Domingo, 09 de fevereiro de 2014
Denise Pereira
Em torno de 60 pessoas estão cadastradas na lista de espera de adoção em Petrópolis. Do outro lado estão 55 crianças e adolescentes em instituições de acolhimento, entretanto, nem todos estão disponíveis para adoção, segundo dados da Vara da Infância, do Adolescente e do Idoso da Comarca de Petrópolis, que tem à frente o juiz Alexandre Teixeira. A maioria tem acima de sete anos de idade, grupo de irmãos e da raça negra, perfil bem diferente do solicitado por boa parte das pessoas que estão na fila de espera e que buscam crianças recém-nascidas ou de até 2 anos de idade, cor branca e sem nenhum tipo de doença.
Por causa das exigências, o período de espera na fila de adoção pode levar, em média, quatro anos. Já quem opta por crianças maiores de 2 anos ou adolescentes geralmente não ficam nem um ano aguardando para finalizar o processo de adoção.
Para tentar desmistificar a ideia de muitos futuros pais adotivos de quererem apenas crianças com até dois anos e brancas, a Vara da Infância, da Juventude e do Idoso tem promovido a Jornada da Adoção. Nela, todas as pessoas habilitadas a adotar participam de um encontro na instituição para entender melhor o processo e são estimulados a conhecerem às instituições que acolhem crianças e adolescentes.
De acordo com o judiciário, a Jornada da Adoção ajudou que muitos passassem a ter uma família, principalmente quando os futuros pais buscavam uma instituição e conheciam àqueles que aguardavam ser adotados.
- A maior parte de quem está na lista de espera já vem com a ideia de que vai dar mais problema se adotar uma criança maior ou um adolescente. E depois que participam, saem de lá entendendo melhor e querendo a adoção tardia. A questão é que viemos de uma cultura anterior que escondia que o filho era adotado, e hoje nós estimulamos a contar a verdade – explica o juizado.
As visitas às instituições são consideradas um ponto extremamente importante no processo de adoção.
- Incentivamos o contato inicial sem ser direcionado a nenhuma criança, e então a pessoa vê uma criança de 4, 5, 7 anos ou mais e cria aquela empatia na hora. Depois começa a fazer uma visita direcionada, depois um passeio e depois um fim de semana, e aí pode apresentar um pedido direcionado para determinada criança – afirma a Vara da Infância e Juventude.
A adoção de crianças e adolescentes de raça diferente de a da família que está na fila de espera também tem sido analisada durante as reuniões. Segundo os profissionais da Vara da Infância, geralmente uma resposta negativa vem acompanha com a fala de que são os outros que vão ver que a criança é adotada, mas que na verdade é uma questão da própria pessoa, e não dos outros.
Uma novidade é sobre o processo de adoção de crianças e adolescentes com deficiência ou doença crônica. Foi publicada no Diário Oficial da União do dia 6 de fevereiro de 2014 a Lei nº 12.955, que estabelece prioridade de tramitação aos processos de adoção nesses casos. De acordo com o texto, a legislação já está em vigor uma vez, pois passou a valer a partir da publicação.
Para iniciar o processo de adoção basta comparecer ao cartório da Vara da Infância, da Adolescente e do Idoso, que fica na Avenida Barão do Rio Branco, 2.001, 2º andar, no Centro, preencher o requerimento de habilitação e apresentar os documentos pessoais, certidão civil e criminal, declaração de que goza de boa saúde. Em seguida é realizada a abordagem do serviço social e da psicologia. Todas as pessoas interessadas em adotar passam por essas abordagens para saber quais os motivos da adoção, as condições da família (não tem nada haver com ser rico, mas ter um emprego e uma residência, que não precisa ser própria). A partir daí, o setor técnico dá um parecer desfavorável ou favorável. Neste último caso, o nome da pessoa vai para a fila de adoção.
http://diariodepetropolis.com.br/integra.aspx?e=16747&c=00008
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