quarta-feira, 15 de agosto de 2012

PAI POR ADOÇÃO


12.08.2012 Maro Mannes Enquanto ainda não era pai pensava que todos os dias podiam ser apenas como qualquer outro, mas não tinha idéia que dois telefonemas podiam mudar tudo, mudar todos os dias que se seguiram. Sempre pensei que a oportunidade de ser pai surgiria no tempo certo, mas o que não pensei é que junto aos filhos surgiriam também incertezas e a sensação de não se saber mais nada sobre o que pode vir acontecer; sempre pensei que sete anos, período entre a busca dos filhos biológicos ou adotivos, foi uma espera longa para um sonho, mas descobri que um único dia pode parecer mais longo do que tantos anos; sempre sonhei com o dia em que veria meus filhos nascerem, mas o que não sabia era que um filho pode nascer já tendo uma história de vida anterior; sempre pensei em passar nove meses treinando sobre como tornar-me pai, mas o que eu não sabia é que se pode acordar um dia e descobrir que se é pai; sempre pensei que existia um manual sobre ser pai, mas descobri que o manual está dentro de nós mesmos e que um dia simplesmente sabemos tudo o que devemos fazer; sempre pensei que chegaria o dia em que seria apresentado ao Henrique e a Isadora, o que não pensei é que duas frases ao telefone ecoariam na minha mente sem que pudesse esquecer “nasceu um menino, negro, saudável, se o casal quiser conhecê-lo” ”tenho uma menina, branca, saudável, e não quero ser mãe”. Pelo nascimento deles aprendi que posso ser pai de uma criança que tenha outra etnia, outra cor, outro cabelo, mesmo assim ele será intensamente amado e se parecerá comigo nas questões fundamentais da vida, em personalidade, caráter e espiritualidade, como também aprendi que a adoção transforma a vida de uma criança, e o adotante deve se compenetrar da grande responsabilidade que está assumindo e que essa situação é para sempre, compreendendo que o maior requisito para se tornar um verdadeiro pai, é a disponibilidade de amar, e por essa entrega a causa da adoção, estes meus dezesseis anos de vida, entre a espera, os telefonemas e a vivência paterna em plenitude são de uma alegria sem comparação.

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