06/03/2014
Londrina
Em Londrina, 160 casais estão inscritos na fila no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Do total, 123 foram avaliados por psicólogos e assistentes sociais e estão aptos a receber uma das 31 crianças e adolescentes que vivem nos abrigos da cidade. No ano passado, 65 processos de adoção foram concluídos e, aproximadamente, 30 pais se inscreveram no cadastro.
De acordo com o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que mantém o CNA, nove crianças têm entre 6 e 10 anos; 16 têm entre 11 e 15 anos e seis são acima dos 15 anos. Não há meninos ou meninas na faixa etária de 0 a 5 anos, a mais cobiçada pelos casais. Outras 100 crianças aguardam a conclusão dos procedimentos burocráticos para se tornarem aptas à adoção.
"A maioria dos casais procura meninas, de 0 a 2 anos, de cor branca. Esta restrição aumenta o período de espera tanto dos pais que pretendem adotar quanto das crianças que esperam por uma família", salienta a promotora da Vara da Infância e Juventude de Londrina, Yara Guariente, informando que a lei da adoção estabelece que as crianças poderiam permanecer nos abrigos por um período máximo de dois anos.
A cabeleireira Brígida dos Santos N. Schneirder, de 37 anos, passou todo o processo de adoção com o marido Laércio. "Por conta de uma vasectomia, não podíamos gerar filhos, mas podíamos adotá-los" diz. No início do processo, em 2011, o casal queria irmãos com no máximo três anos de idade, mas durante o processo a história foi ganhando outro rumo.
"Participamos de palestras e outros cursos, além do obrigatório. E foi ouvindo outros pais adotivos que começamos a pensar em crianças maiores. Hoje, vejo o quanto foi boa essa decisão e o quanto foi importante nos prepararmos, pois no começo as crianças pediram até mamadeira, mas a gente estava bem seguro para encarar essa etapa da adaptação", comenta.
Em 2012, o casal adotou os irmãos Kívia, hoje com 7 anos e Thiago, de 9. Isaías, o irmão mais velho, com 14 anos, integrou a família alguns meses depois. "Adotamos os menores, mas aceitamos que os três mantivessem um vínculo. Um dia, resolvemos chamar Isaías para passar um tempo em casa e, na semana seguinte, acabamos pedindo a guarda. Hoje, estamos todos adaptados e em família, o que é o mais importante", diz.
REGISTRO
Quando tinha um ano e cinco meses, uma menina ganhou duas mães na falta de uma. A pequena foi acolhida por Adriana Pessoa e Deise Martins e também pelas novas irmãs. Na casa onde reinam as mulheres prevalece também o amor e o respeito.
A criança deixou o lar ainda mais unido. Ela cresceu e só agora, aos dez anos, terá o nome das duas mães no registro de nascimento. "Não importa do jeito que é. O que importa é o amor que um sente pelo outro, a paz e a alegria que tem que ter. Eu gosto de ter duas mães. Não falta nada aqui. Tem muita amizade e muito amor", resume a menina.
Este é o segundo casal homoafetivo de Londrina que conseguiu oficializar a adoção. Outros dois casais estão com processos em andamento e há pelo menos cinco homossexuais solteiros na fila de espera. De acordo com o juiz da Vara da Infância e Juventude, Ademir Richter, o perfil dos inscritos no cadastro foi ampliado nos últimos anos. "As crianças ganham mais chances com a ampliação do grupo de pessoas interessadas na adoção", considera. "É muito melhor garantir uma convivência familiar para a criança do que deixá-la no abrigo", reforça a promotora. (M.O. e V.C.)
Casa onde ‘reinam’ as mulheres: Adriana Pessoa e Deise Martins e as três meninas
http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--556-20140306
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