terça-feira, 14 de agosto de 2012

ADOÇÃO: O AMOR QUE ENSINA A CUIDAR


09 de Agosto de 2012 Renato Buarque Dando continuidade á série de reportagens preparadas em homenagem ao Dia dos Pais, o portal mais.al conta a história do médico Cláudio Soriano, um pediatra que fez da sua profissão, um exemplo de amor paterno ao adotar duas crianças, que haviam precisado de seus cuidados, por ocasião de problemas de saúde Soriano, que exerce a profissão já há 26 anos fez questão de dizer que o exemplo da adoção é muito latente na sua família, com diversos casos de parentes que agregaram aos seus ramos familiares crianças vindas de outras origens. “Eu sempre convivi com casos de adoção na minha família e sempre achei esse fato louvável e pude ver, desde muito tempo, que o amor entre pessoas não se restringe a um núcleo familiar”, afirmou o médico. Cláudio Soriano explicou, em detalhes o processo de adoção de seus dois filhos, uma menina de sete anos e um menino de seis e enfatizou o quanto a dedicação à sua profissão ajudou no processo de empatia para com as duas crianças. O primeiro caso de destaque diz respeito a menina, que havia sido deixada em uma maternidade na qual Cláudio Soriano clinicava. Por coincidência, a, então paciente, ficou aos cuidados do médico, que começou a criar um vínculo com a criança. Cientes do seu desejo em adotar uma criança, alguns colegas do pediatra começaram a incentivá-lo a efetivar sua inscrição no processo legal de adoção. Soriano, junto com sua esposa ratificou na Justiça seu interesse em ter como filho, uma criança de outra família. Então, conforme o relato do médico, o destino se encarregou de dar uma ajuda para que a menina pudesse ser adotada em definitivo por ele e sua esposa, mas aqui, há que se fazer uma ressalva, conforme Cláudio Soriano. “Quando surgiu a possibilidade de adotar a menina, havia 17 casais na nossa frente na fila de espera, mas todos desistiram e, felizmente ela veio para os nossos braços. Foi um verdadeiro presente, mas eu quero fazer uma ressalva. Nós só conseguimos a guarda porque os demais concorrentes, ao saberem que a criança tinha um problema de saúde e precisava de uma maior atenção abriram mão dela. Graças a Deus ela está bem e é muito amada pela nossa família”, afirmou Soriano. O médico continuou falando sobre os processos de adoção e explicou que no Brasil, hoje existem mais de 28 mil casais aptos a ficar com a guarda de crianças e que, em ãmbito nacional, cerca de cinco mil menores estão livres para serem encaminhados a outras famílias e ele explicou o porquê desta equação não ter uma solução definitiva. “Existe um número de casais muito grande que diz querer adotar uma criança e existe uma quantidade de meninos e meninas muito inferior, que já pode ser introduzidos em outros ambientes familiares. O problema é que estes postulantes a pais adotivos selecionam muito as crianças. Hoje, os casais querem, ou priorizam crianças recém nascidas, do sexo feminino e de cor branca, o que restringe muito as possibilidades de adoção, tendo em vista que a maior parte desses menores já possui uma certa idade e são de cor negra. No caso específico da minha filha surge outro agravante, a questão do problema de saúde, que também pesou nessa balança, uma vez que ela atendia á todas essas características que eu citei”, explicou o pediatra. PAIS QUE SÃO EXEMPLOS PARA OS FILHOS Já com a guarda da menina, Cláudio Soriano e sua esposa iniciaram um trabalho voluntário na Casa de Adoção Rubens Colaço, em Maceió. O que eles não esperavam é que, com essa iniciativa louvável eles iriam encontram motivos para viabilizar uma nova adoção. O médico disse que começou a trabalhar na instituição como voluntário, quando percebeu que a entidade passava por diversos problemas, principalmente do ponto de vista da saúde das crianças que são mantidas albergadas naquele local. “Nós vivenciamos muitas situações difíceis na Rubens Colaço, inclusive com surto de doenças nas crianças. Trabalhamos para conseguir mais voluntários, inclusive médicos, para que eles nos ajudassem a mudar aquele quadro preocupante.. A iniciativa deu frutos, até que surgiu a necessidade de cuidar de uma criança especificamente, um menino, que nos cativou de forma especial”, afirmou. Cláudio Soriano começou a cuidar de um menino que tinha cerca de dois anos. Ele tinha sido gerado em condições inadequadas, inclusive pela ingestão abusiva de álcool por parte de sua mãe biológica e que, por isso, precisava de cuidados especiais. “O menino tinha sofrido muito e por conta dos problemas na gestação, ele não conseguia ter um metabolismo correto e tudo o que ele ingeria não era processado corretamente e além disso tinha alguns problemas de pele, que ensejavam cuidados muito especiais”, disse o pediatra. O médico disse que intensificou os cuidados para com o garoto e começou a passar mais tempo com ele. O menino começou a ir a casa do médico para poder tratar-se dos problemas de saúde, o que gerou um apego muito grande. “Nós começamos a ficar com ele aos finais de semana e durante alguns dias úteis, para poder cuidar melhor dos seus problemas e fomos nos apegando, nós passamos a ter a responsabilidade legal em sanar as enfermidades. Só que o apego ia aumentando, tanto por parte do menino, quanto da nossa parte. A nossa filha, que é quase da mesma idade dele, começou a pedir que o garoto não fosse embora e a minha esposa também estava cada vez mais ligada a criança. Então resolvemos formalizar a vontade de adotá-lo, obtivemos êxito e o menino já está completamente inserido em nossa família”, afirmou Soriano. Outro detalhe explicitado pelo médico diz respeito a conscientização das crianças sobre suas origens, mas com uma ressalva o processo não pode ser tão direto, para evitar algum tipo de trauma. Ele explicou que já iniciou esse processo de esclarecimento junto ás crianças e contou ainda uma situação em que as crianças estiveram inseridas, no que diz respeito a curiosidade de terceiros sobre a paternidade, ou não dos menores. “Eu já expliquei até mesmo com o exemplo do Bambam, que é filho do Barney, do desenho dos Flintstones, que é adotivo, para mostrar que o amor não tem distinção. Eu falei com eles que existem famílias que são o pai, a mãe e os filhos, tem famílias, que só possuem o pai, ou mesmo só a mãe, ou ainda dois pais e até duas mães, mas que todos se amam da mesma forma. Nós passamos por uma situação inusitada. O menino ele é moreninho e difere dos demais membros da família. Em uma oportunidade perguntaram a minha esposa se ele era mesmo nosso filho. Minha esposa retrucou e disse que sim. Então ele a questionou o porquê de ela ter ficado chateada com a pergunta. Minha mulher disse a ele que não gostava desse tipo de pergunta e afirmou que ele era nosso filho, independente de qualquer coisa. Tempos depois, em uma loja de brinquedos, a vendedora fez a mesma pergunta a minha esposa e antes que ela respondesse, ele mesmo interveio e disse 9ª minha mãe não gosta que perguntem isso a ela)”, relembrou o médico. Por fim, o médico se disse plenamente realizado, enquanto pai adotivo e foi enfático em dizer que o processo de adoção não é simples, exigindo uma doação irrestrita à criança, que de alguma forma precisa de cuidados especiais. Cláudio Soriano fez questão de dizer ainda que, quem se dispuser a formalizar seu interesse em adotar uma criança deve ter consciência do tamanho do seu gesto e que esse passo deve ser levado até às últimas instâncias. “Eu hoje não me vejo sem meus filhos. Tenho a certeza de que os amo, tantou, ou mais até do que se eles fossem meus, do ponto de vista biológicos, Pelo bem deles eu me disponho a dar o meu máximo. Se alguém quiser adotar uma criança, formalize o processo e se doe a esse novo integrante de sua família. Essas crianças precisam de cuidados especiais e, em alguns casos, ou melhor em boa parte dos casos, elas sofreram algum tipo de violência, tanto física, sexual, ou até mesmo o abandono e que por isso merecem uma atenção especial. Se existissem condições, os lares de adoção não deveriam existir. As pessoas deveriam abrir seus corações e seus lares e se disponibilizarem a receber essas bênçãos, assim como eu fiz”, afirmou O médico conta história da adoção de seus dois filhos (Foto: Eduardo Leite/Estagiário/O Jornal)-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- http://mais.al/maceio/2012/08/09/10899/adocao-o-amor-que-ensina-a-cuidar Curtir · ·

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