20.08.2012
Dora Martinas
Há um odioso índice de crianças traficadas para outros fins e para a chamada adoção ilegal, que nada tem de adoção, senão de comércio de um ser humano frágil e indefeso.
Não é raro um olhar medroso para o tema adoção internacional. Incomoda a muitos a ideia de uma criança brasileira ir viver em outro país, deixando de ser brasileiro. Em parte fica aquela sensação de fracasso de um país que não consegue acolher seus filhos, e tem que contar com a solidariedade de famílias estrangeiras. E isso é mesmo verdade. Enquanto o Brasil não estancar a profunda diferença social e não dar a todo brasileiro o direito pleno de cidadania, continuarão a preencher os abrigos crianças e adolescentes, quase sempre pardos e negros, acima de sete ou oito anos de idade, a espera de uma família que nunca vem.
A chamada adoção tardia, de crianças com idade acima de cinco anos, ainda não sensibiliza famílias brasileiras. E ainda bem que os estrangeiros comparecem para mudar esse cenário, pois são mais disponíveis para essa composição de uma família com mistura de cores e internacional. O amor, afinal, e ainda, não tem fronteiras. Mas não se pode confundir a adoção legal e internacional, que é feita sob rigoroso controle dos juízes da infância e juventude, com crimes de tráfico humano.
De vez em quando, a grande mídia, sem dar a devida importância ao tema que envolve essa tragédia, traz noticias sobre o tráfico humano que hoje, submete, no mundo, cerca de 2,5 milhões de pessoas. As vítimas são, na maioria, mulheres e adolescentes usadas para exploração sexual. E, há um odioso índice de crianças traficadas para outros fins e para a chamada adoção ilegal, que nada tem de adoção, senão de comércio de um ser humano frágil e indefeso para atender a desejos escusos.
No Brasil, na última década, desapareceram mais de 1,3 mil crianças e adolescentes e apenas metade delas foi encontrada. É certo que muitos desses sumiços são decorrentes de conflitos familiares. Mas, sabe-se que mulheres grávidas, destituídas de toda e qualquer assistência social e médica, muitas usuárias de drogas e a viver nas ruas das grandes cidades, constituem presas fáceis nas mãos de traficantes de crianças.
Cabe a todos e a qualquer um, sociedade, poder e instituições públicas e à grande mídia, ficarmos atentos e dar a esse fato tão grave, e até agora deixado na penumbra, o destaque que ele merece. E, não confundi-lo com a chamada adoção internacional, a qual ainda é a possibilidade legítima de muitas crianças e adolescentes usufruírem o seu direito à convivência familiar.
Dora Martins é Integrante da Associação Juízes para a Democracia.
http:// www.brasildefato.com.br/node/ 10381
Não é raro um olhar medroso para o tema adoção internacional. Incomoda a muitos a ideia de uma criança brasileira ir viver em outro país, deixando de ser brasileiro. Em parte fica aquela sensação de fracasso de um país que não consegue acolher seus filhos, e tem que contar com a solidariedade de famílias estrangeiras. E isso é mesmo verdade. Enquanto o Brasil não estancar a profunda diferença social e não dar a todo brasileiro o direito pleno de cidadania, continuarão a preencher os abrigos crianças e adolescentes, quase sempre pardos e negros, acima de sete ou oito anos de idade, a espera de uma família que nunca vem.
A chamada adoção tardia, de crianças com idade acima de cinco anos, ainda não sensibiliza famílias brasileiras. E ainda bem que os estrangeiros comparecem para mudar esse cenário, pois são mais disponíveis para essa composição de uma família com mistura de cores e internacional. O amor, afinal, e ainda, não tem fronteiras. Mas não se pode confundir a adoção legal e internacional, que é feita sob rigoroso controle dos juízes da infância e juventude, com crimes de tráfico humano.
De vez em quando, a grande mídia, sem dar a devida importância ao tema que envolve essa tragédia, traz noticias sobre o tráfico humano que hoje, submete, no mundo, cerca de 2,5 milhões de pessoas. As vítimas são, na maioria, mulheres e adolescentes usadas para exploração sexual. E, há um odioso índice de crianças traficadas para outros fins e para a chamada adoção ilegal, que nada tem de adoção, senão de comércio de um ser humano frágil e indefeso para atender a desejos escusos.
No Brasil, na última década, desapareceram mais de 1,3 mil crianças e adolescentes e apenas metade delas foi encontrada. É certo que muitos desses sumiços são decorrentes de conflitos familiares. Mas, sabe-se que mulheres grávidas, destituídas de toda e qualquer assistência social e médica, muitas usuárias de drogas e a viver nas ruas das grandes cidades, constituem presas fáceis nas mãos de traficantes de crianças.
Cabe a todos e a qualquer um, sociedade, poder e instituições públicas e à grande mídia, ficarmos atentos e dar a esse fato tão grave, e até agora deixado na penumbra, o destaque que ele merece. E, não confundi-lo com a chamada adoção internacional, a qual ainda é a possibilidade legítima de muitas crianças e adolescentes usufruírem o seu direito à convivência familiar.
Dora Martins é Integrante da Associação Juízes para a Democracia.
http://
Nenhum comentário:
Postar um comentário