25/07/2013
Gabi Santos - Hoje em Dia
“Hoje posso dizer que sou feliz”. Com esse desabafo, o cabeleireiro
Francisco Wellington Carvalho da Silva, de 42 anos, comemorou a decisão
da Justiça de Minas Gerais, que concedeu a ele e a seu companheiro, o
mecânico William Ferreira Neri, de 42, a adoção de um menino de 6 anos.
A criança, que sofre de uma paralisia cerebral parcial, carrega agora o
sobrenome dos novos pais. O menino José Diogo Neri da Silva já era
criado como filho, desde os 2 anos, por Francisco e William, que vivem
no aglomerado da Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste da capital.
A adoção de uma criança com tantos problemas de saúde, autorizada a um
casal homoafetivo, é caso raro no país, afirma a advogada Luíza Helena
Simonetti Xavier, vice-presidente da Comissão de Proteção à Infância e
Adolescência da OAB-MG.
“Saber que nada mais vai tirar o Diogo da
gente é motivo de muita felicidade”, comemora o cabeleireiro, que
relembra a luta de anos para conseguir a adoção parental. A nova
certidão de nascimento de José Diogo foi emitida, com autorização da
Vara da Infância e da Juventude, pelo Cartório de Registro Civil das
Pessoas Naturais de Congonhas, na região Central, onde foi apresentado o
recurso inicial.
Francisco Wellington fez questão de mostrar o
documento. No campo “mãe”, vem o nome do cabeleireiro e, no “pai”, o do
mecânico. A certidão traz ainda os nomes dos avós maternos e paternos.
Agora, o casal se diz tranquilo. “Antes, a gente ficava com muita
insegurança porque o medo era de que Diogo fosse tirado do nosso
convívio”, afirmou o cabeleireiro, que abandonou a profissão para se
dedicar exclusivamente aos cuidados do menino, que não fala, não ouve e
não anda.
“Agora, tenho certeza de que o Diogo é meu filho também
do ponto de vista legal. Sofremos muito para chegar até aqui, mas valeu a
pena porque foi feita justiça”. O garoto foi abandonado pela mãe
biológica, alcoólatra e usuária de drogas, e pelo pai, traficante de
drogas, quando tinha menos de 2 anos.
Todas as deficiências físicas
da criança podem ter sido provocadas, segundo pareceres médicos, por
impiedosos espancamentos aplicados pelos antigos pais, que estão
desaparecidos. Aos 5 meses, a criança deu entrada no João XXIII (HPS)
com vários ferimentos e fraturas.
Foi a partir desse abandono que o
menino passou a ser cuidado por Francisco Wellington Carvalho da Silva,
na época travesti que se prostitua na noite de Belo Horizonte. Ele
cuidava dessa criança excecpional carregando-a no colo, vestida de
mulher, por onde andava, atraindo as atenções e o repúdio geral, por
causa do preconceito. "Essa criança surgiu para mudar a minha história",
afirma o cabelereiro. "É o prêmio da minha vida".
“Muitos casais
homoafetivos se sentem inclinados a promover adoções porque são pessoas
mais abertas, que também se sentem abandonados, carentes, e querem
passar para crianças que cuidam ou que adotam, os cuidados e a proteção
que não tiveram de seus pais.
"A gente não pode esquecer que o mais
importante, nesses casos de adoções, não é saber se o casal que assume a
adoção é homoafetivo ou formado por homem e mulher. O que deve prevaler
e o que importa mesmo é saber se a criança adotada está recebendo
cuidados essenciais. A sociedade deve abraçar e se solidarizar com os
programas de adoções, para que muitas crianças sejam acolhidas e, entre
elas, as que possuem problemas de saúde, principalmente as
excepcionais”, afirma a advogada da OAB Luíza Helena Simonetti Xavier.
Maria Cristina Pellegrino, advogada que acompanhou, como leitora, o
caso da pretensão do casal homoafetivo de adotar o menino, disse ao Hoje
em Dia que a decisão judicial favorável para a adoção do menor dá mais
segurança para os agora pais do menino. E poderá, futuramente, favorecer
o casal formado por William e Francisco em caso de ações a serem
apreciadas pela Justiça.
ADOÇÕES
Números de processos com sentenças de adoções deferidas:
2.010 - 393
2.011 - 636
2.012 - 826
2.013 - (maio) 2.013
Crianças e adolescentes aptos para adoções no País:
Aptos para adoção: 5.387
Em processo de adoção (até maio): 394
Processos com crianças/adolesceantes adotados: 1.110
Casais que pretendem adotar: 29.707 (até maio).
Fonte: Cadastro Nacional de Adoção/Conselho Nacional de Justiça
http://www.hojeemdia.com.br/ minas/ justica-autoriza-adoc-o-de-cria nca-por-casal-homossexual-1.15 0438
Francisco Wellington Carvalho da Silva comemorou decisão da adoção ao lado de William Ferreira Neri (Foto: Ricardo Bastos).
http://www.hojeemdia.com.br/ minas/ justica-autoriza-adoc-o-de-cria nca-por-casal-homossexual-1.15 0438
— com Luiza Helena Simonetti Xavier.
25/07/2013
Gabi Santos - Hoje em Dia
“Hoje posso dizer que sou feliz”. Com esse desabafo, o cabeleireiro Francisco Wellington Carvalho da Silva, de 42 anos, comemorou a decisão da Justiça de Minas Gerais, que concedeu a ele e a seu companheiro, o mecânico William Ferreira Neri, de 42, a adoção de um menino de 6 anos.
A criança, que sofre de uma paralisia cerebral parcial, carrega agora o sobrenome dos novos pais. O menino José Diogo Neri da Silva já era criado como filho, desde os 2 anos, por Francisco e William, que vivem no aglomerado da Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste da capital.
A adoção de uma criança com tantos problemas de saúde, autorizada a um casal homoafetivo, é caso raro no país, afirma a advogada Luíza Helena Simonetti Xavier, vice-presidente da Comissão de Proteção à Infância e Adolescência da OAB-MG.
“Saber que nada mais vai tirar o Diogo da gente é motivo de muita felicidade”, comemora o cabeleireiro, que relembra a luta de anos para conseguir a adoção parental. A nova certidão de nascimento de José Diogo foi emitida, com autorização da Vara da Infância e da Juventude, pelo Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Congonhas, na região Central, onde foi apresentado o recurso inicial.
Francisco Wellington fez questão de mostrar o documento. No campo “mãe”, vem o nome do cabeleireiro e, no “pai”, o do mecânico. A certidão traz ainda os nomes dos avós maternos e paternos.
Agora, o casal se diz tranquilo. “Antes, a gente ficava com muita insegurança porque o medo era de que Diogo fosse tirado do nosso convívio”, afirmou o cabeleireiro, que abandonou a profissão para se dedicar exclusivamente aos cuidados do menino, que não fala, não ouve e não anda.
“Agora, tenho certeza de que o Diogo é meu filho também do ponto de vista legal. Sofremos muito para chegar até aqui, mas valeu a pena porque foi feita justiça”. O garoto foi abandonado pela mãe biológica, alcoólatra e usuária de drogas, e pelo pai, traficante de drogas, quando tinha menos de 2 anos.
Todas as deficiências físicas da criança podem ter sido provocadas, segundo pareceres médicos, por impiedosos espancamentos aplicados pelos antigos pais, que estão desaparecidos. Aos 5 meses, a criança deu entrada no João XXIII (HPS) com vários ferimentos e fraturas.
Foi a partir desse abandono que o menino passou a ser cuidado por Francisco Wellington Carvalho da Silva, na época travesti que se prostitua na noite de Belo Horizonte. Ele cuidava dessa criança excecpional carregando-a no colo, vestida de mulher, por onde andava, atraindo as atenções e o repúdio geral, por causa do preconceito. "Essa criança surgiu para mudar a minha história", afirma o cabelereiro. "É o prêmio da minha vida".
“Muitos casais homoafetivos se sentem inclinados a promover adoções porque são pessoas mais abertas, que também se sentem abandonados, carentes, e querem passar para crianças que cuidam ou que adotam, os cuidados e a proteção que não tiveram de seus pais.
"A gente não pode esquecer que o mais importante, nesses casos de adoções, não é saber se o casal que assume a adoção é homoafetivo ou formado por homem e mulher. O que deve prevaler e o que importa mesmo é saber se a criança adotada está recebendo cuidados essenciais. A sociedade deve abraçar e se solidarizar com os programas de adoções, para que muitas crianças sejam acolhidas e, entre elas, as que possuem problemas de saúde, principalmente as excepcionais”, afirma a advogada da OAB Luíza Helena Simonetti Xavier.
Maria Cristina Pellegrino, advogada que acompanhou, como leitora, o caso da pretensão do casal homoafetivo de adotar o menino, disse ao Hoje em Dia que a decisão judicial favorável para a adoção do menor dá mais segurança para os agora pais do menino. E poderá, futuramente, favorecer o casal formado por William e Francisco em caso de ações a serem apreciadas pela Justiça.
ADOÇÕES
Números de processos com sentenças de adoções deferidas:
2.010 - 393
2.011 - 636
2.012 - 826
2.013 - (maio) 2.013
Crianças e adolescentes aptos para adoções no País:
Aptos para adoção: 5.387
Em processo de adoção (até maio): 394
Processos com crianças/adolesceantes adotados: 1.110
Casais que pretendem adotar: 29.707 (até maio).
Fonte: Cadastro Nacional de Adoção/Conselho Nacional de Justiça
http://www.hojeemdia.com.br/
Francisco Wellington Carvalho da Silva comemorou decisão da adoção ao lado de William Ferreira Neri (Foto: Ricardo Bastos).
http://www.hojeemdia.com.br/
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