sexta-feira, 24 de maio de 2013

COMARCA INICIA PROJETO FAMÍLIA REFERÊNCIA



Fábio Rodrigues
24/5/2013
Objetivo é dar referência às crianças e adolescentes, proporcionando convívio social e vínculos familiares.

A Comarca de Canoinhas, que também compreende Três Barras, Major Vieira e Bela Vista do Toldo, tem apenas dois abrigos de acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco ou destituídos de suas famílias. Das 30 crianças ou adolescentes acolhidos nos abrigos Santa Clara, em Três Barras, e São Francisco de Assis, em Canoinhas, 13 estão disponíveis para adoção. Desses, cinco grupos de irmãos e dois adolescentes.
De acordo com a assistente social forense, Maria Alessandra dos Santos, a maior parte das pessoas quer adotar recém-nascidos ou com até 3 anos. No entanto, atualmente apenas uma criança acolhida tem 3 anos. Além disso, ela faz parte de um grupo de irmãos e não pode ser desvinculada deles.
Por causa desse perfil procurado pelos potenciais adotantes, há demora na fila. “Hoje, são cerca de 60 processos de adoção na Comarca”, contabiliza Maria Alessandra. Para adotar um recém-nascido, a estimativa é de seis anos de espera. Por isso, o foco dos cursos para adoção, promovidos pelo Grupo de Estudos e Apoio à Adoção em Canoinhas (Geaac), tem sido a adoção de crianças maiores ou adolescentes, para tentar mudar o perfil de procura.
De acordo com a presidente do Geaac, Karin Dittrich, a tendência é de que esse tempo de espera aumente, pois as mulheres são mais independentes e planejam melhor a gravidez. “São casos muito extremos de doação, até porque as pessoas mais próximas, da família, acabam assumindo a guarda.”
As crianças ou adolescentes apenas são destituídos da família biológica quando não há alternativas. Antes disso, existe acompanhamento psicológico tentando reestruturar e reintegrar a criança à família.

PROJETO
Para proporcionar uma convivência em família, Geaac e Serviço Social do Fórum começaram o projeto Família Referência. As famílias cadastradas vão passar por um estudo psicológico e social para receber as crianças abrigadas em dias determinados. “Não é adoção, é apenas para que tenham uma referência, um porto seguro quando precisarem, criando vínculo mesmo”, afirma Karin. O Família Referência vai possibilitar que as crianças tenham natais em família e dias de passeio, tendo convívio social e familiar fora do abrigo.
Maria Alessandra e Karin estão empolgadas com o projeto. Para elas, com esse passo também vai aumentar o desejo em adotar adolescentes ou crianças maiores.

ADOÇÃO
Qualquer pessoa, de qualquer classe social, acima de 18 anos, pode adotar. Para isso, é preciso procurar a assistente social forense, no Fórum da Comarca, para receber as informações necessárias e saber qual a documentação para abrir o processo de adoção. É gratuito.
A diferença de idade, entre adotante e adotado, tem de ser de, no mínimo, 16 anos. Segundo Maria Alessandra, quem quer adotar precisa ter as mínimas condições sociais, econômicas e psicológicas, mas todos têm direito. “Um filho adotivo e um filho biológico serão iguais. É o mesmo planejamento da família.”
Para Karin, a adoção tem de ser uma necessidade da criança em ter família, juridicamente segura e honesta. “Sempre falar a história da criança para quem adota. A criança também precisa saber da verdade, porque aos 18 anos ela terá acesso ao processo”, explica. A presidente do Geaac ainda comenta que a configuração do casal ou do adotante não importa. “O que importa é o amor que será direcionado à criança. Indiferente se é solteiro ou casado, um casal heteroafetivo ou homo.”
http://www.adjorisc.com.br/jornais/correiodonorte/comarca-inicia-projeto-familia-referencia-1.1284016

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