FILHO ADOTIVO: QUANDO CONTAR A VERDADE
09/10/2013
Este assunto, apesar de simples, é um tanto quanto polêmico e, embora
hoje em dia, poucos questionem se devem ou não contar a verdade aos
filhos, constato que muitos aspectos devem ser considerados antes desse
momento.
Quando falamos em adoção, imediatamente pensamos em uma
criança recém-nascida, vivendo em uma família composta por pai e mãe e
talvez até irmãos.
Antes de falar em adoção especificamente,
considero importante mencionar as novas configurações de família que
hoje fazem parte de nossa sociedade. Existem filhos de pai solteiros e
filhos de casais homossexuais, filhos criados por avós, além daquelas
famílias tradicionais que estamos acostumados a ver em propagandas de
margarina, por exemplo.
O processo de adoção é demorado e delicado, e
requer que os pais participem de cursos preparatórios para adotar uma
criança, além de estarem cientes do motivo que os dispõe a isso.
Antes de mais nada, cada pessoa, deve ter bem claro para si mesma, as
razões pelas quais deseja realizar a adoção. E são muitos os motivos que
podem levar uma pessoa a querer adotar uma criança, pois sempre podem
estar relacionados ao desejo de constituir uma família, seja ela formada
por casais de sexos opostos ou não e também de pessoas que vivem
sozinhas. O desejo de formar uma família sempre encabeça a lista dessas
causas. Entretanto, as questões individuais de cada envolvido permeiam a
adoção, e é ai que vemos a culpa, o desejo de fazer o bem, o medo de
não ter alguém para servir de amparo na velhice, entre outros tantos
motivos, agregarem essa lista. Por isso, é fundamental que as pessoas
entrem em contato com suas questões para que tenham muito claros os
diversos aspectos, bem como, suas limitações relacionadas à adoção.
Adotar uma criança não é um processo tão simples quanto se possa
acreditar, e demora um tempo indefinido que não depende dos envolvidos
nesse desejo, mas sim de um processo lento, que quando é iniciado, o
casal já sabe de antemão que não terá prazo estipulado para ser
concluído. Além do mais, os envolvidos devem estar cientes de que a
qualquer momento pode aparecer uma criança, que talvez corresponda ou
não às suas expectativas, mas que mudará toda a sua rotina de vida e
inevitavelmente os remeterá a questões conscientes ou não, mas que serão
determinantes na relação com ela.
A partir desse momento, se ao
menos algumas questões relacionadas à adoção estiverem esclarecidas
internamente, poderá tornar-se mais fácil lidar com tudo, pois a clareza
e a segurança em relação aos aspectos envolvidos farão uma diferença
bastante significativa.
Quando contar a verdade para a criança?
Antes de mais nada, essa verdade precisa estar muito clara e segura para
os pais, sem que se esqueçam de que o filho adotivo tem uma história de
vida pregressa, conhecida ou não por ela, mas que em algum momento de
sua vida, virá à tona. Além do mais, isso varia de criança para criança,
e depende também da idade em que foi adotada, da situação em que se
encontrava e do contexto em que atualmente se encontra.
Acredito que
a verdade deve ser sempre dita. Contudo, as dificuldades individuais
existem, e a elas que os profissionais devem estar atentos.
O
acompanhamento psicológico, mesmo que seja por poucas sessões, pode ser
fundamental para o esclarecimento de várias questões, bem como para a
colaboração da configuração da nova família que se forma ou se formará.
Cynthia Boscovich Psicóloga clínica, psicanalista. Membro regular da
Sociedade Brasileira de Psicanálise Winnicottiana. Atende adolescentes e
adultos em seu consultório. Desenvolve também um trabalho específico
com gestantes, mães e bebês, na área de prevenção e tratamento. www.cuidadomaterno.com.br
. Email: cynthia@cuidadomaterno.com.br
Fonte: Autora: Cynthia Boscovich. Filho Adotivo: quando contar a
verdade. publicado no site Portal Adoção. Disponível no link: <http://www.portaladocao.com.br/artigos/filho-adotivo-quando-contar-a-verdade
>. Acesso: 09/102013.
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