terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PROGRAMA CAPACITA ÓRFÃOS QUE VÃO DEIXAR ABRIGOS SEM SEREM ADOTADOS


22/12/2014
Jovens de 18 anos deixavam locais e ficavam sem estrutura. Eles recebem cursos profissionalizantes e são empregados por empresas.
Um programa social em Santa Catarina tenta solucionar o caso de adolescentes que passaram por abrigos e nunca foram adotados, após completarem 18 anos precisam encarar a vida sozinhos. Atualmente, há pelo menos 470 órfãos com idade entre 14 e 18 anos, que vivem situações semelhantes. O Estúdio Santa Catarina de domingo (21) mostrou histórias de quem aprendeu uma profissão e hoje sonha em construir um futuro melhor.
Através do projeto Novos Caminhos, desenvolvido pelos órgãos de amparo à criança e ao adolescente, em parceria com a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a partir de 14 anos, os menores começam a ter aulas para aprender a se comportar no mercado de trabalho e até a prevenir a gravidez precoce ou o consumo de álcool e outras drogas. Depois, eles passam a frequentar um curso para ganhar uma profissão e têm a chance de serem contratados por empresas que aceitaram participar da iniciativa. Já são 228 jovens atendidos no segundo ano do programa.
"O que queremos é que saiam dos abrigos habilitados para o pleno exercício da cidadania e reinserção na sociedade.Teve o caso de uma adolescente que foi contratada para auxiliar e logo no início demonstrou vontade, já foi promovida e o sonho dela é fazer carreira e contribuir para a melhoria da competitividade daquela indústria", disse Natalino Uggioni, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-SC).
A ideia do programa surgiu após os profissionais que atuam na área perceberem que nos abrigos os adolescentes recebem atendimento de diversos profissionais, mas precisam encarar o mercado de trabalho muitas vezes sem nenhum tipo de amparo. "Eles têm que começar do zero, caminhar sozinhos, porque aqui tem uma equipe técnica e lá fora terão que enfrentar o mundo sozinhos, porque família não tem", disse a assistente social Andreia da Costa Santos.
SONHO COM UMA VIDA MELHOR
Mateus da Silva Conceição, de 16 anos, é um dos adolescentes beneficiados com o programa. Ele completa 17 anos nesta segunda-feira (22), três dias antes do Natal, mas já está se preparando para o dia em que terá de deixar o abrigo, no ano que vem.
Embora a festa de aniversário seja comemorada tão próxima ao Natal, Mateus conta que passou a celebrar as datas já na adolescência. "Eu fiquei sem saber o que era Natal desde os 6 anos de idade até os 12. Porque quando sentava na mesa e não tinha o que comer, tinha que sair pedindo comida". Aos 12 anos ele foi encaminhado a uma casa que acolhe adolescentes em São José quando o pai morreu e a mãe, usuária de drogas, foi viver na rua.
Graças ao programa, Mateus está ganhando muito mais que cursos. Ele sonha em ser um eletrotécnico. "Eu não quero só um curso técnico. Quero fazer uma faculdade. Não quero só consertar, quero criar. Eu quero que as pessoas possam tocar e utilizar para o bem e não para o mal. Eu quero alimentar a minha cabeça até eu dizer chega. Parar de estudar nunca", comentou ele, cheio de expectativas.
ADOÇÃO AOS 17 ANOS
Embora a maioria não seja adotada, há outras histórias felizes, como a de Jac, que quando estava prestes a completar 18 anos foi adotado pela jornalista Claudia de Siervi e pelo empresário Patrick Derycke.
"Pensei: o que vou fazer no futuro? Morando sozinho, tendo que me virar sozinho", lembra Jac, cuja tristeza foi percebida por Claudia, que era voluntária no abrigo onde ele vivia. "Quando foi chegando os 17, a gente viu que ele foi ficando triste, conversamos e ele explicou. Aí começamos a pensar. Foi aos poucos", conta Claudia.
Ao longo de cinco anos, o voluntariado foi virando amizade, carinho, até se tornar amor de mãe, pai e filho. A notícia de que ganharia uma família foi uma surpresa de fim de ano para o menino. "Expande o coração, que fica em dobro. É o maior presente. Isso é família", completou a mãe. O Jac, que foi salvo pela adoção, agora sonha em salvar outras vidas. Quer ser bombeiro. "Chega de sofrimento, agora vamos viver o futuro. Passado é passado e o futuro já está aí", disse ele.
http://g1.globo.com/…/programa-capacita-orfaos-que-vao-deix…

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