domingo, 23 de março de 2014

PREFERÊNCIA POR CRIANÇAS DIFICULTA PROCESSO DE ADOÇÃO


22/03/2014
Romulo Grigoli
Menores com mais de quatro anos e adolescentes não conseguem um novo lar
Uma das dificuldades quando se trata de adoção é que a maioria das pessoas ainda tem a preferência pelos recém-nascidos. Em Cascavel, há cerca de 30 crianças e adolescentes em condições de adoção imediata, ou seja, destituídos do poder familiar, porém sem a expectativa de mudar de vida. “Infelizmente os acolhidos não são somente os pequenos [zero a quatro anos], mas também crianças e adolescentes, alguns com problemas de saúde, que encontram grande dificuldade para inserção em nova família”, afirma o juiz de Direito da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Cascavel, Sérgio Luiz Kreuz.
Segundo o juiz, para esses casos o processo é rápido. “Caso se aceite os maiores, grupos de irmãos ou crianças e adolescentes com problemas de saúde não há demora alguma. Depende mais de quem quer adotar”, explica. Já para aqueles que estão habilitados, mas em outro perfil, o tempo de espera varia de acordo com as exigências.
ABRIGADOS
O uso de drogas por parte dos pais, prisões, maus tratos, abandonos, negligência e desestrutura familiar são algumas das situações que levam um menor a ser abrigado em entidades como o Lar dos Bebês e Recanto da Criança. Mesmo depois de acolhido, a prioridade é sempre de reintegração familiar, quando os riscos foram superados. “Muitos dos acolhidos retornarão às famílias de origem ou para a família extensa [tios, avós, irmãos], desde que tenham vínculos. Outros, infelizmente, não podem voltar porque os pais não superaram os riscos”.
A espera pela reintegração depende de cada caso. “Procuramos sempre fazer isso com a máxima urgência possível, mas há muitos casos em que é necessário que o Ministério Público promova a ação de destituição do poder familiar. Esse procedimento pode demorar um pouco, mas é necessário”, explica o juiz.
FAMÍLIAS ACOLHEDORAS
Como forma de minimizar os impactos de rejeição, Cascavel desenvolveu o Programa Família Acolhedora. Cerca de 160 crianças e adolescentes são atendidos pela comunidade, muitos sem a chance de voltar para a família de origem, pois os pais não oferecem condições. “Elas também não têm chances de adoção, porque ninguém as quer, mas crescem em famílias organizadas e não em abrigos, o que sem dúvida faz toda a diferença”, destaca Kreuz. O programa é mantido com recursos do município e considerado um dos maiores do País.
O Programa Família Acolhedora é responsável por cadastrar e capacitar as famílias que prestam acolhimento provisório a crianças e adolescentes até que seja possível o retorno à família de origem ou, na impossibilidade, o encaminhamento para adoção.
A Lei Municipal nº 6.286/2013, que dispõe sobre a implantação de bolsa auxílio para o acolhimento menores em situação de risco pessoal e social em Cascavel, autoriza o pagamento de um salário-mínimo por criança atendida.
http://www.oparana.com.br/cidades/preferencia-por-criancas-dificulta-processo-de-adocao-46955/

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