domingo, 19 de outubro de 2014

ADOÇÃO: FILHO É FILHO, DE SANGUE, CORAÇÃO E ALMA


18/10/2014
Cristiane Sabadin

Os casais que tiveram filhos da maneira tradicional, planejados ou não, sentem na pele a emoção da descoberta da gravidez, dos meses de gestação e do momento do parto. Mas quem, por qualquer que seja o motivo, conheceu o filho já fora do útero, não vê diferença alguma nesta forma de amor.
Segundo a psicóloga Lidia Weber, "adotar é acreditar que a história é mais forte que a hereditariedade, que o amor é mais forte que o destino". Foi exatamente assim que se deu a história do casal Raquel Bianchin e Fernando de Freitas. Quando eles começaram a namorar, em 2002, como todos os apaixonados, já faziam planos e imaginavam a família. Apesar de sonharem com filhos biológicos, ambos demonstravam desde cedo a vontade de adotar. "Dizíamos que não importava quantos filhos tivéssemos, um, com certeza, seria adotado", lembra Raquel.
Em 2005, com o diagnóstico de diabetes em mãos, o sonho da gravidez ficou ainda mais distante. Afinal, por causa da doença, a gestação seria de risco e cheia de complicações. A partir de então, a ideia de adoção passou a ser a única alternativa para aumentar a família. Primeiro, o casal se dedicou à carreira, construção da casa, enfim, preparou o terreno para os filhos, como diz o ditado. "Por ironia do destino, em 2009, descobri que estava grávida. A alegria era imensa".
Infelizmente, no oitavo mês de gestação, Raquel teve complicações e perdeu o bebê. Graças ao apoio do marido, ela superou a tristeza e criou coragem para retomar a vida. "Voltei a pensar na adoção para formar nossa família, mas jamais quis uma criança para preencher o lugar da nossa filha, isso nunca passou em nossas cabeças. 'Samyra' é e sempre será nossa primeira filha e ninguém ocupará seu lugar", conta.

ABRIL DE 2010
Decididos pela adoção, o casal reuniu documentos e entregou a papelada em 11 de abril de 2010. A ansiedade era tanta, que Raquel e Fernando iam praticamente todas as semanas ao Fórum. Queriam notícias sobre o processo e saber se seriam chamados. Tornaram-se conhecidos no lugar, brinca Raquel. "Quando eu sabia que havia crianças aptas para adoção ligava perguntando se já era minha vez (duvido alguém que esteja na fila que não tenha feito isso)."
Em novembro de 2010 os chamaram para a tão esperada entrevista e a principal preocupação do casal era deixar claro que não estavam ali para preencher um vazio, mas sim para constituir uma família. "Durante todo o tempo marcávamos presença assídua ao fórum para que não esquecessem que estávamos na fila", recorda Raquel.
Apesar dos comentários de muitas pessoas que enxergam de fora e da própria mídia, o casal não considera o processo de adoção complicado. Demorado sim. Mas até essa demora foi compreendida por Raquel. "Acho importante essa espera, por mais que quem esteja esperando não goste como nós não gostávamos também. A maior dificuldade no meu ponto de vista é a espera."

A RELAÇÃO É NATURAL, DE PAI PRA FILHO
Quando Raquel e Fernando levaram Amanda e Nátaly para casa, elas tinham 5 e 2 anos de idade. Hoje, passados 1 ano e 8 meses do parto (como bem resume a mãe sobre a experiência da adoção), as meninas, com 7 e 3 anos, sabem muito bem que não nasceram da barriga de Raquel, e sim, que moravam num abrigo antes do maior encontro de suas vidas.
Para essa mãe e esse pai, adotar as filhas foi algo mágico, não por acaso. E após momentos de muita tristeza e desespero, Raquel diz que foram elas, Amanda e Nátaly, que lhe devolveram a vontade de viver e ser feliz. "Minhas filhas me devolveram o motivo de acordar todas as manhãs, meu sorriso fácil, a ansiedade de voltar logo para casa do trabalho para poder vê-las, fazem com que eu me sinta viva."

A LIGAÇÃO MAIS ESPERADA, A CHEGADA DO NOVO AMOR:
Justamente na semana em que a reportagem do Jornal de Beltrão apurava as informações, o Grupo de Apoio à Adoção de Francisco Beltrão postou em sua página no facebook uma notícia que merece ser compartilhada com toda a sociedade. Mais uma família beltronense conseguiu adotar uma criança e festeja a alegria de se tornarem pais e mães. Confira abaixo o comentário que foi compartilhada na rede social do grupo, em 15 de outubro, quarta-feira:
"Hoje o telefone tocou... tocou para uma colega de trabalho, tocou para trazer alegria, emoção, vida nova e uma filha linda. Mais uma criança que ganha um lar, uma família, carinho e amor e também mais uma família se forma com as bençãos de Deus. Acreditem!!!! Um dia o seu telefone também irá tocar".

GRUPO DE APOIO À ADOÇÃO ESTÁ FORMADO
O primeiro encontro do Grupo de Apoio à Adoção de Francisco Beltrão aconteceu dia 27 de setembro, nas dependências do Fórum, na Rua Tenente Camargo. O grupo foi criado principalmente para auxiliar pais que pretendam adotar, tirar dúvidas, repassar informações e dar apoio às famílias que precisem de amparo e queiram dividir suas histórias.
O grupo conta com o apoio e participação da equipe da Vara de Infância, pais pretendentes, adotivos e interessados no assunto. A primeira reunião teve boa participação e deixou os idealizadores do projeto muito felizes. Ficaram decididas ações práticas para o próximo encontro, bem como a criação de uma página no facebook que servirá como meio de comunicação e informação do grupo e comunidade em geral. Quem quiser participar pode entrar em contato no Fórum ou visitar a página para saber mais sobre o trabalho do grupo: Grupo de Apoio à Adoção de Francisco Beltrão - GAAFB.

CRIANÇAS ADOTIVAS TRAZEM "MARCAS DO PASSADO"?
Os dois casais entrevistados pelo JdeB foram enfáticos ao responder ao questionamento acima: filho é filho, e seja de sangue ou não, poderá trazer surpresas boas e desagradáveis no futuro. Para Badih, tudo depende de como os pais lidam com a situação, e o melhor caminho é encará-la de forma natural: "Tanto filho adotivo quanto filho biológico deve ser tratado e educado da mesma maneira e você poderá ter problemas tanto com o filho adotivo como com o filho biológico. Para nós, o nosso filho adotivo nunca foi tratado com diferença, ele é nosso filho e ponto".
Raquel vai ainda mais longe, e diz que encarar os filhos adotivos como "crianças problemáticas" é uma definição característica de quem não deseja ser verdadeiramente pai ou mãe. "Quero que me apresentem o certificado de garantia dos filhos biológicos de que não darão problemas ou "defeitos". Se não quer preocupações, não tenha filhos, ora", argumenta.
Se houve preconceitos de amigos próximos e de familiares, Raquel diz não ter notado, ou os "preconceituosos" se camuflaram muito bem. "Se teve alguém que não gostou, pelo menos não se manifestou, mas sentíamos que ficavam felizes pela decisão, porém não acreditavam que isso um dia pudesse se tornar realidade". Badih e Clarrisa disseram nunca ter enfrentado preconceito, nem por parte de amigos, nem por familiares.

"ELE É NOSSO FILHO E PONTO"
Badih Bittar Jr e Clarissa Risso Bittar têm dois filhos: Isaac e Ismael. O mais curioso dessa história é que o filho adotivo veio antes do biológico. Clarissa engravidou após quatro meses da chegada de Isaac.
O casal contou ao Jornal de Beltrão que tinha o sonho da adoção porque sabia que a gravidez natural seria algo complicado devido a problemas de saúde. A partir disso, fizeram todo o processo legal no Fórum. Passaram por reuniões de grupo, fizeram entrevistas com assistente social, psicóloga e juiz da Vara de Família.
Depois disso estavam oficialmente na fila de adoção. "Nossa maior dificuldade foi o tempo de espera que gerava muita ansiedade e incerteza de quando seríamos pais adotivos."
Badih e Clarissa com os filhos Isaac e Ismael.
http://www.jornaldebeltrao.com.br/noticia/192439/adocao-filho-e-filho-de-sangue-coracao-e-alma
ADOÇÃO: FILHO É FILHO, DE SANGUE, CORAÇÃO E ALMA 18/10/2014 Cristiane Sabadin Os casais que tiveram filhos da maneira tradicional, planejados ou não, sentem na pele a emoção da descoberta da gravidez, dos meses de gestação e do momento do parto. Mas quem, por qualquer que seja o motivo, conheceu o filho já fora do útero, não vê diferença alguma nesta forma de amor. Segundo a psicóloga Lidia Weber, "adotar é acreditar que a história é mais forte que a hereditariedade, que o amor é mais forte que o destino". Foi exatamente assim que se deu a história do casal Raquel Bianchin e Fernando de Freitas. Quando eles começaram a namorar, em 2002, como todos os apaixonados, já faziam planos e imaginavam a família. Apesar de sonharem com filhos biológicos, ambos demonstravam desde cedo a vontade de adotar. "Dizíamos que não importava quantos filhos tivéssemos, um, com certeza, seria adotado", lembra Raquel. Em 2005, com o diagnóstico de diabetes em mãos, o sonho da gravidez ficou ainda mais distante. Afinal, por causa da doença, a gestação seria de risco e cheia de complicações. A partir de então, a ideia de adoção passou a ser a única alternativa para aumentar a família. Primeiro, o casal se dedicou à carreira, construção da casa, enfim, preparou o terreno para os filhos, como diz o ditado. "Por ironia do destino, em 2009, descobri que estava grávida. A alegria era imensa". Infelizmente, no oitavo mês de gestação, Raquel teve complicações e perdeu o bebê. Graças ao apoio do marido, ela superou a tristeza e criou coragem para retomar a vida. "Voltei a pensar na adoção para formar nossa família, mas jamais quis uma criança para preencher o lugar da nossa filha, isso nunca passou em nossas cabeças. 'Samyra' é e sempre será nossa primeira filha e ninguém ocupará seu lugar", conta. ABRIL DE 2010 Decididos pela adoção, o casal reuniu documentos e entregou a papelada em 11 de abril de 2010. A ansiedade era tanta, que Raquel e Fernando iam praticamente todas as semanas ao Fórum. Queriam notícias sobre o processo e saber se seriam chamados. Tornaram-se conhecidos no lugar, brinca Raquel. "Quando eu sabia que havia crianças aptas para adoção ligava perguntando se já era minha vez (duvido alguém que esteja na fila que não tenha feito isso)." Em novembro de 2010 os chamaram para a tão esperada entrevista e a principal preocupação do casal era deixar claro que não estavam ali para preencher um vazio, mas sim para constituir uma família. "Durante todo o tempo marcávamos presença assídua ao fórum para que não esquecessem que estávamos na fila", recorda Raquel. Apesar dos comentários de muitas pessoas que enxergam de fora e da própria mídia, o casal não considera o processo de adoção complicado. Demorado sim. Mas até essa demora foi compreendida por Raquel. "Acho importante essa espera, por mais que quem esteja esperando não goste como nós não gostávamos também. A maior dificuldade no meu ponto de vista é a espera." A RELAÇÃO É NATURAL, DE PAI PRA FILHO Quando Raquel e Fernando levaram Amanda e Nátaly para casa, elas tinham 5 e 2 anos de idade. Hoje, passados 1 ano e 8 meses do parto (como bem resume a mãe sobre a experiência da adoção), as meninas, com 7 e 3 anos, sabem muito bem que não nasceram da barriga de Raquel, e sim, que moravam num abrigo antes do maior encontro de suas vidas. Para essa mãe e esse pai, adotar as filhas foi algo mágico, não por acaso. E após momentos de muita tristeza e desespero, Raquel diz que foram elas, Amanda e Nátaly, que lhe devolveram a vontade de viver e ser feliz. "Minhas filhas me devolveram o motivo de acordar todas as manhãs, meu sorriso fácil, a ansiedade de voltar logo para casa do trabalho para poder vê-las, fazem com que eu me sinta viva." A LIGAÇÃO MAIS ESPERADA, A CHEGADA DO NOVO AMOR: Justamente na semana em que a reportagem do Jornal de Beltrão apurava as informações, o Grupo de Apoio à Adoção de Francisco Beltrão postou em sua página no facebook uma notícia que merece ser compartilhada com toda a sociedade. Mais uma família beltronense conseguiu adotar uma criança e festeja a alegria de se tornarem pais e mães. Confira abaixo o comentário que foi compartilhada na rede social do grupo, em 15 de outubro, quarta-feira: "Hoje o telefone tocou... tocou para uma colega de trabalho, tocou para trazer alegria, emoção, vida nova e uma filha linda. Mais uma criança que ganha um lar, uma família, carinho e amor e também mais uma família se forma com as bençãos de Deus. Acreditem!!!! Um dia o seu telefone também irá tocar". GRUPO DE APOIO À ADOÇÃO ESTÁ FORMADO O primeiro encontro do Grupo de Apoio à Adoção de Francisco Beltrão aconteceu dia 27 de setembro, nas dependências do Fórum, na Rua Tenente Camargo. O grupo foi criado principalmente para auxiliar pais que pretendam adotar, tirar dúvidas, repassar informações e dar apoio às famílias que precisem de amparo e queiram dividir suas histórias. O grupo conta com o apoio e participação da equipe da Vara de Infância, pais pretendentes, adotivos e interessados no assunto. A primeira reunião teve boa participação e deixou os idealizadores do projeto muito felizes. Ficaram decididas ações práticas para o próximo encontro, bem como a criação de uma página no facebook que servirá como meio de comunicação e informação do grupo e comunidade em geral. Quem quiser participar pode entrar em contato no Fórum ou visitar a página para saber mais sobre o trabalho do grupo: Grupo de Apoio à Adoção de Francisco Beltrão - GAAFB. CRIANÇAS ADOTIVAS TRAZEM "MARCAS DO PASSADO"? Os dois casais entrevistados pelo JdeB foram enfáticos ao responder ao questionamento acima: filho é filho, e seja de sangue ou não, poderá trazer surpresas boas e desagradáveis no futuro. Para Badih, tudo depende de como os pais lidam com a situação, e o melhor caminho é encará-la de forma natural: "Tanto filho adotivo quanto filho biológico deve ser tratado e educado da mesma maneira e você poderá ter problemas tanto com o filho adotivo como com o filho biológico. Para nós, o nosso filho adotivo nunca foi tratado com diferença, ele é nosso filho e ponto". Raquel vai ainda mais longe, e diz que encarar os filhos adotivos como "crianças problemáticas" é uma definição característica de quem não deseja ser verdadeiramente pai ou mãe. "Quero que me apresentem o certificado de garantia dos filhos biológicos de que não darão problemas ou "defeitos". Se não quer preocupações, não tenha filhos, ora", argumenta. Se houve preconceitos de amigos próximos e de familiares, Raquel diz não ter notado, ou os "preconceituosos" se camuflaram muito bem. "Se teve alguém que não gostou, pelo menos não se manifestou, mas sentíamos que ficavam felizes pela decisão, porém não acreditavam que isso um dia pudesse se tornar realidade". Badih e Clarrisa disseram nunca ter enfrentado preconceito, nem por parte de amigos, nem por familiares. "ELE É NOSSO FILHO E PONTO" Badih Bittar Jr e Clarissa Risso Bittar têm dois filhos: Isaac e Ismael. O mais curioso dessa história é que o filho adotivo veio antes do biológico. Clarissa engravidou após quatro meses da chegada de Isaac. O casal contou ao Jornal de Beltrão que tinha o sonho da adoção porque sabia que a gravidez natural seria algo complicado devido a problemas de saúde. A partir disso, fizeram todo o processo legal no Fórum. Passaram por reuniões de grupo, fizeram entrevistas com assistente social, psicóloga e juiz da Vara de Família. Depois disso estavam oficialmente na fila de adoção. "Nossa maior dificuldade foi o tempo de espera que gerava muita ansiedade e incerteza de quando seríamos pais adotivos." Badih e Clarissa com os filhos Isaac e Ismael. http://www.jornaldebeltrao.com.br/noticia/192439/adocao-filho-e-filho-de-sangue-coracao-e-alma

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