quarta-feira, 17 de maio de 2017

Um amor incondicional (Reprodução)

15 Maio 2017

Com algumas horas de vida, um menino com Hidrocefalia e desnutrido foi abandonado pela mãe no hospital, para adoção. Mal podia esperar que seria muito amado e cuidado com tamanho carinho pela nova família.

Katia Roberta Costa Straub Duarte, enfermeira no Hospital Infantil Waldemar Monastier, revela que foi amor à primeira vista quando encontrou Vitor na enfermaria do hospital, em maio de 2013, e logo ligou para o marido dizendo que tinha encontrado o terceiro filho deles.

Adoção nunca foi um tabu na família dela. “Cresci em uma família que gerou filhos do coração e sempre observei que não fazia nenhuma diferença”, conta. Katia e o marido, que são pais da Beatriz (19) e do André (12), já estavam amadurecendo a ideia de adotar, também queriam gerar um filho do coração e ter uma experiência diferente, um novo jeito de amar.

A família começou a fazer visitas no hospital para se aproximarem dele para adotar. “Nunca tive receio e era ciente das necessidades dele”, comenta. Em junho do mesmo ano, Vitor foi para UTI em estado grave e ela chamou uma amiga para orar por ele, que Deus decidisse o melhor, pois não queria que ele sofresse. “Esse foi um primeiro sinal de que era para ser nosso. Pedia pra Deus que se tivesse um plano pra vida dele, então que ele melhorasse”, detalha.

Em agosto Vitor voltou pra Casa Lar de Fazenda Rio Grande, sua cidade natal, onde nasceu em novembro de 2012. Os médicos não davam prognóstico de vida para ele, mas Katia queria acolher e dar o melhor pra ele enquanto vivesse. Ela conseguiu a guarda provisória para poder cuidar bem dele no pós-cirúrgico. “Resolvi amar ele e com todo apoio da família”, afirma. Em agosto de 2013 iniciou o processo de adoção e tinha que respeitar a lista, mas não teve ninguém que quisesse adotá-lo pelos problemas de saúde, conseguindo o que tanto sonhava.

Enquanto muitos achavam que era uma loucura adotar uma criança que precisava de cuidados especiais, ela e a família tinham plena certeza do que estavam fazendo. No dia 11 de novembro de 2013 Vitor finalmente foi para a casa dela.

Estímulos
Vitor se alimentava apenas por sonda e Katia começou a estimulá-lo em casa com mamadeira. Vinte dias depois ele já se alimentava 50% por mamadeira e em 30 dias 100%. Em janeiro de 2014 estava com alimentação plena via oral, com papinha e nan1. Cada progresso era muito comemorado pela família, pois Katia não desistia, queria ajudar ao máximo para que Vitor tenha uma vida normal, que supere as dificuldades.

Logo descobriu que ele tinha Síndrome de Moebius, uma doença rara, que geralmente ocorre quando a mãe toma remédio para abortar. A Síndrome danifica os nervos cranianos e Vitor só consegue sorrir se fizer uma cirurgia. Ele não consegue falar, se comunica por sinais. Também foi diagnosticado com Altismo.

Além dos problemas de saúde, ele teve atraso no desenvolvimento por ficar muito tempo hospitalizado. Então é grande o estímulo para ele andar. Faz acompanhamento com fisioterapeutas, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional. Em janeiro deste ano foi muita emoção e motivo de comemorar quando ele deu os primeiros passos sozinho, com auxílio do andador. “Sinto que posso fazer sempre mais. É uma satisfação de ver cada conquista. O mesmo valor do abraço e conexão materna que tenho com meus dois primeiros filhos tenho com ele”, afirma.

Amor incondicional
Katia conta que sentia falta de fazer algo pra Deus, mas de maneira diferenciada. Ela e a família fazem trabalhos sociais para pessoas carentes, mas sentia falta de algo, que era este amor incondicional pelo Vitor.

A vida mudou bastante financeiramente, porque o dinheiro que antes era usado para lazer, boa parte é revertido pra ele. “Sou mulher de um sapato só. Evito gastos com o cabelo, tenho que ter prioridades. Troquei estética e vestimenta por algo que preenche a alma. Deus vai abençoando”, declara.

Para ela, ser mãe é ver os filhos que gerou e estar ligado de uma maneira invisível eternamente. “Não consigo viver sem estar com eles. É amor incondicional. Que transcende o entendimento humano.” Ela vê que hoje a dificuldade em ser pai e mãe é a falta de tempo de qualidade com os filhos e acabam preenchendo essa falta com presentes, estimulando o consumismo. “O salário faz parte da renda da casa e não posso dar o luxo de não trabalhar e ficar só com eles. Mas faço um esforço maior e me dedico a eles no tempo que é nosso”, diz ela, que dá toda atenção que o Vitor precisa e orienta a Beatriz e o André que estão na fase da adolescência, tendo momentos muito importantes com eles.

Original disponível em: http://www.folhadecampolargo.com.br/vernoticia.php?id=39189

Reproduzido por: Lucas H.

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