 Delegado Geraldo da Costa vai enviar ofício para a polícia
Delegado Geraldo da Costa vai enviar ofício para a polícia
 da Bahia (Foto: Alexandre Morais / G1) 
Após divulgar o início das investigações sobre um esquema de venda de 
bebês através de uma comunidade do Facebook, a Polícia Civil de 
Pernambuco anunciou, nesta quarta-feira (31), que abriu inquérito para 
apurar a suposta comercialização de uma recém-nascida através de outra 
página da mesma rede social. A negociação foi discutida entre a mãe da 
criança, uma universitária de 19 anos, moradora do 
Recife,
 com uma mulher de Salvador (BA), interessada inicialmente em fazer uma 
adoção. Segundo o delegado da Gerência de Polícia da Criança e do 
Adolescente (GPCA), Geraldo da Costa, a estudante divulgou na internet 
que venderia a filha por R$ 50 mil.
 
| Veja trecho do diálogo entre a mulher interessada em adotar e a universitária pernambucana: | 
|---|
| Denunciante - "Vi seu post sobre a menina, ela é sua? Vc está dando para adoção?" 
 Denunciante
 - "Se você quiser mandar fotos ou falar melhor por email o motivo de vc
 estar doando a neném, eu agradeço, pq quero adotar uma criança, 
inclusive fui na Vara da Infância e da Juventude para pegar informações e
 as documentações que são necessárias, e sei que demora muito o processo
 é mto lento, mais vou tentar!! Me manda notícias.
 
 Universitária
 - Não estou com condições de criar essa bebê pois já tenho dois filhos 
tbm, ela foi prematura de 6 meses, está na neo de um hospital, mas ela 
não nasceu com problema nenhum, só está lá para poder ganhar peso. está 
se alimentando por uma sondinha e provavelmente em breve tomar leite na 
xuquinha, hj a registrei só no meu nome, mas se vc quiser passar p o seu
 caso vc fique com ela mesmo, não terá problema nenhum, bom uma parte da
 história é essa, vou te enviar uma foto dela.
 
 Denunciante
 - Ah, que linda. Como posso fazer contato com vc, pq se vc já a 
registrou, teremos que ir a Vara da Infância e Juventude para vc 
solicitar a adoção, ou veja com a Assistente Social do hospital como 
pode proceder, pq daí qdo estiver prestes a sair do hospital podemos 
combinar de nos vermos e fazer o procedimento. Pq me interessei e muito 
nela!
 
 Universitária - Olha só, tem outros dois 
casais que se interessaram nela também, e assim, não sei se você sabe, 
mas uma neo de um hospital particular é caro, e quando ela receber alta 
teremos que arcar com um prejuízo enorme do plano de saúde, tem um dos 
casais que se dispôs a nos dar uma ajuda de custo de 50.000 só que esse 
valor ainda não cobre o prejuízo, estamos procurando alguém que possa 
nos ajudar, mas com um valor maior, para cobrirmos todos os gastos.
 
 Denunciante - Me manda tudo as coisas certinho que vejo com meu esposo e nos falamos.
 
 Universitária - Como te falei, você se interessaria desta maneira mesmo, nos ajudando?
 
 Denunciante - Me interesso sim, mas preciso de informações mesmo, para passar pro meu esposo e darmos procedência nesse assunto
 
 Universitária
 - Não temos interesse em manter vínculo depois com a bebê, não se 
preocupe em relação ao registro. se eu autorizar vc passar para seu nome
 não tem problema algum, até pq o registro não tem o nome do pai, só o 
meu mesmo. me diga quais informações você quer que te passo
 
 Denunciante - Gostaria de saber o nome dela certinho, seu nome, se vc sabe qdo ela vai sair, dê mais informações.
 
 Universitária
 - O nome dela é..., o meu nome é.... Ela só está esperando ganhar peso 
para poder sair, ela só pode sair com 2kg e atualmente está com 1kg. 
então... só depende disso, ela já respira sozinha.
 
 Universitária
 - Oi, estás aí? Tiramos mais fotos dela hj. Como vc pode ver, ela 
respira sozinha. Só está com a sonda para se alimentar. Agora é só ela 
engordar e isso é questão de tempo, ela é bem espertinha.
 
 Denunciante - Oh meu Deus, que bênção! Não consegui contato agora com meu esposo, só amanhã, e te darei uma resposta.
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 A denúncia chegou até a polícia depois que a moradora da Bahia 
informou o caso às autoridades. “A mulher que queria comprar a criança 
mandou e-mail para o Ministério Público aqui em 
Pernambuco,
 informando que uma mãe estava leiloando a filha pela internet. Aí o 
MPPE acionou o Conselho Tutelar e mandou ofício para a delegacia para 
que fosse instaurado inquérito”, contou o delegado. Apesar de as 
informações terem sido divulgadas hoje para a imprensa, as investigações
 começaram há cerca de um mês.
 Em depoimento à polícia, a universitária afirmou que decidiu vender a 
criança porque estava assustada. De acordo com a polícia, ela já é mãe 
de dois filhos e mora em um bairro de classe média da Zona Norte da 
capital pernambucana. “Ela confessou que ofereceu o filho por R$ 50 mil 
para essa mulher de 
Salvador.
 Acrescentou que ficou assustada porque não sabia que estava grávida e 
teve a criança prematuramente, o bebê nasceu no sexto mês de gestação. 
Também disse que só tomou conhecimento da gravidez no momento do parto 
e, depois disso, entrou em um estado de loucura e resolveu vender a 
criança”, detalhou Geraldo da Costa.
 Nas conversas entre as duas, retiradas do Facebook pela polícia, a mãe 
comentou que o dinheiro seria usado para cobrir as despesas médicas da 
maternidade e que já haveria um casal interessado em comprar a criança. 
No entanto, segundo a polícia, a bebê nasceu em um hospital particular 
da capital pernambucana e morreu este mês.
 Ainda de acordo com o delegado, a mãe ressaltou que, hoje, com a 
sanidade mental recuperada, jamais venderia a filha. “Porém a gente 
apura o crime, ela já ofereceu [a bebê para venda], então houve crime. 
Se o problema dela foi realmente de sanidade, só a Justiça vai 
analisar”, pontuou. Geraldo da Costa informou que só falta ouvir o 
namorado da estudante na época em que ela teve a criança para concluir o
 inquérito. “Fomos informados de que ele está viajando. Queremos saber 
se ele tem participação na negociação pela internet”.
 Como não houve flagrante, a estudante continua em liberdade, mas o 
delegado antecipou que ela deve ser indiciada conforme o artigo 238 do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê pena de 1 a 4 anos
 de reclusão mais multa para quem oferece o filho mediante promessa de 
pagamento de recompensa.
 A Polícia Civil de Pernambuco vai enviar ofício solicitando que a 
polícia baiana também apure a responsabilidade da moradora de Salvador 
interessada em comprar o recém-nascido. “À princípio, ela é a 
denunciante, mas vamos mandar ofício para a delegacia de lá para 
investigar a real intenção dela”, concluiu o delegado.
 
Esquema ilegal
 Foi retirada do ar, na tarde desta quarta (31), 
a comunidade onde mulheres grávidas ofereciam bebês a interessados em adotar uma criança,
 cobrando de R$ 7 mil a R$ 10 mil pela transação. Responsável pelo caso,
 o delegado da GPCA, Ademir de Carvalho, informou que a polícia trabalha
 para tentar identificar os envolvidos no esquema. “Estamos aguardando 
mais informações, solicitadas ao Facebook, e procurando os 
responsáveis”.
 A Polícia Civil do estado foi avisada sobre a negociação na rede social
 pela promotora da Infância e Juventude, Daiza Cavalcanti. “Logo que 
tomei conhecimento, comuniquei à autoridade policial e fizemos um ofício
 conjunto pedindo a retirada da página da comunidade do ar. Eu fiquei 
chocada. É uma prática ilegal. Não tem nenhum respaldo jurídico. É um 
crime”, comentou.
 Procurada pelo 
G1, uma das mulheres que fez uma 
publicação no perfil e deixou número de telefone para adotar um bebê 
negou a negociação. Moradora do Rio de Janeiro, ela relatou que está 
grávida de três meses e desconhecia a existência da comunidade. “Eu 
estou grávida. Como vou adotar? Eu tenho até Facebook, mas nunca deixei 
mensagem pedindo criança ou oferecendo meu filho. Estou pensando em 
prestar queixa na polícia, não fui eu que escrevi”, explicou.
 No início da noite, o delegado Ademir de Carvalho também afirmou que 
irá solicitar ao Facebook que retire do ar a outra página onde a 
universitária do Recife tentou vender a filha por R$ 50 mil. Em nota, a 
assessoria de imprensa da rede social informou que não comenta casos 
específicos. Ressaltou que “na plataforma há um 
procedimento para denunciar conteúdos, que traz uma série de informações”.
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/07/universitaria-e-investigada-por-tentar-vender-filha-por-r-50-mil-no-facebook.html