15/12/2014
Do G1 Bauru e Marília
Vítima desses crimes podem ser levadas para abrigos da cidade. 'Cheguei a morar em baixo da ponte', conta uma adolescente.
O Conselho Tutelar de Bauru (SP) registrou 237 registros de abusos, maus tratos e negligência até o momento em 2014. Segundo o órgão, apesar da impressão de que o número desse tipo de ocorrência está aumentando, na verdade, os casos estão aparecendo mais já que as pessoas estão com mais coragem de denunciar.
Só neste ano foram registrados na Secretaria de Bem-Estar Social (Sebes) 105 casos de negligência e abandono de crianças. Cerca de 132 de violência sexual e, quando não têm para onde ir, meninas, vítimas desses crimes também são encaminhadas para casas de abrigo. “Meu pai abusava de mim. Passava a mão no meu corpo e eu não gostava. Cheguei a morar em baixo da ponte de ir para o abrigo”, conta uma adolescente que teve a identidade preservada pela reportagem.
Um quarto de bebê, que na maioria das vezes é encantador, também pode guardar histórias tristes, como por exemplo, o cômodo de um abrigo para menores de idade em Bauru. “A gente não conhece a história deles, mas a gente percebe que tem criança que às vezes é fruto de uma mãe viciada ou com alguma alteração. Com isso, a gente nota que são crianças que choram demais e às vezes vem com algum problema físico”, conta a voluntária Roselene Lourenço Stephan.
Os menores que são encaminhados para os abrigos são levados por determinação da Justiça, mas o processo começa com uma notificação do Conselho Tutelar. “As pessoas são atendidas de modo sigiloso e particular e prescrevem as denúncias. Isso também pode ser feito pela polícia, escolas, postos de saúde, creches e até hospitais particulares, já que quando se nota algum tipo de procedimento incorreto, o Conselho deve intervir”, afirma a presente de o órgão, Ieda Maria de Souza.
De acordo com a delegada responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a maioria dos casos de estupro de vulnerável geralmente acontece no âmbito familiar por pessoa que frequenta a residência ou pelos próprios pais ou por padrastos. “Quando a vítima nos procura, registramos o boletim de ocorrência e a encaminhados para fazer tratamento psicológico, além de passar por exames preventivos”, ressalta Priscila Bianchini de Assunção.
CASINHA
Como nem toda criança consegue falar o que aconteceu com ela, uma das técnicas usadas no Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) de Bauru é um “casinha” de madeira.
O brinquedo simula os ambientes onde a criança pode conviver com os possíveis agressores como em casas, na escola ou também com amigos ou outros parentes mais próximos.
Segundo a psicóloga do Creas Sarah Catarina Axcar, os bonecos se transformam em personagens e de uma forma “mais leve” e elas acabam contando o que estão vivendo. “Na maioria das vezes a bonequinha é a própria criança. Ela se projeta no brinquedo e então aponta com os dedos o que aconteceu. Em seguida, os dados confirmados através desses atendimentos são enviados em relatórios para o poder judiciário e para a central de polícia também”, explica.
http://g1.globo.com/…/bauru-registra-mais-de-200-casos-de-v…
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