domingo, 14 de julho de 2013

Última palavra

Algumas palavras de uma família com filhos.

Curar e esquecer

Toda criança adotada sabe que foi abandonada pela mãe biológica. Isso é como um braço quebrado, com o tempo cura, mas não desaparece. Pode  ficar mais forte do que antes, ou não. Vai depender de como for cuidado. Fique forte ou frágil, se você passar a mão lá, sentirá o calombo onde o osso quebrou. Não quer dizer que a criança não crescerá ou terá a mesma vida que outra que não quebrou o braço. Curar não é esquecer, mas pode ser suficiente.

Adoção não é um segredo, mas também não é medalha

Uma pergunta frequente é se devemos falar ou não para as pessoas que nossos filhos são adotados.
A decisão é sua e vai sempre depender da situação.
É preciso falar ao médico, que o histórico médico do seu filho não é o seu. Mas não é preciso falar para os vizinhos, afinal, você não conta tudo para eles, conta?
Em resumo, pense nas muitas coisas que acontecem numa família, você conta tudo? Não, às vezes por falta de oportunidade ou de motivo. Mas, se houver motivo, conte, não tenha vergonha disso.
Também não faça disso o orgulho de sua vida, algo que é o assunto de todos os dias, contado para cada pessoa que você encontra. Sua mãe contou como foi o seu parto para todo mundo? Espero que não. Então não precisa falar sobre a adoção de seu filho sempre. Fale sobre as notas dele e que agora sabe arrumar o quarto, ou que ainda não sabe, mas está aprendendo.

Pense em você, em quais são seus limites

Você precisa pensar em quais são seus limites. Você pode adotar irmãos? Tem dinheiro para isso? Há pessoas que podem ajudá-lo nessa tarefa? Avós, primos, vizinhos? Você tem saúde para correr atrás de uma criança aprendendo a andar? Sabe quanto custa a escola onde quer colocar seu futuro filho?
Essas são algumas questões que devem ser pensadas, mas há outras.
Para algumas pessoas, filhos são aqueles que carregam o mesmo sangue, que se parecem com os tios e avôs. Esses não deveriam adotar, porque nenhuma criança adotada será assim.
Outras pessoas não querem ter um filho que não seja da mesma cor que os pais, ou que tenha lembranças de uma família anterior. Novamente, pensem bem antes de adotar. Mesmo os bebês adotados têm uma história anterior, que eventualmente é lembrada numa consulta médica ou numa reunião de família. O passado não pode ser apagado.

Nem tudo é adoção

Fizemos um pequeno silêncio. Então eu disse:
Rimos todos. A orientadora falou:

Meu nome é Mariana, e o dele é Uelinton

Uma pequena pausa no grupo, e a mãe se manifesta.

Procure auxílio quando necessário

A orientadora sentiu que a mãe do Fabinho ainda estava um pouco indecisa.

Amor e compromisso

Muita gente vai falar que adotar é uma questão de amor. Essas crianças precisam de amor, mas precisam mais ainda de compromisso. Afinal, elas estão lá porque alguém não pode cumprir o compromisso de cuidar delas.
Compromisso é cuidar delas mesmo quando as coisas não forem tão bem assim.
Compromisso é lembrar que nós somos os adultos e elas são as crianças, portanto, nós precisamos ter juízo, e elas aprenderem a ter juízo.
Compromisso é estar disponível todo dia, pelos próximos meses e anos. Mas tire um final de semana de férias de vez em quando, deixando as crianças com a avó, tios ou amigos.
Compromisso é não desistir, embora às vezes pense nisso.
Compromisso é sorrir quando tiram boas notas e ajudar quando as notas não são boas.

http://www.portaldaadocao.com.br/roteiro-para-adocao/ultima-palavra 

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