ADOÇÕES: BUSCAR OS MEIOS LEGAIS GARANTE SEGURANÇA PARA PAIS E CRIANÇAS
24/05/2013
A adoção ainda é um assunto que envolve mitos e reacende discussões que
promovem novos pensamentos para quem deseja adotar. A equipe de
reportagem do CCO entrevistou a assistente social do Fórum de Arcos,
Luciana Costa Longa, na tarde da última segunda-feira, 20. Segundo a
assistente social, o processo de adoção sofreu algumas alterações para
melhor, o que tem facilitado a vida de pessoas que desejam ter filhos.
Luciana Longa explica que o primeiro passo a ser dado é a realização do
cadastro. “O primeiro passo é procurar o Fórum da sua cidade. [...]
Então, quem mora em Arcos ou Pains se cadastra no Fórum de Arcos, que é a
Comarca que abarca essas duas cidades, [...] e procura o serviço social
para entrar com um processo chamado Habilitação para Adoção. [...]
Primeira coisa é a relação de documentos que consta no próprio estatuto.
Com esses documentos em mãos, ela (a pessoa que deseja adotar)
distribui um processo normal - não precisa de advogado -, recebe um
número que vai passar por avaliação do juiz. Além de avaliar se a
documentação está correta, ele também vai solicitar, que é exigência do
estatuto também, avaliação social, avaliação psicológica e passar pelo
curso de preparação para adoção. O curso é feito aqui na Comarca, devido
ao número de pessoas que procuram, uma vez por ano. A gente se encontra
e discute temas relacionados a adoção, como adoção tardia, a própria
motivação da adoção, os mitos. Todas as questões que os próprios
pretendentes trazem a gente trabalha. Atualmente a gente trabalha
juntamente com a equipe do Creas, psicóloga, assistente social, [...] em
parceria com uma equipe multidisciplinar para dar esse apoio aos
casais”, reforça Luciana Longa.
A assistente social explica que só
após conclusão de todas as etapas acima é que o juiz irá reavaliar e
decidir se a pessoa está apta a entrar para o cadastro local e nacional
de adoção. “[...] Durante a avaliação a gente vai perguntar se ela tem o
desejo de adotar também em outros estados. [...] Por isso que hoje o
processo é feito só onde a pessoa reside. A pessoa entra na sua Comarca,
sendo aprovada ali, saindo a sentença de que ela está apta, ela já vai
para o cadastro nacional. [...] A partir daí ela está ativa no cadastro.
Se uma criança em Arcos foi destituída do poder familiar, ou seja, está
apta para adoção, já passou por todo o processo, a gente vai consultar o
cadastro local, as pessoas que estão por ordem, e vamos fazer o
contato. Se o primeiro (de uma lista) não tem possibilidade de acolher a
criança, vamos para o segundo e assim sucessivamente. Não encontramos
uma família para acolher aquela criança no cadastro local, aí nós vamos
lançar os dados no cadastro nacional, aí o cadastro nacional nos coloca
quem é o primeiro da fila e aí entramos em contato com a pessoa”,
relata.
PERFIL DA CRIANÇA
De acordo com Luciana Longa, a
procura por recém-nascidos ainda dificulta o processo de adoção. A
assistente social afirma que é preciso mudar de mentalidade.
“Normalmente, na maioria dos casos, a procura é por recém-nascidos, no
máximo até um ano, dois, o que dificulta muito o andamento. [...] Porque
a família relata que tem desejo de viver a experiência dos cuidados com
o bebê. Às vezes, até pelo mito de entender que a maternidade e
paternidade só se faz quando a criança ainda é bebê, o que tentamos
desconstruir também porque a maternidade e paternidade pode se dar em
qualquer idade, os desafios serão diferentes”.
Quanto às
características físicas, Luciana Longa conta que ainda são exigências
feitas por quem pretende adotar. Porém, ela revela que a realidade tem
mudado aos poucos com o passar dos anos. “Isso mudou [...] bastante nos
últimos tempos. Hoje já existe uma flexibilidade maior, exatamente pela
demora que se tem por conta dessa exigência de perfil. [...] O que é
mais difícil hoje é o casal apto a acolher criança que tenha alguma
deficiência. Tanto, que na hora que a gente faz avaliação no próprio
cadastro nacional, são requisitos se o casal aceita com deficiência
física, mental, vírus HIV”.
A assistente social diz que esse fator
não pesa na decisão do juiz e que durante a avaliação o casal é
questionado. “Isso não pesa na decisão do juiz, até porque temos que
avaliar que o casal está colocando aquilo que dá conta. Isso na
avaliação é positivo. Às vezes é uma situação a ser trabalhada, porque e
se fosse um filho natural, como seria?”, ressalta.
CENTRO DE ACOLHIMENTO DE ARCOS ABRIGA 15 CRIANÇAS
Segundo Luciana Longa, atualmente não há crianças disponíveis para
adoção em Arcos. A assistente social diz que há processos de destituição
familiar, ou seja, processo de retirada da criança do seio familiar.
Quinze crianças estão no centro de acolhimento municipal, por motivos
variados, aguardando processos de natureza jurídica que poderão
devolvê-las ao seio familiar ou disponibilizá-las para adoção.
ADOÇÕES EM ARCOS EM 2011
Segundo informações obtidas junto ao Fórum de Arcos, cinco processos de
adoção iniciados em outros anos foram concluídos em 2012.
Número de adoções por meio do CNA (Cadastro Nacional de Adoção) - 0
Número de adoções fora do CNA - 0
Número de processos de adoção iniciados em 2012 - 6
Número de processos de adoção com início e trânsito em julgado em 2012 - 0
Número de processos de adoção iniciados em outros anos e com trânsito em julgado em 2012 - 5
A assistente social concluiu aconselhando as pessoas que desejam adotar
uma criança para buscar os meios legais. “ [...] Procure o Fórum o
quanto antes para fazer o cadastro, porque é um processo demorado e a
gente sabe a ansiedade que o casal tem, ou a pessoa tem quando quer ser
mãe ou pai. Para o cadastro ser aprovado, leva-se em média de 6 meses a 1
ano, aproximadamente, depois depende do perfil da criança. [...] O mais
importante é saber que no processo de adoção, o que a gente prioriza
não é atender as exigências daquele pretendente, mas compreender qual a
melhor família para aquela criança. Então, a adoção é um meio da criança
acessar o direito a ter família, de ter convivência familiar”, conclui.
http://www.jornalcco.com.br/noticia/3790/Adocoes--buscar-os-meios-legais-garante-seguranca-para-pais-e-criancas
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