- Atualizada às
Cresce o número de pretendentes que adotam grupos de irmãos e que aceitam crianças sem restrições de aparência ou idade
Maria Luisa Barros
Rio - A primeira vez que a arquiteta Cláudia, 48
anos, viu a filha adotiva Carolina, hoje com 16, ela estava em um abrigo
em Macaé, interior do Rio.
Esperta, a pequena se aproximou, deu um abraço apertado e, sem perder tempo, chamou os três irmãos menores. Tinham entre 2 e 8 anos e haviam sido encontrados em casa, sozinhos, pelo Conselho Tutelar.
Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) apontam mudança no perfil dos filhos adotivos no Brasil e revelam que, nos últimos dois anos, caiu de 19,6% para 16% o percentual de famílias interessadas em adotar apenas crianças menores de um ano. Em 2010, 31% dos pretendentes não se importavam com a raça da criança ou do adolescente disponível para a adoção.
A barreira racial continua forte para a maioria, mas no ano passado subiu para 37,7% o índice dos que não selecionam a criança pela cor da pele. Também caiu de 4.020 para 2.559 o universo de crianças pardas à espera da nova família.
Adaptação
“Tínhamos uma casa silenciosa, só para nós. De repente passamos a cuidar de quatro crianças sem muito dinheiro e sem empregada”, diz Cláudia.
Mas ela não se arrepende da adoção tardia. “Quando chegávamos em casa, vinham correndo nos abraçar e beijar, como filhotinhos cheios de carência. O amor compensa tudo.”
Três filhos de casal ganham duas irmãs
A primeira, Ana Laura, chegou com apenas três dias de vida. A segunda, Maria Fernanda, foi adotada com 1 ano. As duas ganharam mais três irmãos, filhos da advogada Bárbara Toledo e do promotor de Justiça Sávio Bittencourt.
As dificuldades no processo de adoção levaram o casal a criar, há dez anos, o Quintal da Casa de Ana, para ajudar outros pais nesse árduo caminho. Com o lema “Para cada criança, uma família”, o espaço conta com um núcleo de incentivo à adoção tardia.
Psicólogos procuram conscientizar as famílias de que é possível receber grupos de irmãos, crianças mais velhas, negras, adolescentes e com deficiências ou doenças. A missão é tentar evitar que crianças sejam esquecidas nos abrigos.
“Muitas vezes, a criança fica anos no abrigo, na esperança de que um dia a família biológica se recupere do alcoolismo ou da dependência química. Só que a infância passa, vai só até os 12 anos”, lembra Bárbara, que procura derrubar toda forma de preconceito.
“Criança não é um poço de vício e de defeitos como fica no imaginário das pessoas. Como qualquer filho, ela testa o seu amor. Só que, de filho, não se desiste. Com tolerância e amor, é possível contornar uma situação difícil”, ensina Bárbara, que é presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.
http://odia.ig.com.br/noticia/rio/2013-05-14/adocao-cria-uma-grande-familia.html
Esperta, a pequena se aproximou, deu um abraço apertado e, sem perder tempo, chamou os três irmãos menores. Tinham entre 2 e 8 anos e haviam sido encontrados em casa, sozinhos, pelo Conselho Tutelar.
Cláudia ficou encantada. Mas havia um
problema. Ela e o marido,o representante comercial Sérgio Sobral, 50
anos, moradores de Niterói, queriam, como a maioria, apenas uma criança,
e de até 4 anos.
Passaram a fazer visitas semanais e,
quando se deram conta, não conseguiam mais ficar longe das crianças. Com
a ajuda do Quintal da Casa de Ana, grupo de apoio à doação, o casal foi
amadurecendo a ideia da adoção tardia (voltada para crianças maiores de
dois anos).
“Eles preencheram nossa vida”, reconhece Cláudia,
que obteve a guarda definitiva dos quatro filhos. É cada vez maior o
número de famílias que venceram as inseguranças que envolvem a adoção de
crianças maiores, adolescentes, de qualquer raça e com deficiências ou
com doenças como a Aids.Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) apontam mudança no perfil dos filhos adotivos no Brasil e revelam que, nos últimos dois anos, caiu de 19,6% para 16% o percentual de famílias interessadas em adotar apenas crianças menores de um ano. Em 2010, 31% dos pretendentes não se importavam com a raça da criança ou do adolescente disponível para a adoção.
A barreira racial continua forte para a maioria, mas no ano passado subiu para 37,7% o índice dos que não selecionam a criança pela cor da pele. Também caiu de 4.020 para 2.559 o universo de crianças pardas à espera da nova família.
Adaptação
De acordo com o Conselho Nacional de
Justiça, dos 28 mil pretendentes à adoção, 82,8% não aceitam grupos de
irmãos, e só 2,78% levariam para casa crianças de 6 anos. A partir desta
idade, cai para menos de um dígito o percentual de famílias dispostas à
adoção.
Apesar do avanço, muitas famílias temem
que crianças maiores não sejam capazes de superar os traumas do
abandono ou carreguem para a vida o “gene” da criminalidade dos pais
biológicos.
Pela alta carga de preconceito, a preferência é
por recém-nascidos brancos e do sexo feminino. Quem mudou o jogo sabe
que a adaptação não é fácil.“Tínhamos uma casa silenciosa, só para nós. De repente passamos a cuidar de quatro crianças sem muito dinheiro e sem empregada”, diz Cláudia.
Mas ela não se arrepende da adoção tardia. “Quando chegávamos em casa, vinham correndo nos abraçar e beijar, como filhotinhos cheios de carência. O amor compensa tudo.”
Três filhos de casal ganham duas irmãs
A primeira, Ana Laura, chegou com apenas três dias de vida. A segunda, Maria Fernanda, foi adotada com 1 ano. As duas ganharam mais três irmãos, filhos da advogada Bárbara Toledo e do promotor de Justiça Sávio Bittencourt.
As dificuldades no processo de adoção levaram o casal a criar, há dez anos, o Quintal da Casa de Ana, para ajudar outros pais nesse árduo caminho. Com o lema “Para cada criança, uma família”, o espaço conta com um núcleo de incentivo à adoção tardia.
Psicólogos procuram conscientizar as famílias de que é possível receber grupos de irmãos, crianças mais velhas, negras, adolescentes e com deficiências ou doenças. A missão é tentar evitar que crianças sejam esquecidas nos abrigos.
“Muitas vezes, a criança fica anos no abrigo, na esperança de que um dia a família biológica se recupere do alcoolismo ou da dependência química. Só que a infância passa, vai só até os 12 anos”, lembra Bárbara, que procura derrubar toda forma de preconceito.
“Criança não é um poço de vício e de defeitos como fica no imaginário das pessoas. Como qualquer filho, ela testa o seu amor. Só que, de filho, não se desiste. Com tolerância e amor, é possível contornar uma situação difícil”, ensina Bárbara, que é presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção.
http://odia.ig.com.br/noticia/rio/2013-05-14/adocao-cria-uma-grande-familia.html
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