segunda-feira, 15 de maio de 2017

Mãe social tem salário de R$ 2 mil para cuidar de 9 crianças em Rio Claro (Reprodução)

14/05/2017

Um ato de amor e doação ao próximo que começou oito anos atrás em Manaus. Francinete Dias Coimbra é mãe por profissão, inclusive com carteira assinada. Aos 33 anos, ela dedica seu tempo para cuidar, sozinha, de nove crianças e adolescentes em uma casa de acolhimento do programa Aldeias Infantis SOS em Rio Claro (SP).

O programa do qual ela faz parte reúne seis casas-lares na cidade e atende 54 crianças e adolescentes. Para ser mãe social, é preciso ter mais de 25 anos e passar por um processo de capacitação dividido em três fases durante de dois anos. O salário base é de R$ 2 mil mais benefícios. Elas têm uma folga por semana e direito a um quarto privado.

As crianças que as aldeias infantis recebem geralmente estão em estado de vulnerabilidade. Cabe a Francinete proporcionar aos “nove filhos” uma vida com um pouco mais de conforto. Ela leva as crianças para escola, médico e dentista e tem a responsabilidade de ensinar e dar carinho a elas.
“Não me chamam de mãe. Os menores querem, mas a gente conversa, 'eu sou sua tia', e explica que eles têm mães biológicas ou podem ser adotados”, contou Francinete. “É difícil não se apegar, mas como profissional sabemos que estão só de passagem”, completou.

“Respiro por essas crianças”



Tudo começou em Manaus (AM). Francinete conheceu o trabalho do “Aldeias Infantis SOS” aos 25 anos por meio de uma amiga que também era mãe social e se interessou. Após ser aprovada no curso de capacitação, ela passou a atuar. Em Rio Claro, já atendeu entre 25 a 30 crianças e adolescentes de 0 a 18 anos.

“Respiro por essas crianças”, contou, emocionada. “Você deixa de viver uma vida lá fora para cuidar da Aldeia”, afirmou Francinete, que tem uma filha que vive com o pai. “Ela admira a minha profissão, acha bonito o que eu faço e sempre vem visitar as crianças. Ela me apoia”, contou.

Adaptação


A secretária administrativa Cristina Fauvel, de 51 anos, e o marido advogado, Luiz Fernando Fauvel, de 49, sempre quiseram adotar, mas o processo é demorado. Por meio de um promotor da Vara da Infância e Juventude de São Carlos, o casal conheceu o programa “Família Acolhedora”, em que voluntários abrigam crianças em seus lares temporariamente.

“Queríamos tirar algumas crianças dali. As três que estão conosco precisavam muito sair da casa de acolhimento”, contou Cristina. Ela recebeu três irmãos de 11, 13 e 15 anos do abrigo no mês de abril e a adaptação tem sido positiva. Os adolescentes podem ficar até dois anos com a família. “O objetivo do acolhimento é que a criança tenha uma qualidade de vida melhor do que no abrigo”, disse o marido.

Cristina contou que no primeiro dia que ela e o marido conheceram as crianças o mais novo disse à psicóloga do abrigo que não voltaria mais, pois ficaria com a nova família. Os irmãos concordaram. “Foram para minha casa, não tínhamos nos preparado, arrumamos um armário rapidinho e mais camas, dormiram em casa e no dia seguinte já foram à escola. Se adaptaram muito rápido”, contou a secretária administrativa.

Sobre a relação com os novos integrantes da família, Cristina disse que todos ficam à vontade para chamá-la como preferirem, “Geralmente é tio e tia, isso não importa, mas sim a felicidade deles”. O casal pretende manter contato com os três irmãos caso sejam adotados ou voltem ao abrigo. “Independentemente do que aconteça, eles já são nossa família”, disse Fauvel.

Família Acolhedora



O interessado em participar do programa “Família Acolhedora” deve residir em São Carlos há três anos e ter entre 21 a 65 anos. Não há restrição de gênero ou estado civil.

As famílias interessadas podem se cadastrar na sede do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), na Rua Treze de Maio, 1.732, no centro. Mais informações: (16) 3307-7799.

É importante ressaltar que, diferente da mãe social, a Família Acolhedora presta serviço voluntário, não existe vínculo empregatício ou profissional com o órgão do programa. Os telefones da Aldeias Infantis SOS de Rio Claro são (19) 3523-3978 ou (19) 3524-8168.

*Sob supervisão de Fabio Rodrigues, do G1 São Carlos e Araraquara.


Reproduzido por: Lucas H.

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