domingo, 2 de fevereiro de 2014

'ERA COMO SE EU NÃO EXISTISSE' DIZ JOVEM FORA DO CADASTRO DE ADOÇÃO NATÁLIA CANCIAN


ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA
02/02/2014

"Tia juíza, esses dias eu fiz um desenho e um pedido para a tia Adri, que mandou a minha carta para um juiz bem legal parecido comigo. Eu fico preocupado porque eu nunca vi um juiz. E daí eu acho que se esqueceram de mim aqui no lar. Eu moro aqui desde pequeno mas ainda não fui adotado."
O trecho acima faz parte de uma carta escrita em 2002 pelo menino Cristiano Guedes, com nove anos à época, e anexada em um processo da comarca de Erechim (RS).
Seis anos depois, a Justiça concedeu uma indenização a Cristiano por ele ter passado oito anos em um abrigo e fora do cadastro de adoção. Outro jovem abrigado foi indenizado pelo mesmo motivo.
"Só lembraram que a criança estava lá quando ela escreveu à juíza", diz a defensora pública Christine Balbinot, que acompanhou o caso.
Segundo ela, o garoto entrou no abrigo ainda bebê, em 1993, e teve o poder familiar destituído meses depois (um dos requisitos para que a haja a adoção). Em seguida, o processo parou. A suspeita é que tenha sido esquecido.
"Era como se eu não existisse", diz Cristiano, hoje aos 21 anos, cabo do Exército. Ele chegou a entrar no cadastro de adoção, mas não teve sucesso. Deixou o abrigo para viver sozinho.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/02/1406388-era-como-se-eu-nao-existisse-diz-jovem-fora-do-cadastro-de-adocao.shtml

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