14/10/2013 às 10h14 (Atualizado em 14/10/2013 às 10h23)
Ele disse que a Vara da Infância e da Juventude deu respostas "ríspidas e indelicadas"
Everton Santos e a noiva fazem uma campanha no Facebook para adotar o bebê que acharam abandonado em um matagal do Gama
Reprodução / Facebook
Ele disse que levou a ideia ao conhecimento dos médicos do HRG (Hospital Regional do Gama), onde a menina está internada, e da VIJ-DF (Vara da Infância e da Juventude) no dia seguinte, mas obteve respostas "ríspidas e indelicadas".
— Os médicos não nos deixam ver a Clarinha, nome que eu e minha noiva demos carinhosamente. Eles dizem que não podemos criar vínculos afetivos. Já o pessoal da VIJ foi bastante grosso e disse que é melhor desistirmos, porque não temos chance alguma de adotá-la.
Everton contou com a ajuda da irmã, Arlete Santos, para localizar o bebê. A criança estava entre a vegetação de mato alto na quadra 21 do Setor Leste da cidade, ainda com o cordão umbilical e com o rosto próximo a uma poça de água.
Apresentava, também, sinais de hipotermia, ou seja, baixa temperatura corporal. As mãos e os pés da menina estavam roxos. Para amenizar o problema, Everton cobriu a menina como pode e registrou boletim de ocorrência antes de levá-la ao hospital.
Emocionado, o homem relatou que só conseguiu encontrar Clarinha porque ouviu um choro e decidiu sair de casa para ver se encontrava algo. Ele caminhou por toda a quadra, junto com a irmã, mas não viu nem ouviu nada. Pouco depois, no momento em que voltava, escutou um gemido baixo vindo do mato e foi ver o que era.
— Encontrei ela lá e imediatamente amei essa criança. O céu, pouco antes, estava totalmente nublado, chuvoso. Depois, era possível até ver as estrelas. Encontrei a Clarinha no dia em que meu filho completou três anos de vida.
A médica que atendeu a criança disse que ela passa bem e está em situação estável, mas informou que se Everton tivesse demorado mais alguns minutos ela poderia ter morrido.
Preocupado com o futuro do bebê, Everton e a noiva começaram a campanha na internet e fizeram até uma petição pública. Um advogado que tem escritório em Águas Claras (DF) se solidarizou com a história e decidiu ajudar a família.
— Apesar de dizerem que não temos chance por conta da legislação e o próprio advogado ter nos dito que vamos comprar uma briga com a própria Constituição Federal, temos esperanças. Em toda lei há uma brecha, uma lacuna ou uma vírgula. Por isso eu vou até onde conseguir para ter a guarda da criança. Não vou desistir.
Procurada para comentar o assunto, a Vara da Infância e da Juventude esclareceu que, de fato, Everton não terá chances de adotar a criança em função dos procedimentos legais necessários.
Antes que ele possa se candidatar a ser pai adotivo, deverá passar por um curso preparatório e mover uma ação judicial. A VIJ explicou que 90% das famílias que estão na fila de espera de adoção têm como perfil crianças recém-nascidas e de cor branca, justamente as características físicas de Clarinha.
O fato de ele ter encontrado o bebê, segundo a VIJ, não o coloca em preferência diante dos demais candidatos. Além disso, a Vara também informou que assim que receber alta o bebê será levado para um centro de acolhimento até que a família biológica seja encontrada. Neste caso, se os pais, avós ou tios quiserem ficar com a guarda terão preferência.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que o bebê está na unidade de cuidados intermediários do Hospital Regional do Gama e encontra-se em estado estável.
http://noticias.r7.com/distrito-federal/homem-que-achou-bebe-em-matagal-faz-campanha-para-adotar-a-crianca-14102013
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