LICENÇA MATERNIDADE PARA CASAIS GAYS ESTÁ EM ESTUDO
27.07.2013
Iniciativa do Conselho Nacional de Justiça quer garantir mais direitos para os homossexuais
IG
Dois meses após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editar a Resolução
175, que obriga os cartórios brasileiros a celebrar casamentos de
pessoas do mesmo sexo, casais homossexuais podem ter outros direitos
civis reconhecidos. Agora, o conselho discute internamente a
possibilidade de os casais homoafetivos do sexo masculino possam, a
exemplo das mulheres, tirar licença remunerada para cuidar dos filhos.
Na avaliação do conselheiro Guilherme Calmon, essa nova realidade é
evidente nos casos em que os casais têm filhos adotados ou frutos de
reprodução assistida. A iniciativa deixa claro os novos modelos de
famílias cada vez mais comuns na sociedade brasileira.
“A exemplo
dos casais heterossexuais, dois homens ou duas mulheres que juntos
decidem adotar uma criança, por exemplo, também terão acesso a
benefícios assistenciais e sociais, como são as licenças previstas em
lei para os casais héteros”, afirma.
De acordo com a atual
legislação trabalhista e a nova lei da adoção, qualquer mulher que
consiga a guarda de uma criança tem direito a 120 dias de
licença-maternidade, independentemente da idade do adotado ou do estado
civil da mãe, mas não vale para os homens.
Os casais homoafetivos,
por exemplo, ou mesmo os solteiros que desejarem adotar, não têm direito
a nenhum benefício. Para Cláudio Nascimento, superintendente da
Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio, a
iniciativa do CNJ vai equiparar direitos civis que já deveriam ter sido
reconhecidos.
“Esperamos que a decisão realmente saia do papel para
garantir aos casais homoafetivos a possibilidade de aproveitar a
maternidade ou paternidade, assim como é para os heterossexuais Será um
passo importante para a construção de um estado realmente laico e que
respeita o direito dos cidadãos no Brasil”, analisa.
FALTAM LEIS ESPECÍFICAS PARA O ASSUNTO
A Câmara Federal têm 12 projetos de lei em tramitação que tratam da
licença maternidade apenas para homens solteiros que adotam crianças,
mas sem previsão de votação. De acordo com Fernando Gabeira, jornalista e
ex-deputado federal, a iniciativa do CNJ é importante para reabrir
discussões polêmicas.
“Primeiro é preciso legalizar a questão da
adoção de crianças por homossexuais que segue sem definição. Feito isso,
a licença maternidade deve ser concedida porque é um direito civil
desrespeitado pelo Estado”, destaca.
O tema ainda não é
regulamentado por lei, mas existe decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) que garante a possibilidade de homossexuais adotarem crianças ou
adolescentes. Para o juiz Reinaldo Cintra, membro da Coordenadoria da
Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo, a discussão é
necessária e importante para o país.
“Não sei até que ponto o CNJ
pode induzir as decisões sobre a concessão da licença maternidade para
casais gays. Acredito que o assunto, caso se transforme em uma
resolução, pode esbarrar nas diferentes interpretações do Executivo”,
ressalta.
ESTÍMULO PARA A ADOÇÃO
A adoção de crianças por
casais homoafetivos no Brasil causa polêmica e divide a política
nacional: de um lado a bancada evangélica tenta barrar qualquer projeto
sobre o tema e, do outro, militantes do movimento gay que buscam na
Justiça os direitos LGBT.
“Caso vire uma resolução, será um
facilitador para que casais homoafetivos coloquem em prática o sonho da
adoção. Esses casais têm os mesmos direitos dos heterossexuais”, diz o
juiz Reinaldo Cintra, da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJ-SP.
Os casais gays do sexo masculino que desejarem ter um tempo maior com
os filhos têm a opção de recorrer ao Conselho de Recursos da Previdência
Social e em último caso à Justiça. A discussão iniciada pelo Conselho
Nacional de Justiça também pode colocar em pauta a licença paternidade
que hoje é de apenas cinco dias.
“Esse é um dos questionamentos que
devem ser levados ao Legislativo, para que sejam tratados de forma mais
adequada”, explica o conselheiro do CNJ Guilherme Calmon.
http://gazetaweb.globo.com/mobile/noticia.php?c=346057&e=17
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