sexta-feira, 23 de novembro de 2012

CPI convoca outra baiana para depor sobre adoções


Ter , 20/11/2012 às 23:53 | Atualizado em: 20/11/2012 às 23:53

CPI convoca outra baiana para depor sobre adoções

Samuel Lima

  • Lúcio Távora | Ag. A TARDE
    Marinalva de Jesus entregou seus filhos para adoção por intermédio de Neide
A apuração dos indícios de um  esquema de adoções ilegais no sertão baiano teve um dia decisivo na manhã desta terça-feira, 20, com a realização de uma sessão convocada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas na Câmara Federal, em Brasília. A assessoria do deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), presidente da CPI, confirmou a aprovação de quebras de sigilo e convocações de novos nomes para depor na capital federal.
É o caso da  dona de casa Neide de Jesus Carvalho, moradora de Euclides da Cunha (a 334 km de Salvador), suspeita de, assim como o casal Carmen e Bernhard Topschall, ter intermediado a saída de crianças da região. A data para Neide se apresentar não foi definida. Conforme o juiz Luís Roberto Cappio, titular da Comarca de Euclides da Cunha, investigações indicam a presença de Neide em casos de adoção sob suspeita.
A TARDE localizou uma doméstica de 38 anos que reside e trabalha em Euclides da Cunha, e que confirmou ter entregue dois dos três filhos para Neide encaminhar a pais adotivos. Segundo a mulher (que só aceitou relatar a história sob anonimato), apenas um deles teve a certidão registrada no fórum local. "Um foi registrado como Pedro. O outro, ela (Neide) me falou que não era para registrar, que ia ser feito onde o menino foi levado", contou a mulher. Ela disse ter entregue os bebês recém-nascidos "por ter sofrido demais" na criação do primeiro filho.
Ela vive apenas com o primogênito, de 13 anos, em um cortiço. "O pai não assumiu. Passei muito tempo vivendo de esmola. Deixei os outros filhos para não deixar que eles morressem de fome".
Sem amor - Pelos cálculos dela, as crianças hoje estariam com 11 e 8 anos. "Eu disse ao juiz da época que, se quisessem, podiam até me mostrar uma foto deles. Mas não quero ter os dois de volta, não existe amor como o que tenho pelo meu primeiro filho, é diferente. E nem quero conhecer as mães adotivas", ressaltou.
Ao A TARDE, Neide admitiu também ter intermediado o contato entre duas mães que aceitaram entregar os filhos e os casais que ficaram com as crianças: "Fiz para ajudar essas pessoas e nem ganhei dinheiro com isso como estão falando por aí". Ambos os casos são referentes à adoção de gêmeos - um deles foi noticiado por A TARDE na edição do último dia 14. "Esses gêmeos que vocês citaram na matéria não foram entregues a estrangeiros. Estão com um casal de São Paulo, que hoje vive em Salvador", informou Neide.
Nascidos há 11 anos, os outros gêmeos, de acordo com Neide, são filhos biológicos de uma moradora do povoado Água Doce, em Euclides da Cunha. Foram entregues a uma mulher identificada como Maria do Carmo, também conhecida como Carminha. "As crianças foram registradas com o nome da mãe biológica e hoje vivem com Carminha, em Salvador. Estudam em colégio particular e tudo. Foi Carminha também que me procurou para apresentar ao casal que acabou ficando com os outros gêmeos".
Neide disse que já está constituindo advogado. "Ajudei pessoas com necessidades e fizemos tudo dentro da lei. Estou pronta para tirar isso a limpo, para o que a Justiça precisar. E mostrar que não sou desse tipo de gente", respondeu.
 http://atarde.uol.com.br/bahia/materias/1468349

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