21 de Novembro de 2014
Luciano Gazola
fatimaemdia.com.br
Ainda era solteiro quando deixei nascer dentro do meu coração um desejo de adotar filhos, não sei explicar o porquê, ademais não convivi com filhos adotados, tão pouco tinha algum caso na minha família. Quando ainda namorava a Priscila já havíamos combinado de que depois que ela passasse por uma gestação iríamos adotar duas crianças. Ainda penso assim, não sei se farei, mas penso assim... Sem pressa e deixando Deus e a vida clarear cada vez mais isso dentro de minha alma.
Já visitei vários orfanatos, já vi o rosto de muitas crianças que não tem ninguém para chamar de papai ou de mamãe, de maninho ou de maninha. Crianças que crescem dentro de orfanatos, viram adolescentes e enfrentam todos os dramas dessa fase sem ter alguém do lado. Muitos saem dos orfanatos para a vida sem nunca terem tido uma família.
Minha infância foi construída em uma rua de um bairro COHAB onde mais de 30 moleques da mesma idade jogavam bola, taco, andavam de bicicleta, brincavam de esconde esconde, lets, caçador e por aí vai. Meus natais eram cheios de primos e tios, presentes e ceia, e um tio gordo fantasiado de Papai Noel. Acho que todos deveriam ser moldados assim, crescer assim. Gente precisa de gente!
Algumas pessoas têm medo de adotar porque se orgulham tanto de seu caráter, a ponto de pensar que a carga genética vai definir o bom e o ruim. Se fosse assim não teríamos a variedade de caráter que temos dentro de uma mesma família. A vida não se defini em um carga genética, graças a Deus nãos somos bois manipulados geneticamente para dar certo.
Toda criança precisa de uma família, todo mundo precisa de uma família. E o que é uma família? Me irrita escutar os moralistas de plantão dizendo que família só pode ser família se tivermos um "macho" e uma "fêmea", dando a entender que o principal conceito de família é a procriação. E a Dona Maria que casou com o seu João, que é estéril e não pode ter filho, são ou não são uma família? Família em primeiro lugar é união de gente, e sinceramente isso independe de sexo no sentido ato sexual, família é cumplicidade, amor, doação e isso independe inclusive de sobrenome ou de teto.
Quem defende a ideia de que uma família gay não deve adotar filhos, geralmente, quase sempre, são os mesmos que se enfiam dentro das quatro paredes da religião sem botar a cara a no mundo e perguntar o que está acontecendo. Vá há um orfanato e pergunte a um jovem de 17 anos que ficou lá por toda sua vida, pergunte a ele se ele preferiria ter ficado lá ou ter que conviver com a ideia de ter dois pais ou duas mães em casa? Pergunte a ele quantas vezes ele sentou no colo de alguém e ouviu um conselho vindo da alma, pergunte a ele quem o ensinou a amarrar o cadarço do tênis?
Também não é a referência que define a sexualidade de alguém. Todos os gays que conheço são filhos de casais heterossexuais e quase todos têm irmãos heterossexuais. Enquanto "sexo" for o pivô de nossa ética e de nossa moral continuaremos construindo barbaridades em nome do amor! Lucio.
http://fatimaemdia.com.br/…/coluna-do-…/gays-devem-adotar/4…
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