domingo, 16 de março de 2014

ADOÇÃO ILEGAL REPRESENTA 40% DO TOTAL DE REGISTROS


Quarta, 24 de setembro de 2003
Márcia Oliveira / Da Redação
PEIXOTO

Um levantamento feito pela Comarca de Peixoto de Azevedo (distante 600 quilômetros de Cuiabá) revela que a adoção na região tem um aspecto surpreendente: 40% delas são irregulares. A constatação revela a situação complicada de crianças e adolescentes que vivem há anos com uma família, mas não podem usufruir de direitos sucessórios que o vínculo legal garante. Além disso, elas também estariam mais expostas que as outras, aos acasos da vida.
A pesquisa empírica, feita através de conversas e estudo de casos, pela juíza Wandinelma dos Santos, também trouxe algumas constatações que indicam a distância entre a população e as instituições responsáveis pelo processo de adoção.
Segundo Wandinelma, as adoções clandestinas, posteriormente legalizadas, são constantes. "A clandestinidade começa nos hospitais. Quando a grávida vai fazer o pré-natal ela é abordada pela enfermeira que quer saber se ela ficará ou não com o filho. Em caso de negativa, essa enfermeira já apresenta um casal que, às vezes, banca toda a gestação, e assim que o bebê nasce sai da maternidade direto para o cartório", contou a juíza. Esse tipo de abordagem aconteceria por uma série de motivos como dinheiro, generosidade e mesmo troca de favores. "Tem gente que ganha com essas intermediações, o que é completamente ilegal. Por outro lado, existem pessoas que o fazem por generosidade, porém, esse não é o caminho correto. Existem instituições que trabalham com isso e é para lá que as mães que não querem seus filhos devem encaminhá-los", explicou a juíza.
Informações da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) - que mantém um banco de dados sobre casais que querem adotar e crianças disponíveis para a adoção - dizem que Peixoto de Azevedo aparece oficialmente como um lugar perfeito, onde não há demanda e nem procura pela adoção. "Isso é conseqüência da clandestinidade, onde os desejos são resolvidos sem qualquer critério legal. Mas para adotar uma criança a pessoa deve passar por um estudo psicossocial e seguir regras. É dessa forma que podemos evitar que crianças sofram maus tratos, injustiças e problemas com uma família despreparada", disse Wandinelma.
http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/9/materia/14307/t/adocao-ilegal-representa-40-do-total-de-registros

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