terça-feira, 30 de dezembro de 2014

QUASE 20 CRIANÇAS NO AP AGUARDAM POR FAMÍLIAS PROVISÓRIAS PARA O NATAL


17/12/2014
Rodrigo Sales Do G1 AP
Crianças têm até 12 anos e são de vários municípios do Amapá. Projeto acontece somente no Juizado da Infância e Juventude de Macapá.
Ao menos 18 crianças que moram num abrigo em Macapá aguardam pelo apadrinamento de famílias interessadas em uma adoção provisória, para as celebrações de fim de ano. Elas estão inscritas no projeto 'Apadrinhamento Social', do Juizado da Infância e Juventude de Macapá. O trabalho é uma forma de proporcionar aos menores um ambiente familiar fora do abrigo. As crianças, que têm idades entre 0 e 12 anos podem ser apadrinhadas até o dia 19 de dezembro.
Segundo a psicóloga Evelyn Carvalho, da Vara da Infância e Juventude de Macapá, as crianças em questão estão no abrigo depois de passarem por alguma situação de vulnerabilidade social nos lares em que viviam. A condição jurídica delas é indefinida, o que não permite saber se elas serão disponibilizadas para a adoção permanente ou se retornarão para as famílias de origem.
O projeto é uma iniciativa da Comarca de Macapá, portanto apenas as crianças de origem da capital podem ser apadrinhadas.
“O abrigo não é o local ideal para uma criança se desenvolver. Por estarem em uma situação indefinida, é importante que nesse intervalo de tempo a sociedade civil ajude a dar a essas crianças uma família, proporcionando uma convivência mais enriquecedora, principalmente nessa época de fim de ano, quando elas ficam mais tristes e angustiadas com a possibilidade de ficarem no abrigo no Natal e Réveillon”, disse a psicóloga.
Ela informou que o apadrinhamento pode ser feito durante o ano inteiro, mas na época do Natal a campanha é intensificada para evitar que as crianças fiquem no abrigo.
“O apadrinhamento dura o tempo que a família quiser, há famílias que querem por 10 dias, outras apenas um fim de semana. Essa ação não acontece só no período natalino, durante o ano inteiro tem crianças no abrigo precisando de padrinhos e madrinhas, diminuindo assim o tempo da criança dentro da instituição”, reforçou Evelyn.
Segundo ela, não há um tempo e nem requisitos definidos para que as crianças fiquem com as famílias, basta que haja o interesse e que os possíveis padrinhos busquem os abrigos e deem início ao processo.
“Não há exigência específica, apenas uma avaliação. O tempo que elas podem ficar depende muito da situação jurídica da criança. Geralmente nós vamos renovando e se a situação indefinida permanecer esse prazo de apadrinhamento vai se entendendo. Podem ser casal, solteiros, pessoas que moram com os pais, qualquer pessoa pode ser padrinho”, disse Sandra Raposo, assistente social do abrigo.
Durante a visita do G1 ao abrigo, localizado na Av. FAB, 1048, Centro de Macapá, Aldenice Macedo e Aline Tavares, mãe e filha, chegaram para apadrinhar uma criança. Elas contaram que era a primeira vez que tentariam a adoção provisória de fim de ano. As duas são funcionárias públicas, e dizem que sentem falta de crianças na casa onde moram.
“O que me despertou o interesse em apadrinhar é que não tenho criança em casa. Gosto de ajudar, sempre que eu posso, ajudo. Os garis, as cartas de crianças, tudo que é possível de ajudar, eu ajudo. Como este ano estamos mais sensíveis por causa das coisas ruins que estão acontecendo no mundo, eu conversei com a minha família e trouxe a minha filha para fazermos isso juntas”, disse Aldenice, de 51 anos.
Aline Tavares prometeu que vai levar aos colegas de trabalho o convite para que façam o mesmo e sejam padrinhos de uma criança. Ela acredita que essa seja a melhor maneira de deixar as crianças menos tristes no Natal.
“Eu me sensibilizei com a situação dessas crianças. Imagino a carência e a falta de conforto por não terem mãe e pai por perto. Eles estão ansiosos para terem uma família, e saber disso corta o meu coração. Eu sou funcionária pública e vou falar para cada colega vir e fazer o mesmo, afinal, todos temos o que oferecer a essas crianças. É tão triste deixá-las aqui sem família, sem mãe. Eu não me imagino sem mãe, imagina eles que são pequenininhos”, lamentou Aline.
Evelyn Carvalho explicou que o processo de apadrinhamento é simples e rápido.
“O tramite é simples. Basta ir ao abrigo, na Av. FAB, com documentos e comprovante de residência em mãos e ter uma conversa com a psicóloga. Tendo sido aprovado o pedido, é realizada uma visita da assistente social à casa para onde a criança será levada. Depois de finalizado tudo isso, é assinado um termo de compromisso com o juiz. Todo esse processo leva no máximo dois dias”, informou Evelyn.
Segundo a psicóloga, de 30% a 40% das crianças apadrinhadas acabam sendo adotadas pela mesma família. Ela explica que quando não há a possibilidade de a criança retornar para a sua família de origem e ela é disponibilizada para a adoção, é dada prioridade à família que o tem apadrinhado. Isso é feito como forma de não haver mais uma ruptura familiar.
“As crianças são muito carentes. Quando entramos no abrigo, elas já correm, te abraçam e pedem para você apadrinhá-las. Por isso pedimos a ajuda da sociedade nesta missão de fim de ano”, pediu Evelyn.
A faixa de idade das crianças atualmente disponíveis para apadrinhamento é de 2 a 12 anos, entre meninos e meninas. Macapá trabalha com dois abrigos, um para crianças e outro para adolescentes. No caso de jovens, porém, o trabalho é para reinseri-lo em sua família de origem e reeducá-lo, já que na maioria dos casos eles apresentam um comportamento problemático.
O Tribunal da Infância e Juventude funciona até sexta-feira (19), e o Fórum de Justiça de Macapá até o sábado (20).
Campanha é intensificada no fim de ano para evitar que crianças fiquem no abrigo, no Natal (Foto: Rodrigo Sales/G1)
Psicóloga Evelyn Carvalho, da Vara de Infância e Juventude de Macapá (Foto: Reprodução/TV Amapá)
Crianças aguardam por apadrinhamento (Foto: Rodrigo Sales/G1)
Assistente social do abrigo Sandra Raposo (Foto: Rodrigo Sales/G1)
Mãe e filha foram apadrinhar uma criança (Foto: Rodrigo Sales/G1)
Dezoito crianças vivem no abrigo, em Macapá (Foto: Rodrigo Sales/G1)
http://g1.globo.com/…/quase-20-criancas-no-ap-aguardam-por-…

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