25/10/2013
Jovem de 17 anos contou pela internet que sofreu abuso do pai adotivo.
Menores estariam em abrigo na Itália; ACAF e autoridades italianas
apuram.
Do G1 São Carlos e Araraquara
Uma mãe de Rio Claro
(SP) enfrenta um drama para tentar reaver a guarda de duas filhas, de 12
e 17 anos, que não vê há sete anos e foram adotadas por um casal
italiano. A enxugadora de carros Sônia Messore perdeu a guarda das
meninas em 2006, quando foi presa pela segunda vez por tráfico de
drogas. A angústia aumentou quando a mais velha disse, pela internet,
que estaria sofrendo abuso sexual do pai adotivo e, por isso, ambas
teriam sido levadas para um orfanato.
A Autoridade Central
Administrativa Federal (ACAF), órgão brasileiro que promove e acompanha
as adoções internacionais, acompanha o caso, que também é investigado
pelas autoridades italianas.
“Eu sofria menos quando estava detida.
Na prisão eu não estava sabendo de nada disso, era outra coisa que
passava na minha cabeça, hoje estou sabendo de um monte de coisa que
acontece com as minhas filhas e não posso fazer nada”, declarou Sônia.
Na época, as três filhas de Sônia foram morar com o pai, em Araraquara,
mas após uma denúncia de maus-tratos elas foram encaminhadas para um
abrigo na cidade. Dois anos depois, quando ainda estava presa, a mãe
soube que as filhas tinham sido adotadas. “O juiz mandou duas para a
Itália, a mais velha e a mais nova. A do meio ficou no abrigo. Foi aí
que começou o sofrimento, porque o juiz falou que não tinha mais como eu
fazer nada”, contou.
BUSCAS
Após cumprir a pena, Sônia
iniciou uma busca pelas meninas, que foram vistas por uma tia em
Araraquara, no final de 2011. “Minha irmã viu a mais nova e a mais velha
sentadas em frente a um hotel e elas foram conversar dentro de uma
igreja. As meninas contaram que a irmã do meio tinha ficado no Brasil,
mas o casal italiano que adotou as duas chegou e tiveram que acabar a
conversa”.
A mãe conseguiu a guarda provisória da filha do meio, que
chegou a conhecer o casal que adotou as irmãs, mas se recusou a ir
junto.
SUPOSTO ABUSO SEXUAL
As três irmãs mantinham contato
pela internet e foi assim que Sônia passou a conversar com frequência
com a filha mais velha, que fez um desabafo para a mãe. “Em agosto do
ano passado, eu descobri que ela estava sofrendo abuso sexual do próprio
pai que a adotou. Falei para denunciar, mas ela tinha medo porque o pai
dizia que ela ia parar em um orfanato italiano. Até que uma professora,
com quem minha filha conversou, chamou a polícia”, relatou Sônia.
Por meio de uma rede social, a adolescente de 17 anos contou que estava
vivendo com a irmã e os pais adotivos na cidade de Nápoles e, após a
denúncia, foi levada para um abrigo na cidade de Noli. As garotas
esperam uma decisão da Justiça italiana. Não há informações sobre o
casal italiano.
ACOMPANHAMENTO DO CASO
De acordo com a
assessoria de imprensa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República, responsável pela Autoridade Central Administrativa Federal
(ACAF), que faz a intermediação e acompanhamento de adoções
internacionais, o caso é acompanhado desde que a denúncia foi feita, em
uma data não informada.
Ainda segundo a assessoria, por iniciativa
da ACAF, juntamente com autoridades italianas, o processo penal foi
aberto e as adolescentes acolhidas. Contudo, o órgão solicitou e ainda
aguarda informações sobre a localização das menores no país e sobre as
investigações do suposto caso de abuso.
Sobre o retorno delas ao
Brasil, a assessoria explicou que isso depende da Justiça italiana, que
passou a ser responsável pela situação das adolescentes. "Caso a mãe
tenha interesse em estabelecer os vínculos, teríamos que indicar isso
para as autoridades italianas que tomariam as providências para analisar
o caso e determinar o retorno, se assim entenderem ser o melhor para as
adolescentes", informou um trecho da nota.
A mãe das adolescentes disse que vai procurar um advogado para conseguir dar andamento ao caso e recuperar as filhas.
GUARDA
Segundo advogado Peterson Santilli, da Comissão de Infância da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), a mãe biológica enfrenta duas situações
muito difíceis de serem revertidas: a perda da guarda das filhas e o
fato delas terem sido levadas para outro país. Quando as crianças são
adotadas, os pais biológicos perdem o direito sobre os filhos e, como o
suposto crime de abuso sexual foi cometido na Itália, o caso passa a ser
de responsabilidade da Justiça italiana.
“A mãe perdeu o poder
familiar. Dessa forma, ela poderia pleitear a adoção dessas
adolescentes, mas para isso ela tem que se cadastrar no Fórum e passar
por todo um requisito para pleitear essa adoção. Complica-se porque o
processo deve ocorrer na Itália e não no Brasil”, afirmou Santilli.
Adolescente disse para a mãe que sofria abuso sexual do pai adotivo (Foto: Cesar Fontenele/EPTV)
Mãe guarda recordações das filhas que foram adotadas por casal italiano (Foto: Cesar Fontenele/EPTV)
http://g1.globo.com/sp/ sao-carlos-regiao/noticia/2013/ 10/ ex-presidiaria-tenta-reaver-gua rda-de-duas-filhas-adotadas-po r-casal-italiano-rio-claro.htm l
25/10/2013
Jovem de 17 anos contou pela internet que sofreu abuso do pai adotivo. Menores estariam em abrigo na Itália; ACAF e autoridades italianas apuram.
Do G1 São Carlos e Araraquara
Uma mãe de Rio Claro (SP) enfrenta um drama para tentar reaver a guarda de duas filhas, de 12 e 17 anos, que não vê há sete anos e foram adotadas por um casal italiano. A enxugadora de carros Sônia Messore perdeu a guarda das meninas em 2006, quando foi presa pela segunda vez por tráfico de drogas. A angústia aumentou quando a mais velha disse, pela internet, que estaria sofrendo abuso sexual do pai adotivo e, por isso, ambas teriam sido levadas para um orfanato.
A Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF), órgão brasileiro que promove e acompanha as adoções internacionais, acompanha o caso, que também é investigado pelas autoridades italianas.
“Eu sofria menos quando estava detida. Na prisão eu não estava sabendo de nada disso, era outra coisa que passava na minha cabeça, hoje estou sabendo de um monte de coisa que acontece com as minhas filhas e não posso fazer nada”, declarou Sônia.
Na época, as três filhas de Sônia foram morar com o pai, em Araraquara, mas após uma denúncia de maus-tratos elas foram encaminhadas para um abrigo na cidade. Dois anos depois, quando ainda estava presa, a mãe soube que as filhas tinham sido adotadas. “O juiz mandou duas para a Itália, a mais velha e a mais nova. A do meio ficou no abrigo. Foi aí que começou o sofrimento, porque o juiz falou que não tinha mais como eu fazer nada”, contou.
BUSCAS
Após cumprir a pena, Sônia iniciou uma busca pelas meninas, que foram vistas por uma tia em Araraquara, no final de 2011. “Minha irmã viu a mais nova e a mais velha sentadas em frente a um hotel e elas foram conversar dentro de uma igreja. As meninas contaram que a irmã do meio tinha ficado no Brasil, mas o casal italiano que adotou as duas chegou e tiveram que acabar a conversa”.
A mãe conseguiu a guarda provisória da filha do meio, que chegou a conhecer o casal que adotou as irmãs, mas se recusou a ir junto.
SUPOSTO ABUSO SEXUAL
As três irmãs mantinham contato pela internet e foi assim que Sônia passou a conversar com frequência com a filha mais velha, que fez um desabafo para a mãe. “Em agosto do ano passado, eu descobri que ela estava sofrendo abuso sexual do próprio pai que a adotou. Falei para denunciar, mas ela tinha medo porque o pai dizia que ela ia parar em um orfanato italiano. Até que uma professora, com quem minha filha conversou, chamou a polícia”, relatou Sônia.
Por meio de uma rede social, a adolescente de 17 anos contou que estava vivendo com a irmã e os pais adotivos na cidade de Nápoles e, após a denúncia, foi levada para um abrigo na cidade de Noli. As garotas esperam uma decisão da Justiça italiana. Não há informações sobre o casal italiano.
ACOMPANHAMENTO DO CASO
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, responsável pela Autoridade Central Administrativa Federal (ACAF), que faz a intermediação e acompanhamento de adoções internacionais, o caso é acompanhado desde que a denúncia foi feita, em uma data não informada.
Ainda segundo a assessoria, por iniciativa da ACAF, juntamente com autoridades italianas, o processo penal foi aberto e as adolescentes acolhidas. Contudo, o órgão solicitou e ainda aguarda informações sobre a localização das menores no país e sobre as investigações do suposto caso de abuso.
Sobre o retorno delas ao Brasil, a assessoria explicou que isso depende da Justiça italiana, que passou a ser responsável pela situação das adolescentes. "Caso a mãe tenha interesse em estabelecer os vínculos, teríamos que indicar isso para as autoridades italianas que tomariam as providências para analisar o caso e determinar o retorno, se assim entenderem ser o melhor para as adolescentes", informou um trecho da nota.
A mãe das adolescentes disse que vai procurar um advogado para conseguir dar andamento ao caso e recuperar as filhas.
GUARDA
Segundo advogado Peterson Santilli, da Comissão de Infância da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a mãe biológica enfrenta duas situações muito difíceis de serem revertidas: a perda da guarda das filhas e o fato delas terem sido levadas para outro país. Quando as crianças são adotadas, os pais biológicos perdem o direito sobre os filhos e, como o suposto crime de abuso sexual foi cometido na Itália, o caso passa a ser de responsabilidade da Justiça italiana.
“A mãe perdeu o poder familiar. Dessa forma, ela poderia pleitear a adoção dessas adolescentes, mas para isso ela tem que se cadastrar no Fórum e passar por todo um requisito para pleitear essa adoção. Complica-se porque o processo deve ocorrer na Itália e não no Brasil”, afirmou Santilli.
Adolescente disse para a mãe que sofria abuso sexual do pai adotivo (Foto: Cesar Fontenele/EPTV)
Mãe guarda recordações das filhas que foram adotadas por casal italiano (Foto: Cesar Fontenele/EPTV)
http://g1.globo.com/sp/
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