terça-feira, 22 de julho de 2014

ODETE LOUREIRO LANÇA “ADOÇÃO” EM ALÉM PARAÍBA


15.07.2014
A assistente social Odete Loureiro lança, esse mês, em Além Paraíba, seu livro “Adoção, relatos de um assistente social e entrevistas com mães e pais adotivos”. O livro trata do tema com uma delicadeza ímpar. Os relatos da autora e o teor das entrevistas são esclarecedores a quem deseja adotar uma criança e emocionantes até para quem nunca pensou na idéia.
O lançamento em Além Paraíba acontece em 19 de julho, às 8 da noite na Galeria do Cine Teatro Brasil e é uma realização do Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal.
Nesta entrevista com a autora, nossa colunista, é possível conhecer um pouco desse trabalho, antes de seu lançamento oficial na cidade.
MA: DEPOIS DE TANTO TEMPO TRABALHANDO COMO ASSISTENTE SOCIAL, COMO SURGIU A IDEIA DO LIVRO?
OL: Eu não sou escritora, mas gosto de escrever e compartilhar minhas histórias. Então, tinha a intenção de escrever um livro sobre as minhas experiências profissionais porque já atuei em muitas áreas e queria comemorar, de alguma forma, os meus 20 anos atuando como assistente social. Certo dia, num final de tarde, eu atendi um casal habilitado a adoção de Três Rios que estava visitando os abrigos da região, eles me contaram algumas observações e críticas durante a fase de habilitação na Justiça e as visitas às instituições de acolhimento. Depois de ouvi-los atentamente, os aconselhei a escrever um livro e fiquei pensando no que eles contaram durante alguns dias. Até que compartilhei com uma amiga médica, Dra. Andrea Ramos, a minha dúvida: se escrevia algo geral ou mais especifico (só sobre adoção). Ela sugeriu que eu escrevesse sobre adoção, pois é um tema que poderia interessar a mais pessoas.
MA: A PARTIR DA DECISÃO DE FAZÊ-LO, QUAIS FORAM AS ETAPAS DE PRODUÇÃO?
OL: Primeiro, quis escrever sobre o meu trabalho no judiciário, os avanços e entraves que venho observando nos meus 10 anos como assistente social na área da adoção. Pensei ainda em entrevistar pessoas que eu conhecia e participei de alguma forma nos encontros que elas tiveram com seus filhos adotivos. À medida que fui conhecendo outros casos de adoção fui solicitando que compartilhassem as suas histórias. Graças à internet a comunicação à distância ficou bem mais fácil. Inclusive, fui conhecer uma das entrevistadas e seus lindos filhos no dia do lançamento do livro em Valença. Depois veio a fase de encontrar uma editora que se interessasse pelo livro e essa fase foi a mais difícil.
MA: HÁ VÁRIOS DEPOIMENTOS NO SEU LIVRO, ALGUM DELES A EMOCIONOU DE MANEIRA ESPECIAL?
OL: Na verdade, me emocionei com todas as entrevistas, pois conhecia as histórias ali relatadas da adoção (ou guarda) de crianças e adolescentes. Tenho a felicidade de acompanhar alguns casos, pessoalmente, até hoje. Muitos entrevistados foram de uma sinceridade incrível. O relato da Francisca me fez chorar durante a entrevista. Ela foi muito sincera quando contou que não pretendia ter um filho e de repente sentiu o “nascimento” da filha ao abrir a porta… Não posso contar com detalhes, quero deixar que as pessoas curiosas para comprarem o livro (risos).
MA: O FATO DE TER ADOTADO UM FILHO FOI UM INCENTIVO PARA ESCREVER SOBRE O TEMA?
OL: Sim e não. Sim porque estive e estou dos dois lados, sei como é a espera na fila dos habilitados. Ou seja, minha experiência pessoal ajuda a compreender a ansiedade daqueles que atendo no judiciário e aguardam a chegada do filho adotivo. Não, porque sempre tenho certa preocupação em expor a vida do meu filho, ele ainda é criança e não pode opinar sobre isso.
MA: COMO FOI O PROCESSO DE ADOÇÃO PARA VOCÊ, PESSOA, MÃE E ASSISTENTE SOCIAL?
OL: Foi difícil porque na gravidez biológica você sabe que dentro de mais ou menos nove meses o seu filho vai nascer, você pode saber o sexo e pode se organizar. Na adoção você não tem certeza de nada e isso é bem angustiante. Nós nos habilitamos antes da nova lei de adoção, para participarmos de outras filas, em outras cidades, tínhamos que mandar nossa documentação para várias comarcas, isso era bastante desgastante emocionalmente e até financeiramente. Hoje, felizmente, com o Cadastro Nacional de Adoção (CNA) o habilitado pode participar, se quiser, das filas de várias cidades e estados do Brasil, pois a equipe do judiciário da sua própria cidade o cadastra no sistema e o candidato aguarda o contato via telefonema ou email.
MA: O QUE DIZER PARA TANTOS CASAIS NA FILA DE ESPERA DE UM FILHO ADOTADO?
OL: Primeiro o que já disse anteriormente, com o CNA a busca do filho ou filhos ficou mais fácil, mas mesmo assim tem que ter muita paciência. Como escrevo no livro, quando decidimos pela adoção queremos o filho para ontem e, infelizmente, dependendo do perfil da criança (até dois anos, branca, menina) a espera pode ser longa. Aconselho também a pensar na possibilidade, após a habilitação no judiciário, de visitar os abrigos (instituições de acolhimento de crianças e adolescentes), às vezes, numa visita o candidato pode encontrar o seu filho e este ser bem diferente do perfil escolhido anteriormente. Estou falando sobre adoção tardia porque geralmente as crianças com mais de seis anos não conseguem ser adotadas e numa visita a instituição o candidato que desejava um bebê descobre que seu filho tão esperado já tem 6, 7 ou 8 anos. Conheço alguns casos lindos de encontros assim.
MA: O QUE PODERIA FAZER, NA SUA OPINIÃO, QUE O PROCESSO FOSSE MAIS RÁPIDO?
OL: Não existe uma receita ou dicas precisas. Acho que os candidatos que participam dos grupos de adoção (grupo de pessoas que já adotaram e que estão na fila e que se reúnem para troca de experiências) e visitam os abrigos de outras cidades podem abrir um leque maior de possibilidades. Há uma ONG em Niterói que é muito atuante e conscientiza e esclarece muito aqueles que estão aguardando na fila, chama-se “Quintal de Ana”. As pessoas podem receber informações via email. O site é http://www.quintaldeana.org.br/
MA: COMO SERÁ LANÇAR O LIVRO EM ALÉM PARAÍBA?
OL: Estou muito feliz porque sou alemparaibana de coração, tenho familiares e muitos amigos na cidade. Vale ressaltar que no livro há um casal entrevistado de Além como também a revisora do meu livro, Amanda Silveira. Outro motivo importante é que espero que alguns amigos, colegas dos fóruns de Carmo e Sumidouro e da Promotoria de Carmo compareçam ao lançamento porque relato algumas histórias que eles conhecem e\ouparticiparam.
MA: HÁ INTENÇÃO DE UM NOVO LIVRO?
OL: Sim, como disse antes não sou escritora, mas sou corajosa (ou meio cara de pau) e uma boa contadora de histórias. Pretendo escrever mais dois livros. Um deles já está sendo escrito, com a ajuda do meu filho. Será um livro de contos e poesias voltado para crianças e pessoas com a alma infantil. Temos um humor bem parecido e nos divertimos com algumas situações que já vivenciamos ou inventamos. O outro também será a quatro mãos. Estamos planejando entrevistar pessoas que foram adotadas. Estou costurando a ideia com a co-autora Amanda, esta que me entrevista (risos).
A autora com a mãe, Eunice Loureiro, no lançamento de “Adoção” em Valença-RJ
http://maisalem.jor.br/odete-loureiro-lanca-adocao-em-alem-paraiba/

Nenhum comentário: