentimental”, emocionada, contou.

Uma nova família


Samara, atualmente com nove anos, teve uma vida diferente de muitas crianças passando por várias famílias. Mas, segundo a menina, com Elda e os irmão ela encontrou uma coisa diferente. “Eles mostraram amor e por isso eu quis ficar com eles. Nenhuma das outras famílias que eu passei quis ficar comigo, só a mamãe [Elda]. Ter uma mãe é saber que alguém que cuida de mim, que fica ao meu lado”, finalizou. 


Reproduzido por: Lucas H.

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