07.07.2014
Quando uma família recebe novos membros em seu núcleo, diferentes rituais são feitos para celebrar suas chegadas. É costume, por exemplo, que, assim que um bebê nasce, os familiares visitem os pais e o recém-nascido, levando presentes e fazendo todo tipo de perguntas sobre o novo membro; isso pode ser considerado um ritual de boas-vindas. Quando a criança completa um ano de idade, celebra-se seu aniversário pela primeira vez, novamente em uma tentativa de afirmar que ela de fato faz parte da família.
Os rituais também são realizados diante de perdas de membros da família. Quando alguém morre, é esperado que se realize um funeral com o objetivo não apenas de se despedir do familiar, mas também de relembrar e refletir sobre seus feitos, sua personalidade e suas vitórias, entre outras coisas. Cada membro da família encontrará sua própria maneira de se despedir do ente querido e de lidar com o luto.
Os rituais mencionados acima são comuns e esperados dentro do núcleo familiar; mas: e quando a família recebe um novo membro, com uma história de vida anterior a ela e com particularidades que não foram construídas dentro da família na qual ele está adentrando?
Quando se adota uma criança/adolescente, independente da idade que este apresente, é importante que seus pais adotivos tenham em mente que a criança/adolescente tem uma história pregressa da qual eles não fizeram parte, mas que essa história faz parte da vida da criança/adolescente, e precisa ser integrada à nova família da qual será membro.
Não é incomum que os pais e os filhos adotados sintam-se deslocados diante dos novos hábitos e convívios familiares. Assim, pode ser que os pais tentem agradar aos filhos a todo o momento, enquanto estes se encontram reclusos e distantes. Diante dessa nova situação, acredito que os rituais ajudem as famílias a lidar com situações desconhecidas e causadoras de ansiedade.
Assim como um bebê recém-nascido, que chega à família e é visitado por todos, seria importante que a criança/adolescente pudesse ter contato com o maior número possível de membros da sua nova família. Para isso, pode-se fazer uma festa de boas-vindas, com direito até mesmo a presentes que marquem a entrada do membro na família e que lhe deem a sensação de que é bem-vindo. Eu conheço casos de pais que adotaram crianças e que comemoram não apenas o aniversário do filho, mas também o dia em que o adotaram. Também há casos de casais que contratam fotógrafos profissionais para montar álbuns de fotos com o novo membro da família.
É possível que a criança/adolescente adotada traga consigo rituais próprios que realizava com a família de origem, ou até mesmo no próprio abrigo. Diante disso, os pais adotivos podem tentar integrar esses rituais aos novos, nunca descartando ou desvalorizando os rituais trazidos pela criança/adolescente, uma vez que estes ajudaram a constituí-lo como sujeito.
Cada família tem a possibilidade de apresentar diferentes rituais, com o objetivo de inserir a criança/adolescente em seu novo meio. Para isso, basta usar a criatividade e, claro, sempre levar em consideração a opinião do mais novo membro da família.
*Natália Saab é formada em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2012). É psicóloga Clínica. Realiza atendimentos a crianças e adultos, tendo como referencial teórico a psicanálise. Possui experiência de estágio nas áreas da psicologia clínica, jurídica e escolar.
http://www.redepsicoterapias.com.br/#!A-adoo-e-seus-rituais/c18am/2DD5E66B-5EC8-4755-A3C0-18C8EAC79077
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