quinta-feira, 16 de agosto de 2012

FILHO ADOTADO É TRABALHO DOBRADO?



quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Por Cristiane de Melo.

Gostaria de compartilhar com vocês, uma pequena, mas muito importante, parte de minha vida. Ao longo desses últimos anos, conheci muitos casais que faziam tratamento para terem filhos. Alguns o faziam havia alguns anos e sem nenhum resultado positivo. Quando perguntava a eles sobre possibilidade de adotar uma criança, percebia, logo de cara, certo receio, e alguns casais até comentavam: "Filho adotivo trabalho dobrado". Eu pensava comigo mesma: Será?
Até hoje me deparo com pessoas que relutam, e até torcem o nariz para a possibilidade de ter um filho adotado. Tudo por conta do medo desta criança vir a trazer problemas futuros. O temor vem desde a criança ter um gênio difícil de controlar, ao momento, inevitável, de revelar a adoção.
Pensando nesses casais, e suas duvidas, sobre como seria ter um filho adotivo, senti a necessidade de compartilhar a minha história aqui no blog. E ela começa assim: Quando meus pais se casaram, passaram alguns anos fazendo tratamento para engravidar, minha mãe era católica ( não praticante) e meu pai ateu. Quando minha mãe se viu exausta psicologicamente por conta do longo do tratamento, resolveu conversar com Deus, e, em oração disse: "Deus, se for da tua vontade que eu tenha filhos , abra uma porta , me dê uma resposta, se não, console meu coração".
Passados alguns meses desde a conversa de minha mãe com Deus, uma mulher bateu à porta de casa com uma criança nos braços. A criança era muito feinha e maltratada. A mulher se dirigiu a minha mãe e falou: "Soube que você e seu esposo tentam ter filhos, eu não posso criar esta criança, você quer ela para você"?
Minha mãe olhou espantada, e logo recordou a sua oração: " ... se for da tua vontade que eu tenha filhos, abra uma porta...". Deus me levou na porta dela. Ela conta que eu chorava muito mas ao encontrar o seu olhar interrompi o choro, e dei um belo sorriso sem dentes para ela rsrs, ela não pensou duas vezes, nem consultou meu pai, imediatamente me pegou nos braços. Eu estava enrolada somente em uma frauda de pano em péssimo estado e me abraçou.
Quando meu pai chegou em casa, ela disse que estava de resguardo, pois havia acabado de ganhar uma filha. Depois de horas de conversa, marcaram a data e a hora no cartório com minha mãe biológica e foi documentada a adoção. Fui educada nos melhores colégios, cresci na academia fazendo muitas atividades, fiz vários esportes, aulas particulares, cursos. E enchi meus Pais de orgulho em tudo que eu fazia, e ela guarda satisfeita muitos troféus meus na estante de casa, e elogios ao meu respeito nas recordações.
Não tive uma data para saber que eu era adotiva, cresci ouvindo a frase: " Filha você nasceu do coração da mamãe, e não dá barriguinha". Eu fazia perguntas e minha mãe explicava. Eu até tirava onda na 1º série, eu falava com minhas coleguinhas que eu tinha duas mães toda boba, e as professoras ficavam abismadas com a naturalidade que eu falava sobre o assunto.
Minha mãe enfrentou muitos preconceitos, até mesmo dentro da família, mas o amor dela superou tudo. E me deu o que uma criança precisa para ser feliz, o AMOR incondicional. Cuidou de mim com muita paciência, tenho algumas alergias estranhas e a pior delas é a intolerância a lactose, que deu muito trabalho.
Passamos muitas coisas juntas ao longo dos anos, infelizmente meus pais se separaram e isto levou minha mãe a uma tristeza profunda. Neste meio tempo, ela se envolveu com espiritismo durante oito anos. Mas assim que me converti e aceitei Jesus na minha vida, fiz um pedido a Deus, que me usasse como instrumento para falar de Jesus para ela e lutei muito. Não foi fácil, porque eu tinha pouco conhecimento espiritual, mais eu tinha o mais importante, muita FÉ e amor pela vida da minha mãe. A luta pela alma dela não foi fácil, paguei um alto preço, senti na pele a dor, mas isso não foi nada perto do que Jesus pagou na cruz por nós.
O certo é que, depois de muita luta espiritual, campanhas, madrugadas de lágrimas em oração, ganhei de presente o telefonema dela, em lágrimas, dizendo que naquele dia ela iria na 1º igreja que ela encontrasse aberta no RJ, iria entrar e aceitar a Cristo e me agradeceu por não ter desistir dela. E eu respondi: Desistir de você mãe? Como poderia desistir de uma pessoa que me amou desde o 1º dia que me viu, e salvou a minha vida através de uma adoção?
Naquela noite eu nem dormi de tanta felicidade. Hoje ela é missionária, é uma serva fiel, fervorosa na igreja, faz de tudo! Às vezes fico até braba com ela quando ela me deixa sozinha para viajar. E de mãe e filha, passamos a ser confidentes, amigas, irmãs. O amor que sentimos uma pela outra me dá forças para viver, toda vez que fico triste e pensando em desistir de alguma coisa, é nela que me espelho. Pois sempre foi e sempre será um exemplo para minha vida. As pessoas quando nos vêem, não acreditam que sou adotada, dizem que tenho alguns traços dela. Isso tem explicação, é o AMOR que impõe as semelhanças.

ENTÃO RESPONDO A PERGUNTA: FILHO ADOTADO TRABALHO DOBRADO?
Filho pode dar orgulho ou decepção, independente de ser adotivo ou biológico. Nos deparamos diariamente na TV com tragédias de filhos assassinos de Pais, filhos que saíram do ventre de suas mães. O fator que vai predominar não está na genética, e sim no Amor, na sabedoria e no discernimento na hora de educar, principalmente pedindo sempre a direção de Deus em suas vidas. Não omitir da criança sua origem é importante, trate o assunto de forma natural, como realmente é.
Já comentei aqui no blog e repito: Observe e procure compreender o plano de Deus para sua vida, quem sabe a semente que espera por você não sairá de seu ventre, porém te fará tão mãe quanto aquela que o deu à luz?
Pai e mãe é quem cria, sendo assim, não existe motivo algum para que ambos tenham medo ou vergonha de falar sobre o assunto. Pelo contrário, é a prova de amor mais linda que uma pessoa pode fazer, dando uma família a quem precisa.
http://umasimplestripolar.blogspot.com.br/2012/08/filho-adotado-e-trabalho-dobrado.html

Nenhum comentário: