Na quinta-feira ele foi novamente removido, desta vez para Camboriú
Aline Torres @alinetorres_ND Florianópolis |
Aline Torres/ND
Peterson ficou 10 dias internado em um asilo, onde era amarrado e sedado
Peterson, filho de uma usuária de drogas, foi entregue ao Lar Recanto do Carinho, com sete meses – vitimado por uma meningite que comprometeu seus rins, olhos, coração, fala, coordenação motora e sapiência mental. No abrigo, Pepê – como foi apelidado - desenvolveu suas potencialidades: aprendeu a caminhar, foi estudar na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), criou vínculos amorosos.
Entretanto, a coordenadora de Gestão de Pessoas do Recanto do Carinho, Regina Lins e a assistente social, Patrícia da Purificação, decidiram que aquele não era mais o espaço adequado para um adolescente à beira dos 17 anos, limitado.
Desde 2010, as profissionais enviavam relatórios semestrais ao MP (Ministério Público), pedindo a transferência de Peterson para a entidade Orionópolis Catarinense, em São José – a cidade situada no rodapé da sua identidade.
As juízas Brigitte Remor de Souza May, da Vara da Infância e Juventude da Capital, e Ana Cristina Borba Alves, da mesma Vara, em São José, protocolaram a decisão. Lê-se no mandado: “Efetue a BUSCA e APREENSÃO. O adolescente Peterson Cabral com seus pertences à instituição acolhedora Orionópolis”. E complementam: “Caso haja recusa em tal instituição receber o adolescente, deve o mesmo ser apresentado à Secretaria de Ação Social do Município de São José/SC”.
O tamanho da conta
Quem pagará a conta de R$ 4 mil/mês da Clínica Equilíbrio, onde Peterson foi internado, em Camboriú, é a Secretaria de Assistência Social de São José. Mas Rui da Luz, secretário da pasta propôs uma solução “menos violenta” às juízas: R$ 1,5 mil/mês e cuidados de uma equipe técnica exclusiva para o adolescente. Foi recusada. Os motivos não são claros. As magistradas silenciam. O processo corre em sigilo, para que a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), não seja ferido.
Como a única saída para trazer Peterson de volta é a justiça. Helena Pires, diretora do GAPA (Grupo de Apoio e Prevenção à Aids), do qual o Lar Recanto do Carinho é subordinado, recorre da deliberação judicial na Vara de São José.
“Minha advogada alega o vínculo afetivo. Essa é uma criança que sente o mundo pelo cheiro, pelo riso, pelo contato, é como um neto para mim. Vi-o crescer, acompanhei a história da mãe dele. As funcionárias do Recanto não me comunicaram de nada. Quero-o de volta”, apela.
Helena, está disposta a remodelar a lógica do Lar Recanto do Carinho para que os jovens que foram crianças para lá e veem no abrigo sua estrutura familiar não sejam “descartados”. Atualmente 11 crianças moram no espaço.
http://www.ndonline.com.br/florianopolis/noticias/39593-busca-e-apreensao-de-peterson.html
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