30.10.2014
Assessoria de Imprensa
A Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro recebeu a visita, nesta quarta-feira, dia 29, do casal francês Yam-Laurent Bosse e David Lopez e seus três filhos adotivos, os brasileiros Maurilho Miguel, de 14 anos, Millene, de 13, e Kaylane, de 11. Os adolescentes vivem com os pais na cidade de Douarnenez, região da Bretanha, na França, e estão passando férias escolares no Rio de Janeiro, de onde saíram há três anos.
A família foi recebida em clima de festa pela equipe técnica da Cejai, responsável por todas as etapas do processo de adoção, inclusive pelo recebimento dos relatórios pós-adoção. O dia a dia das crianças na França, os amigos e a escola dominaram a conversa, intercalada com bolo, suco e café.
Hospedados em Copacabana, na Zona Sul da cidade, os jovens disseram que, aqui, a água do mar é mais quente. Em Douarnenez, há praia, “mas a água é muito gelada”, explicou Millene, a única que ainda fala algumas palavras em português.
Segundo o pai David Lopez, a adaptação dos filhos foi muito boa, porque os moradores, familiares e amigos os receberam muito bem. “Foram muito gentis com eles, característica do povo da Bretanha”, afirmou. O casal explicou que a escola foi informada com antecedência da chegada dos adolescentes brasileiros, o que gerou muita expectativa. “A professora se interessou em apresentar aos alunos os novos colegas, vindos de outro país, de outra cultura”, destacou.
Yam-Laurent Bosse, que é engenheiro de controle de voo, disse que, em três meses, os filhos aprenderam o francês, o que facilitou muito a convivência e o aprendizado na escola. Ele contou também que eles estudam em horário integral, das 9h às 16h, e que já viajaram a vários países no período de férias.
Com o casamento dos pais, os adolescentes incluíram Bosse-Lopez no sobrenome. Desde 2011 morando na França, não há no grupo de irmãos sinais do tempo em que viviam no abrigo Aldeia Infantil SOS Pedra Bonita, no Itanhangá, Zona Oeste do Rio. Saudade mesmo eles sentem do suco de açaí, do pão de queijo e da tapioca. Segundo David, eles levarão polvilho na bagagem de volta a Douarnenez.
PRIMEIRA ADOÇÃO INTERNACIONAL HOMOAFETIVA
A adoção internacional dos três irmãos pelo casal homoafetivo francês foi a primeira realizada pela Cejai, autoridade central estadual que tem a competência de ordenar e concentrar os cadastros dos pretendentes, analisar os processos e expedir os laudos de habilitação para adoção das crianças disponibilizadas para adoção internacional, além de realizar o estudo técnico social e psicológico delas. Coordenador da Cejai, o desembargador Antonio Iloízio Barros Bastos esclarece que o menor só é encaminhado a uma família substituta no exterior quando são esgotadas as chances de adoção por brasileiros. Conscientizar os operadores do Direito para que disponibilizem crianças e adolescentes que já perderam a chance de adoção no Brasil tem sido uma de suas metas à frente da Cejai.
“Há a necessidade de haver uma consciência de todos os operadores de Direito, magistrados, promotores, defensores públicos e equipes técnicas, na tentativa de fazer com que a criança que está institucionalizada seja disponibilizada para a adoção. Passa um ano e aquela criança já perde a oportunidade de ser adotada. É preciso que o juiz de primeiro grau se conscientize da necessidade de, verificando não haver possibilidade de reintegração familiar e não localizando habilitados nacionais, indicar estas crianças para a adoção internacional”, afirmou.
CINQUENTA FAMÍLIAS ESTRANGEIRAS INSCRITAS
Atualmente, a Cejai conta com 50 candidatos/famílias inscritos no processo de adoção internacional. No ano passado, 19 varas da infância, da juventude e do idoso disponibilizaram 93 crianças para a comissão e, deste total, 60 tinham mais de 10 anos e 15 possuíam algum problema de saúde. Este ano, 14 juízes indicaram 46 crianças, sendo que 26 delas estão acima de 10 anos ou com algum problema de saúde.
Os adotantes que se submetem ao processo de habilitação para adoção internacional passam pelo duplo crivo: no país de acolhida e aqui no Brasil. Após a adoção, os organismos internacionais são obrigados a enviar quatro relatórios durante dois anos com informações sobre o dia a dia dos adotados e a adaptação no novo país.
M.C.O./S.F.
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