Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e ex-juiz da Infância e da Juventude.
Morre um homem, nasce um mito. Alyrio Cavalieri morreu aos 91 anos vividos integralmente para servir ao próximo, sobretudo aqueles mais excluídos e necessitados. Dedicou sua vida à causa das crianças, colaborando de forma competente para e aprovação do Código de Menores, deferiu a primeira e muitas outras adoções internacionais no Brasil, criando paradigmas legais, hoje incorporados em nossas leis e de outras nações.
Conseguiu construir na Praça Onze um fórum da Justiça destinado exclusivamente às crianças e adolescentes, pois entendia corretamente que os direitos das crianças não podiam ser misturados com as causas dos adultos. Defendeu sempre a manutenção da maioridade penal aos 18 anos. Quebrou todos os paradigmas da justiça, vestindo as sandálias da humildade e indo ao encontro das crianças mais vitimadas e excluídas e suas famílias. Criou a primeira cadeira do Direito do Menor para instruir e esclarecer os novos bacharéis sobre esse novo ramo do direito.
Alyrio escreveu um livro criticando o Estatuto da Criança e do Adolescente, a aqui residiu minha ousadia ao discordar do Mestre, mas respeitando-o e ouvindo sempre seus conselhos até os últimos dias de sua vida. Alyrio representou o Brasil na União Internacional de Juízes de Menores, tendo sido vice-presidente da entidade por vários anos. Orgulhoso por ter conhecido e aprendido com esse Mestre e Homem Bom, não tenho a menor dúvida em reconhecer como o Apóstolo das Crianças do Brasil.
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