terça-feira, 2 de julho de 2013

CASAL QUER ADOTAR BEBÊ ABANDONADA NUA DE MADRUGADA EM RUA DO DF


02/07/2013
Criança sobreviveu a mais de 3 horas sob temperatura de 14º centígrados. Ela teve alta nesta terça e deve ir para abrigo; polícia tenta identificar mãe.
Do G1 DF

Recebeu alta nesta terça-feira (2) a bebê recém-nascida que foi abandonada sem roupa, na madrugada de domingo, em uma rua do Recanto das Emas, no Distrito Federal. A criança sobreviveu por mais de três horas sob uma temperatura de 14 graus centígrados. A polícia procura pela mãe, que pode ser indiciada por abandono de incapaz, crime que tem pena prevista de seis meses a três anos de prisão. Agora, um policial militar aposentado e a mulher dele querem adotar a recém-nascida.

“A gente já quer registrar e dar os direitos a ela. Plano de saúde e tudo mais”, disse o policial aposentado Hugo Fonseca. “Minha esposa já falou do interesse de ficar e eu também quero.” Fonseca e a mulher, Lia Sobrinho, têm dois filhos, de 8 e 3 anos. “Eu sempre quis ter uma filha Camila, e como já chamaram ela de Vitória eu vou colocar Camile Vitória”, afirmou.

O processo de adoção, porém, pode ter um trâmite longo e complicado. O conselheiro tutelar do Recanto das Emas, Pedro Macedo, disse que a mãe da criança está sendo procurada. Uma vez identificada, a família e a mãe são encaminhadas para atendimento psicológico, para avaliar se têm condições e interesse em ficar com a criança.
A médica disse que em 15 minutos ela morreria por hipotermia. Eu desejo a ela tudo de bom, uma família pra cuidar dela. E enquanto eu for viva vou orar por ela. Ela começou a vida muito sofrida, foi jogada fora"
Maria das Graças Bastos, dona de casa que achou a recém-nascida em uma rua do Recanto das Emas

“O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que primeiro a mãe e o pai podem ter a guarda, depois a família extensa e por último [a criança] é [enviada ] à adoção. E para adoção a pessoa tem que estar cadastrada na fila”, explica Macedo.

Após receber alta do hospital entra em contato com o conselho e a criança é levada para casa de um familiar, se algum for identificado, ou para um abrigo. “Para uma guarda provisória [o interessado] tem que ter algum vínculo. Sem nenhum vínculo familiar é mais difícil. Mas a decisão depende do juiz da vara da infância”, disse o conselheiro.
O policial Fonseca disse ter procurado um advogado para que possa orientar a família e nesta terça (2) à tarde se inscreveria no programa de adoção. “Ontem o pessoal da polícia explicou que é difícil, que tem que achar a mãe, tentar entender o que aconteceu, se a família quer ficar e em último caso vai pra adoção” disse Lia, que tenta não perder a esperança.
Enquanto cuidam das questões burocráticas relacionadas à adoção da bebê, o casal pensa em uma reforma que daria espaço na casa para o quarto da criança. Os filhos do casal vibram com a possibilidade de ganhar uma irmã. “Eu até dou minha cama para ela. Eu vou ajudar a cuidar dela”, fala Paulo Ricardo, de 8 anos.

ABANDONO
A menina recém-nascida foi encontrada no domingo, às 6h30, pela dona de casa Maria das Graças Bastos, moradora do Residencial Dom Francisco, que havia saído cedo de casa para caminhar, apesar de estar com o pé machucado. “Parecia que Deus me acordou e mandou eu ir”, afirmou.
No caminho ela escutou um choro de criança quando passava próxima a um muro e se assustou ao ver a recém-nascida, sem nenhuma roupa, suja e ainda com o cordão umbilical. “É muito difícil você ver uma bebê, um neném no chão, do jeito que eu vi. Ela estava peladinha, parecia estar geladinha, com as mãos fechadas, no frio, tremendo. Não tinha nada, só um pano no chão todo sujo”, disse Maria.
Ela pediu ajuda a um vizinho. “Ele arrancou a camisa dele, embrulhou a bebê e a levou para casa. Ele disse para o acompanhar. Ele me deu a bebê pra segurar e foi chamar a polícia. A esposa dele e a filha tentaram esquentar a bebê e disseram que ela estava uma pedra de gelo”, disse.
Ao chegar ao hospital, a dona de casa foi informada que se a criança não tivesse sido socorrida naquele momento, teria morrido de frio. “A médica disse que em 15 minutos ela morreria por hipotermia. Eu desejo a ela tudo de bom, uma família pra cuidar dela. E enquanto eu for viva vou orar por ela. Ela começou a vida muito sofrida, foi jogada fora”, disse.
A dona de casa afirmou que não quer adotar a bebê. Ela já é mãe adotiva de quatro filhos – de uma menina que a mãe deixou no hospital, de um sobrinho, de um menino que a mãe deu com um mês de vida e de outro que a mãe, que tinha 17 anos, deu seis dias após o nascimento da criança. “Eles foram uma bênção de Deus. Eu não podia ter filhos.”
O polícia aposentado Hugo Fonseca com a mulher, Lia, os filhos e a dona de casa Maria das Graças, que encontrou a recém-nascida (Foto: Gabriella Julie/G1)
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/07/casal-quer-adotar-bebe-abandonada-nua-de-madrugada-em-rua-do-df.html

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