08.04.2014
Sou mãe, meu filho não foi gerado no meu ventre e sim nos meus sonhos e desejos mais belos… Sou Mãe por adoção.
Ao contrario da grande maioria, não optamos pela adoção por não podermos ter filhos biológicos e sim porque, para nós (eu e meu marido), esta era uma via normal para constituir uma família. Simples assim! Talvez por não termos o sentimento da “perda” dos sonhos da maternidade biológica, nunca pensamos em uma adoção idealizada, ou seja, nunca pensamos em ver no rosto dos nossos filhos por adoção, o sorriso do pai, o olhar da mãe, o cabelo do avô,… Queríamos filhos, com as suas manias, personalidade, medos e anseios… Filhos que pudéssemos transmitir nossos valores, dar nosso amor e que pudemos torcer e comemorar as suas vitórias. Então, pouco nos importamos com a etnia e sexo que ele ou ela teria…
Nosso filho chegou com 7 anos e 10 meses… Pardo, 2 anos de abrigamento, com um histórico de passado nada agradável de ler. Mesmo em sua tenra idade, já estava frustrado com as pessoas, tanto que ele mantinha quase todos afastado dele para que não tivesse que lidar com mais perdas. Como foi triste saber pela equipe que não havia pretendentes, porque ele não tinha mais o perfil desejado, já que era velho, pardo e menino…
Não vou falar que foi fácil o inicio, pois estaria mentindo. Tivemos muito estresse, muitos testes, regressão, brigas, agressão, frustrações, mas sei que este sentimento foi mutuo, tanto para nós, quanto para ele, pois (por mais que sabemos que será difícil o começo), no fundo esperamos que tudo seja tranquilo, que a criança não dê trabalho algum e ele, em contra partida, sonhava com pais que nada exigia, que a vida fosse um eterno passeio e férias… Pura ilusão!
Para nós, acordar como um casal e ir dormir para pais de um menino de quase 8 anos, com a sua personalidade e desejos, foi um choque tremendo. Para ele, sair da sua realidade, do seu porto seguro, seguir dois completos desconhecidos, mudando de cidade, cultura, escola e ganhar uma família que dava o que desejava, mas que também cobrava, que tinha novas normas e regras, foi um misto de medo e insegurança enorme. Aparar as arrestas, abrir mão do fictício, para mergulhar na realidade, não foi fácil de ambos os lados…
O que quero dizer, e que quase ninguém fala, é que não será fácil! Que é normal ter dias que você não saberá para que lado ir, que você se sentirá completamente frustrada, achando que é uma completa inútil, pois não sabe lidar com o medo e insegurança de uma criança… Que terá dias que você terá que respirar fundo para tomar coragem de sair da cama e encarar mais um dia de adaptação… Mas se você perguntar se me arrependo um minuto que seja desta decisão, foi dizer de forma mais sincera do mundo, NÃO!
Meu filho se tornou o centro da minha vida, mesmo quando apronta, tudo gira em torno dele, em como torna-lo um bom cidadão, um bom homem, um bom profissional, um bom companheiro. Minha meta hoje… é fazer do meu filho, uma pessoa de bem.
Ellen Tomazeti
http://enquantovocesnaovem.wordpress.com/
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